Prelúdios Leon Idris

Veja o vídeo desta leitura no canal Prelúdios: https://youtu.be/ynPCackkwGY
De olhos fechados, ouçam comigo as imagens que o Victor nos trouxe, como a imagem da enchente, do polvo e da vida que se reanima por debaixo do luto, primeiro com o plâncton que não tem movimentos para contrariar a força da corrente, mas depois com os golfinhos e as baleias que cospem água para o alto. Na quarentena, estamos todos avulsos. O que é o amor dos avulsos? E que lugar descobrimos dentro do perdão? Isso tudo pode ser melhor explorado agora que estamos vivendo um período de inimaginável recolhimento, de medo e incerteza. Lá em 2017, o Victor, em uma de suas últimas entrevistas, dada à inextinguível Roberta Carmona, contou sobre o processo de escrita e sobre o que aprendeu em suas buscas. Ele destaca em especial a ideia de redenção pela ternura. Quero deixar essa memória bem viva agora que o caminho parece se estreitar. Façamos de nós o caminho mais largo, e do espaço lá fora uma promessa de redenção.
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Nem idílio nem tempestade, encontrei a "enchente", palavra da página 93. O luto aqui não vê as águas baixarem. O enlutado há de se reanimar apenas ao encarar a estranha fertilidade do sofrimento, que, no longo tempo devido, pode alterar a forma do perpetuar, construir o lugar do perdão e reinventar o amor.
#victorheringer #oamordoshomensavulsos #companhiadasletras
♫ Trilha sonora:
ᗮ Moments Alone – SineRider (2015)
ᗮ Juízo Final – Nelson Cavaquinho (1973)
ᗮ Einhvers Staðar – Alaskan Tapes (2016)
ᗮ Fidra – Last Days (2013)
ᗮ Broken – N I M Z (2019)

Veja o vídeo desta narrativa no canal Prelúdios: https://youtu.be/DZpPvssstFA

Em "Diálogo da natureza e um islandês", de 1824, o italiano Giacomo Leopardi faz a Natureza ouvir as angústias da existência humana, e ainda responder a elas. Esse encontro inesperado acontece no continente africano, o berço de nossa espécie. A voz da natureza toma o corpo imenso de uma mulher, que admite não poder se responsabilizar por nosso destino. Ela ouve atentamente às dores do homem, que se exaspera e a culpabiliza por tornar a vida um fardo intolerável. Que resposta final Ela é capaz de dar a essa revolta? /|\

Cinquenta e sete anos depois, Machado de Assis refaz os passos do islandês de Leopardi, mas, dessa vez, o encontro ocorre no inconsciente delirante de Brás Cubas, que, sonhando, vê seu corpo primeiro transformado em um livro, antes de voltar à forma humana e encontrar um hipopótamo que o guie em direção ao gélido início dos séculos. Lá, nesse passado fértil, está novamente a figura feminina, que agora se intitula por dois nomes, Natureza ou Pandora. Diferentemente do diálogo do islandês de Leopardi, Machado situa seu confronto no espaço íntimo e fingidamente seguro que é o confinamento da mente humana. Ali, o ser pode se perceber espelhado em suas angústias. A Natureza que se vê, então, não é mais algo exterior, que responda pelo lado de fora – para lá do nosso corpo. Aqui, a Natureza é o corpo. /|\

VOZES:

Natureza (em G. Leopardi) – Tânia Maria Ramos Fernandes; Pandora (em Machado de Assis) – Anna Sofia Pace /|\

TEXTOS: "Diálogo da Natureza e um Islandês", em Opúsculos Morais, de Giacomo Leopardi (Tradução de Vilma De Katinszky Barreto de Souza) e "O Delírio", capítulo VII de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. /|\

♫ TRILHA SONORA:

ᗮ Feel – Blackbird

ᗮ Echobahn – Rustica

ᗮ Secrets – Rustica

ᗮ Ghosts – Rustica

ᗮ Detach – Rustica

ᗮ Ranui (Goodbye Waru), Waru OST – Lauren King Composer

ᗮ Titty and Bash (Grounded), Waru OST – Lauren King Composer

ᗮ Brothers – Clemens Ruh (Animated Short Original Score)

ᗮ Luminescent – swooƒ

ᗮ 141112, Février 2014 – mindthings

ᗮ Helios - Sonora Lac – Keith Kenniff

ᗮ My Life – Delectatio

ᗮ Negative Space – The Bird's Companion

ᗮ Dionysus – Jocelyn Pook

ᗮ The Dead Seas, Home OST – Armand Amar

ᗮ The Blue Planet – Hans Zimmer

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Para mais informações sobre o meu trabalho, acesse: leonidris.com

#Literatura #GiacomoLeopardi #MachadodeAssis #MemóriasPóstumasdeBrásCubas

Bem-vindos a um experimento, o Prelúdios Podcast. Ouça aqui a uma conversa que normalmente teríamos guardado para nós mesmos, sem gravar, mas que decidimos compartilhar com quem possa se interessar. Na prosa de hoje, gravada logo após sairmos do cinema, eu e Anna Sofia Pace nos arriscamos a falar de algo muito difícil. Bacurau, o filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, que dirigem e assinam o roteiro juntos. O Kleber foi diretor e roteirista de outros dois filmes nacionais muito bem recebidos no mundo todo, o Som ao redor, de 2012, e Aquarius, de 2016. Bacurau teve sua estreia em 29 de agosto de 2019 e já ganhou 5 prêmios de grande relevância.

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