Fale com ela‪!‬ Fale Com Ela

A gente cresce ouvindo ditados populares como "ser mãe é padecer no paraíso", "mãe é tudo igual, só muda de endereço", tem um ditado judaico que diz "Deus não pode estar em todos os lugares por isso fez as mães". Ora, só por essa breve demonstração já dá pra perceber como o inconsciente coletivo está impregnado de ideias sobre a maternidade. Como se existisse um único jeito de maternar. E o pior, ideias que não são reais. Porque ser mãe nem sempre é padecer no paraíso. Mãe também sofre, chora, sente angústia, culpa, tem medo. Mãe não é tudo igual. Tem individualidade, tem suas histórias, suas bagagens, seus traumas, suas alegrias, seus desejos, seus jeitos próprios. E, obviamente, mãe não é esse ser que carrega nas costas o peso de salvar a humanidade do ditado judaico. Sem contar na grande mãe da fé cristã, a pobre da Virgem Maria, que nem lhe foi dado o direito de gozar pra pôr no mundo o Messias.

Eita, quem ousa mexer no sagrado símbolo da maternidade? Segura essa polêmica e vem que eu tô cheia de coisa pra contar pra vocês sobre o filme A filha perdida, a adaptação do livro da Elena Ferrante pro cinema, o longa de estreia da Maggie Gyllenhaal, com a maravilhosa Olivia Colman no papel da protagonista. Esse filme que ousa falar sobre as dores da maternidade. E isso já é uma revolução. Bora?

O ano mal começou e você já tá aí contando os dias pra saber quanto tempo falta pra acabar? Pois não se sinta sozinhx, esse começo de ano tá puxado mesmo! A gente viveu (e superou) tanta coisa em 2021 que a carga emocional dessa virada foi intensa! Sem cair na positividade tóxica, mas é inevital fazer algumas reflexões de passagem de ciclo e por que não agradecer e projetar o que a gente quer daqui pra frente. Aí eu lembrei de uma história que eu escrevi pra um site há alguns anos sobre uma pesquisa que uma jornalista fez no Twitter sobre os maiores arrependimentos das pessoas. As respostas ajudam a organizar as prioridades. Quer saber o que o pessoal respondeu? Dá o play! 

O meu ranço com coaches (em geral) não é de hoje. Afinal, não se cria uma aversão assim, tão ferrenha, da noite para o dia.

Tudo começou com aquele lance do 5am club, sabe? O tal do clube das 5 da manhã, da galera do "trabalhe enquanto eles dormem". Só que eu vou botar todos os termos em inglês porque eu quero que você sinta ódio também. Do you know what I mean?

São muitos números, muitas promessas, muita positividade tóxica e pouca profundidade. Será que o desejo, o propósito, a felicidade, a realização tem a mesma medida pra todo mundo e qualquer pessoa é capaz de chegar lá? Clearly not!

Então agarra esse ódio comigo e vamos sambar na cara do coach de abundância e botar a culpa dessa nossa vidinha mais ou menos no colo de quem realmente merece: o neoliberalismo. Abaixo o pendulo das polaridades. Entendeu? eu também não!

No principio eram as Femme Fatale e o cinema explorou MUITO esse estereótipo de mulher. Basta ver A doce Vida, Marylin Monroe, os filmes da Sharon Stone e voce vai entender o que é a mulher fatal. A mulher objeto, gostosona, incrível, capaz de pirar o cabeção de quaquer homem. Traduzindo, a "deusa, louca, feiticeira!" que a gente sabe muito bem como é.  Depois, essa mulher foi "suavizada", ela nao podia ser tão gostosa, sem conteúdo, fetichizado ao óbvio. Daí vieram as Maniac Pixie Dream Girls, elas não são  exatamente "arrasa quarteirão", mas são mulheres que só existem na cabeça de um roteirista praticamente virgem que imagina que vai encontrar uma mina que se encaixa em todos os seus delirios românticos. Ela é inteligente, cheia de vida e vai tirar essa cara da vida de merda que ele leva. E muitas de nós crescemos vendo esses filmes e qual é a consequencia disso? Você vai ter que dar o play pra descobrir.



https://www.youtube.com/watch?v=GzuRangpD2U (Personagem Feminina Pouco Desenvolvida: O Filme (Trailer)) 
https://www.youtube.com/channel/UCVjsbqKtxkLt7bal4NWRjJQ (The Take) 

Apesar das mulheres representarem 49% do total de competidores nas Olimpíadas de Tóquio, mais um recorde histórico, os salários das atletas ainda são menores, seus corpos são hiperssexualizados, o investimento é menor e a pressão é tão grande que fez uma das maiores estrelas dessas olimpíadas, a ginasta americana Simone Biles, botar o pé no freio nas competições - em um gesto de muita maturidade - pra cuidar da saúde mental. A discussão sobre igualdade de salários, liberdade na escolha de uniformes e tratamento de pessoas que se identificam como não binárias precisa estar em pauta - e não apenas durante as olimpíadas. Fala comigo?