47 min

Roberto Drummond Sangue de Coca Cola CAFE LITERARIO DIGITAL Pen Clube 13 07 2020 CAFÉ LITERÁRIO do PEN CLUBE do BRASIL

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Em Sangue de Coca-Cola (1980), o mineiro Roberto Drummond (1933-2002) apresenta um romance altamente experimental, com flashes sobre fatos e personagens que povoaram o golpe militar de 1964. A obra utiliza a enumeração caótica, a ruptura temporal e espacial, a cultura pop, com referências aos ícones da indústria de massa, e enumera eventos de tortura e morte perpetrados pelo período de exceção da ditadura, com fechamento do congresso e utilização de atos institucionais. Os mais importantes foram o AI-1 e o AI-5. A obra fixa a noite de 31 de março para 1. de abril de 1964, na visão de um matador escondido num apartamento, que bebeu LSD misturado com Coca-Cola. Entre paródia do capitalismo e loucura, provocada pelo desregramento das leis e da ordem social, o autor emprega esses símbolos da globalização ao lado de imagens de animais. A borboleta verde, o urso, o ouriço, o cavalo que fala, nem sempre são muito compreensíveis. Mas, na visão psicodélica da obra, a ideia de uma comédia de erros e de um mundo sem sentido (como o de Macbeth), balbuciado por um louco, é a opção do escritor de Hilda Furacão (1991) e do premiado (Jabuti de 1975) A morte de D. J. em Paris. Nesse sentido, ele se contrapõe à literatura-depoimento, de denúncia e memorialista dos anos de chumbo, escritas por Fernando Gabeira, em O que é isso, companheiro?, Renato Tapajoz, em Em câmera lenta, Heloneida Studart, em O pardal é um pássaro azul, Os Carbonários, de Alfredo Syrkis, o importante A Festa, de Ivan Angelo, que também se passa entre o dia 31 de março e 1. de abril e Zero, de Ignacio de Loyola Brandão, que foca na burocracia, outra arma da ditadura contra a liberdade do cidadão. Participam do debate Luiza Lobo (coordenadora e criadora do projeto), Alcmeno Bastos (coordenador), Carmem Teresa Elias, Dea Mesquita, Heloísa Barbosa, Luís Filipe Ribeiro e Sonia Zyngier.

Em Sangue de Coca-Cola (1980), o mineiro Roberto Drummond (1933-2002) apresenta um romance altamente experimental, com flashes sobre fatos e personagens que povoaram o golpe militar de 1964. A obra utiliza a enumeração caótica, a ruptura temporal e espacial, a cultura pop, com referências aos ícones da indústria de massa, e enumera eventos de tortura e morte perpetrados pelo período de exceção da ditadura, com fechamento do congresso e utilização de atos institucionais. Os mais importantes foram o AI-1 e o AI-5. A obra fixa a noite de 31 de março para 1. de abril de 1964, na visão de um matador escondido num apartamento, que bebeu LSD misturado com Coca-Cola. Entre paródia do capitalismo e loucura, provocada pelo desregramento das leis e da ordem social, o autor emprega esses símbolos da globalização ao lado de imagens de animais. A borboleta verde, o urso, o ouriço, o cavalo que fala, nem sempre são muito compreensíveis. Mas, na visão psicodélica da obra, a ideia de uma comédia de erros e de um mundo sem sentido (como o de Macbeth), balbuciado por um louco, é a opção do escritor de Hilda Furacão (1991) e do premiado (Jabuti de 1975) A morte de D. J. em Paris. Nesse sentido, ele se contrapõe à literatura-depoimento, de denúncia e memorialista dos anos de chumbo, escritas por Fernando Gabeira, em O que é isso, companheiro?, Renato Tapajoz, em Em câmera lenta, Heloneida Studart, em O pardal é um pássaro azul, Os Carbonários, de Alfredo Syrkis, o importante A Festa, de Ivan Angelo, que também se passa entre o dia 31 de março e 1. de abril e Zero, de Ignacio de Loyola Brandão, que foca na burocracia, outra arma da ditadura contra a liberdade do cidadão. Participam do debate Luiza Lobo (coordenadora e criadora do projeto), Alcmeno Bastos (coordenador), Carmem Teresa Elias, Dea Mesquita, Heloísa Barbosa, Luís Filipe Ribeiro e Sonia Zyngier.

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