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Amor Giane Veruthini

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O Amor deu-me boas vindas, porém retraiu-se
minha alma, em pó e pecado eivada.
Mas o Amor, de olhar sagaz, observando-me
recuar àquela minha primeira entrada,
achegou-se de mim, suave, indagando
se algo me faltava.
“Um hóspede,” disse-lhe, “em mérito de entrar à vossa casa."
Falou o Amor, “Tu o serás.”
“Eu, o ingrato, o desamável? Ah, não sou digno
de a Vós erguer os olhos, meu amado.”
O Amor tomou minha mão e, sorrindo, retorquiu,
“Quem, senão eu, teria os olhos criado?
“Verdade, Senhor; mas eu os turvei; deixai minha desonra
tomar o rumo que lhe caiba.”
“Acaso não sabes”, diz o Amor, “quem toda humana culpa assumiu?”
"Meu querido, serei de vossa mesa, assim, o servo."
“Deves sentar-te,” diz-me o Amor, “e de minha carne provar.”
Então sentei-me, e de sua carne provei.

(Poema de George Herbert, tradução de Fernando Campanella)

O Amor deu-me boas vindas, porém retraiu-se
minha alma, em pó e pecado eivada.
Mas o Amor, de olhar sagaz, observando-me
recuar àquela minha primeira entrada,
achegou-se de mim, suave, indagando
se algo me faltava.
“Um hóspede,” disse-lhe, “em mérito de entrar à vossa casa."
Falou o Amor, “Tu o serás.”
“Eu, o ingrato, o desamável? Ah, não sou digno
de a Vós erguer os olhos, meu amado.”
O Amor tomou minha mão e, sorrindo, retorquiu,
“Quem, senão eu, teria os olhos criado?
“Verdade, Senhor; mas eu os turvei; deixai minha desonra
tomar o rumo que lhe caiba.”
“Acaso não sabes”, diz o Amor, “quem toda humana culpa assumiu?”
"Meu querido, serei de vossa mesa, assim, o servo."
“Deves sentar-te,” diz-me o Amor, “e de minha carne provar.”
Então sentei-me, e de sua carne provei.

(Poema de George Herbert, tradução de Fernando Campanella)

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