Fanon Blues Anelito de Oliveira

Primeiro episódio do Podcast Fanon Blues do ano de 2021 aborda Cruz e Souza (1861/1898), o maior poeta negro da língua portuguesa, cujos 160 anos de nascimento completar-se-ão em novembro próximo. O episódio tece considerações sobre a obra e a vida de CS, apresenta leitura do soneto "Clamando..." e convida ao conhecimento da obra ainda pouco estudada do catarinense, que foi publicada antes de 1893 em livros e jornais em Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, ou no início de sua vivência no Rio de Janeiro na década de 1890. O pensamento de filósofos alemães e franceses é mobilizado para provocar uma compreensão outra sobre CS, para além das simplificações praticadas pela história literária.

O sétimo episódio do podcast Fanon Blues aborda Jorge dos Anjos, escultor, pintor, desenhista e gravador mineiro, um dos mais importantes artistas afrobrasileiros em atividade, nascido em Ouro Preto em 1957 e radicado há muitos anos em Belo Horizonte. O episódio é baseado em depoimento do artista ao livro "Jorge dos Anjos" (2002), volume publicado pela C/Arte em sua série Circuito Atelier, e entrevista ao Suplemento Literário de MG (1999). O conceito de narrativa "performativa" da nação, formulado por Homi Bhabha, é convocado para caracterizar o gesto do grande artista.

O sexto episódio do podcast Fanon Blues aborda o Geógrafo afrobrasileiro Milton Santos, responsável por uma das obras mais potentes da contemporaneidade, fundamental para a compreensão de questões dilaceradoras, como a globalização em países subdesenvolvidos. O episódio começa com leitura de trecho do ensaio "Ser Negro no Brasil hoje", passa por comentários sobre a biografia do Geógrafo, avança com a leitura de trecho do ensaio "Os deficientes cívicos", detém-se em comentário sobre a Obra de Santos e se fecha com leitura e comentário do ensaio "Elogio da lentidão", um dos trabalhos exemplares do grande intelectual nascido em Brotas de Macaúbas, interior da Bahia, em 1926 e morto em São Paulo em 2001.

O quinto episódio do podcast Fanon Blues aborda a produção ficcional de Marilene Felinto, escritora, jornalista e tradutora pernambucana nascida em 1957 e radicada em São Paulo desde 1970, dona de um estilo desmascarador, contra-ideológico, que perturba a cultura letrada brasileira e só se explica a contento à luz de questões de gênero, classe e raça. O episódio começa com a leitura de trecho do romance "As mulheres de Tijucopapo", romance de estreia de estreia da autora, e passa por apresentação de comentários sobre a obra de Felinto, avançando com leituras de trechos de seus livros e reflexões sobre seu lugar na dinâmica literária contemporânea.

O quarto episódio do podcast Fanon Blues aborda Beatriz Nascimento, uma das maiores e mais autênticas intelectuais contemporâneas, responsável pela interlocução mais audaciosa com a episteme racista que domina a historiografia - e a sociedade, por conseguinte - em países como o Brasil, perceptível especialmente na esfera acadêmica. Mulher negra, nascida em Aracaju, estado nordestino de Sergipe, em 12 de julho de 1942, Beatriz, historiadora e ativista do Movimento Social Negro, foi brutalmente assassinada em 28 de janeiro de 1995 na cidade do Rio de Janeiro.

O terceiro episódio do podcast Fanon Blues aborda Djavan, cantor, compositor, violonista e produtor musical afrobrasileiro, cuja obra se caracteriza pela ousadia de transgredir preceitos capitalistas restritivos da indústria cultural em nome da inscrição de uma afrossubjetividade. O episódio começa com a leitura da letra da canção "Esquinas" de Djavan, prossegue com comentários sobre características gerais do artista e da obra, informação sobre aspectos biográficos, estéticos e pensantes relativos a Djavan e sua obra, comentário sobre a canção "Álibe", leitura e problematização da canção "Faltando um pedaço" e, finalizando, considerações sobre a afrossubjetividade da obra de Djavan como resistência à anulação da identidade coletiva, negra, imposta pela indústria cultural. Errata: onde se diz que o envolvimento com a música desviou Djavan da carreira musical, entenda-se desviou Djavan de uma carreira possível no futebol.