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OS EXPERIMENTOS COMO PROVA CIENTÍFICA
"Se me derem uma alavanca, moverei o mundo!",
exclamou Arquimedes no século III AEC.
Evidentemente, ao pronunciar essa frase, o grande sábio grego não queria definir um programa experimental, o que seria uma tolice, mas fazer com que o mundo helenístico tomasse consciência dos consideráveis progressos realizados pela ciência da época.
Algum tempo depois, no formidável armazém intelectual que era a Alexandria, outro homem, o matemático Eratóstenes, seguindo as ideias de Aristóteles e Euclides, tentaria não mover o mundo, mas medi-lo, servindo-se de um instrumento extremamente rudimentar: um simples estilete.
Com esse movimento intelectual, abria-se um caminho fundamental para a ciência, o da experimentação.
O grande filósofo das ciências Karl Popper percebeu com clareza:
“o caráter científico de uma teoria não se deve ao fato de que ela seja verificada ou verificável, mas ao fato de que, antemão, ela se exponha a ser refutada pela experiência.”
É aí que se situa a linha de demarcação entre uma teoria científica e uma teoria que não o é.
Toda teoria deve expor-se à sua própria refutação e, em última análise, só a experiência pode traçar essa linha, mesmo que aproximativamente.
Daí a grande importância do experimento na história da pesquisa científica.
Mas isso não resolve o problema central da experiência científica.
O que chamamos de “prova científica” nunca pode confirmar totalmente a verdade de uma teoria; a prova apenas confirma que essa teoria é “mais verdadeira que outra”.
Assim, não se pode atingir a “verdade objetiva” submetendo as teorias à prova da experimentação.
No máximo, é possível confirmar certas predições fundadas sobre uma teoria.
Vejamos o exemplo dos astrônomos da Babilônia, que registraram os movimentos da Lua e do Sol desde 747AEC.
A ciência deles era certamente uma “ciência exata” e produzia resultados; mas isso não prova a verdade da sua teoria, que fazia dos planetas personagens divinos, cujos movimentos influenciavam diretamente a saúde das pessoas e o destino do Estado.
“Em suma, um experimento científico nunca decide um debate epistemológico.”
Mas o papel da experiência científica é “capital”, pois ela é fundadora de novos saberes - o eletromagnetismo, a astrofísica, a química orgânica ou a radioastronomia nasceram de experiências e certamente não teriam vindo à luz sem elas.
Às vezes, o experimento científico até derruba as concepções mais universalmente aceitas –
como quando Evangelista Torricelli demonstrou a existência do vácuo e provou que a natureza não tem nenhum horror a ele, ao contrário do que afirmava a ciência medieval;
quando Ernest Rutherford descobriu o núcleo atômico e nos informou, para nosso grande espanto, que a matéria é composta essencialmente de “nada”;
ou quando Stanley Eddington constatou que os corpos massivos curvam o espaço-tempo na sua vizinhança, segundo a predição de Albert Einstein.
FONTE DO TEXTO
Rival, M. (1997.) Os Grandes Experimentos Científicos: Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor
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OS EXPERIMENTOS COMO PROVA CIENTÍFICA
"Se me derem uma alavanca, moverei o mundo!",
exclamou Arquimedes no século III AEC.
Evidentemente, ao pronunciar essa frase, o grande sábio grego não queria definir um programa experimental, o que seria uma tolice, mas fazer com que o mundo helenístico tomasse consciência dos consideráveis progressos realizados pela ciência da época.
Algum tempo depois, no formidável armazém intelectual que era a Alexandria, outro homem, o matemático Eratóstenes, seguindo as ideias de Aristóteles e Euclides, tentaria não mover o mundo, mas medi-lo, servindo-se de um instrumento extremamente rudimentar: um simples estilete.
Com esse movimento intelectual, abria-se um caminho fundamental para a ciência, o da experimentação.
O grande filósofo das ciências Karl Popper percebeu com clareza:
“o caráter científico de uma teoria não se deve ao fato de que ela seja verificada ou verificável, mas ao fato de que, antemão, ela se exponha a ser refutada pela experiência.”
É aí que se situa a linha de demarcação entre uma teoria científica e uma teoria que não o é.
Toda teoria deve expor-se à sua própria refutação e, em última análise, só a experiência pode traçar essa linha, mesmo que aproximativamente.
Daí a grande importância do experimento na história da pesquisa científica.
Mas isso não resolve o problema central da experiência científica.
O que chamamos de “prova científica” nunca pode confirmar totalmente a verdade de uma teoria; a prova apenas confirma que essa teoria é “mais verdadeira que outra”.
Assim, não se pode atingir a “verdade objetiva” submetendo as teorias à prova da experimentação.
No máximo, é possível confirmar certas predições fundadas sobre uma teoria.
Vejamos o exemplo dos astrônomos da Babilônia, que registraram os movimentos da Lua e do Sol desde 747AEC.
A ciência deles era certamente uma “ciência exata” e produzia resultados; mas isso não prova a verdade da sua teoria, que fazia dos planetas personagens divinos, cujos movimentos influenciavam diretamente a saúde das pessoas e o destino do Estado.
“Em suma, um experimento científico nunca decide um debate epistemológico.”
Mas o papel da experiência científica é “capital”, pois ela é fundadora de novos saberes - o eletromagnetismo, a astrofísica, a química orgânica ou a radioastronomia nasceram de experiências e certamente não teriam vindo à luz sem elas.
Às vezes, o experimento científico até derruba as concepções mais universalmente aceitas –
como quando Evangelista Torricelli demonstrou a existência do vácuo e provou que a natureza não tem nenhum horror a ele, ao contrário do que afirmava a ciência medieval;
quando Ernest Rutherford descobriu o núcleo atômico e nos informou, para nosso grande espanto, que a matéria é composta essencialmente de “nada”;
ou quando Stanley Eddington constatou que os corpos massivos curvam o espaço-tempo na sua vizinhança, segundo a predição de Albert Einstein.
FONTE DO TEXTO
Rival, M. (1997.) Os Grandes Experimentos Científicos: Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor
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