6 min

e04 - o amor em papéis amassados 20conto Cast

    • Narrativa umoristica

A história de hoje é sobre dizer o que sentimos para quem amamos.

Espero que goste!

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[texto na íntegra]

Ela tentou dizer de tantas formas, mas nunca foi boa com palavras.  Articulava o que podia em um pedaço de papel em constantes tentativas de dizer algo que soasse bonito, que parecesse uma prova de amor.

Nada lhe parecia agradável, ou marcante. Amassava papéis e rabiscava ora com raiva, ora com tristeza.

"Eu te amo tanto que parar de respirar seria mais fácil do que não te ter mais."

Não, que ridículo.

"Te amo um montão" foi o ápice do fracasso.

Juntava rimas que não se encaixavam e usava a cabeça dos outros para rimas que lhe pareciam agradáveis. Foi dormir debruçada sob uma escrivaninha bagunçada e suja, com manchas de café, que comprovavam todo aquele esforço disposto a fazer algo bonito.

Ela não percebeu que o amor estava no processo, dentro de cada papel amassado e frase que parecia ridícula.

Eu que vejo de longe e até que sou bom com as palavras, vou ajudar.

O meu amor transmite de forma infantil. Em frases curtas que não agradam a burguesia culta. Eu digo que amo que nem uma criança que vê seu primeiro amor: despreocupado e puro.

Eu te dedico dezenas de papéis amassados na minha escrivaninha.

Noite mal dormida e preocupada,

do que uma manhã tranquila e inspirada.

Eu apenas pensava no quanto te amava.

Que se um dia precisar,

me pergunte o quanto eu te amo

Que minha resposta virá em um milhão de clichês.

Em repetições ou plágios.

Em “te amos”,

Dentro de meus exageros de intensidade

Pois um verso bonito é fácil de dedicar,

é quase por ego e orgulho.

Por isso,

te dedico todos os versos mais banais do

mundo.

Vinícius de Moraes amou em versos perfeitos, e casou 9 vezes.

Eu não escrevi o Poema dos olhos da amada. Mas todos aqueles poemas jogados à lixeira do quarto, nesse soneto de felicidade,

São teus.

Infinitos enquanto duram.

A história de hoje é sobre dizer o que sentimos para quem amamos.

Espero que goste!

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[texto na íntegra]

Ela tentou dizer de tantas formas, mas nunca foi boa com palavras.  Articulava o que podia em um pedaço de papel em constantes tentativas de dizer algo que soasse bonito, que parecesse uma prova de amor.

Nada lhe parecia agradável, ou marcante. Amassava papéis e rabiscava ora com raiva, ora com tristeza.

"Eu te amo tanto que parar de respirar seria mais fácil do que não te ter mais."

Não, que ridículo.

"Te amo um montão" foi o ápice do fracasso.

Juntava rimas que não se encaixavam e usava a cabeça dos outros para rimas que lhe pareciam agradáveis. Foi dormir debruçada sob uma escrivaninha bagunçada e suja, com manchas de café, que comprovavam todo aquele esforço disposto a fazer algo bonito.

Ela não percebeu que o amor estava no processo, dentro de cada papel amassado e frase que parecia ridícula.

Eu que vejo de longe e até que sou bom com as palavras, vou ajudar.

O meu amor transmite de forma infantil. Em frases curtas que não agradam a burguesia culta. Eu digo que amo que nem uma criança que vê seu primeiro amor: despreocupado e puro.

Eu te dedico dezenas de papéis amassados na minha escrivaninha.

Noite mal dormida e preocupada,

do que uma manhã tranquila e inspirada.

Eu apenas pensava no quanto te amava.

Que se um dia precisar,

me pergunte o quanto eu te amo

Que minha resposta virá em um milhão de clichês.

Em repetições ou plágios.

Em “te amos”,

Dentro de meus exageros de intensidade

Pois um verso bonito é fácil de dedicar,

é quase por ego e orgulho.

Por isso,

te dedico todos os versos mais banais do

mundo.

Vinícius de Moraes amou em versos perfeitos, e casou 9 vezes.

Eu não escrevi o Poema dos olhos da amada. Mas todos aqueles poemas jogados à lixeira do quarto, nesse soneto de felicidade,

São teus.

Infinitos enquanto duram.

6 min