Há Poesia Robson Luiz Ceron
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Registro de meus escritos.
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Noites de Dialética (Livro 1) #001
Noites de dialética
Flui em espiral a Vereda veraz, avessa aos labirintos imóveis, que propõem a eterna condição da subtração da vida;
Veloz ou lentamente, em toda chegada e em toda partida;
E em seu caminho que se expande nas distâncias das estrelas, eu reflito
nessa noite, em que se confunde o vazio com a vontade de construir
um meio, a condição de navegar neste canto de universo;
Canto que por certo é centro, como todos os cantos que transcendem
ao comum senso das alturas, das larguras e dos momentos;
Reflito, sem esquivar ao dorido peso de perecer e sem olvidar que de mim é dado o que de todos é: essa capacidade imensa do cosmos mentado em nós, não distante ou separada da natureza das coisas;
Essa razão imbricada, que é a própria Vereda em seu passo vertente,
Tomou-me em pontos do movimento, em uma clara centelha
crescente, plena em interruptos e contínuos, mãe e despiciente;
Brotou de sistêmica forma, virginal e impura, da terra, a mais dura, do vento, o mais suave, prenhe de vias e de entraves;
E brotou sem mistérios, mas com toda natureza grave, em todo verbo fremente, em todo gesto da mente, compaixão e aleive, em todo riso em cada face;
Surgiu-me aos poucos, em desafio de não restar em solo frio, de não corar o firmamento, de tê-la e perde-la em instante, de estar dentro, ao mesmo tempo distante, selo e partimento;
Ausente sarça ou espanto, revelou-se também como encanto entrelaçado no existente;
E como tal, na noite que avança, a razão que sempre me lança,
e não resolve todos os vazios, me atira agora em novos desafios,
de já não ser o que eu era antes, de ser novo a cada instante;
De ser uma possibilidade de toda nossa rara aptidão; de viver sempre a condição de navegante de movediças lidas, onde se somam sentido
e intenção, saber e intuição;
Lança-me também ao denso ventre dos enigmas, onde a antiga razão rasteja, os desenlaces se escondem e futuras saídas germinam;
Onde rupturas se desejam em diferentes igualdades, como contrário às tragédias, limites das adversidades;
Eu, ainda admirado e já de acordo, sigo com versos entre brisas, intencionando a ousadia.
E a Vereda... não estando mais onde havia, crescente, renova,
surge em raios de um novo dia. -
Teu Nome (Livro 1) #002
Teu nome
Preciso confessar, sinto tua falta:
a distância da voz aveludada,
a ausência dos teus lábios de carmim.
Cala tantas palavras, tua lembrança.
Deixaste tempo pleno de esperança,
“imensas extensões de tua ternura”
e em meus olhos, teu “brilho de farol”.
Nossas noites, estrelas de alturas.
Preciso confessar tantas saudades.
Conheci teus enganos e tuas teimas.
Mas, conheci também a tua bondade:
Teu braço estendido aos caídos.
Amores chegaram, novos virão.
Cá eu penso, eu digo, eu repito:
Não passastes em vão, mesmo passaste.
Tua palavra, ouço, ainda ouvirão.
É nosso fruto amor, bardos de fogo,
Talhado em vontades de meninos,
Rememorado em cada novo sol,
E no teu sempre nome, Soviética!