História na moita Cláudio Henrique Ribeiro
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- History
um jeito descontraído de debater historicamente as representações sociais
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Um lugar de consolo: a representação do purgatório em A Bolsa e A Vida de Jacques Le Goff.
Durante a Idade Média, a Igreja católica foi a principal instituição detentora do domínio político. Ela tinha em suas mãos o poder de categorizar as atitudes humanas entre pecados e bem aventuranças. Na lista de transgressões estava, para o homem medieval, o mais abominável dos pecados: a usura. A natureza da condenação da usura consistia na ideia de que o tempo pertencia tão somente a Deus, o que tornava a apropriação do tempo para ganhar dinheiro (cobrança de juros) um grave pecado. Afinal, o ladrão comum rouba bens materiais alheios e não algo especificamente divino.
Para Jacques Le Goff, o inferno foi o maestro do imaginário medieval. Entretanto, “O medo dos usurários à condenação fez tornar insuportável a oposição simplista entre o paraíso e o inferno” (LE GOFF, 2004). É nesse contexto em que surge um terceiro lugar, um novo espaço entre o céu e o tártaro: o purgatório.
No episódio de hoje debateremos sobre os impactos deste "novo lugar" na mentalidade medieval e como ele é representado na obra de um dos mais conhecidos medievalistas da história.