Paratempo Paratempo Cast

Em 1944, o Brasil enviou para Europa a FEB, Força Expedicionária Brasileira integrada por brasileiros responsáveis pela participação do Brasil no final da Segunda Guerra Mundial. Eles eram homens e mulheres, muitos deles, não oficiais, apenas recrutas e enfermeiras. Mas o que são hoje a história e a memória da FEB após serem apropriadas em distintos contextos históricos e diferentes matizes ideológicas? Nesse episódio – que dá sequência ao anterior – buscamos responder a essa e outras questões.Por isso convidamos a historiadora Adriane Piovezan que pesquisa as atitudes diante da morte e do morrer em guerra e teve a FEB como tema de um dos seus trabalhos.

Este episódio fala sobre os usos políticos do passado em torno da atuação da FEB (Força Expedicionária Brasileira), na Itália e no Brasil. As memórias da FEB na Segunda Guerra Mundial se fazem repletas de conflitos ao longo do tempo e do espaço, entre, por exemplo, as experiências de luto das famílias dos ex-combatentes, a perspectiva institucional do Exército durante a Ditadura Civil-Militar no Brasil ou mesmo a associação histórica da participação brasileira na guerra com a luta antifascista italiana, através de diversas homenagens, celebrações e monumentos. Conversamos com o historiador Gabriel Simon Machado, doutorando em Sociologia Política da UFSC, que pesquisa o tema e já investigou as bases históricas do neo-integralismo em Santa Catarina, sobre as formas de apropriação de determinados eventos por forças políticas de esquerda e de direita, em ambos os países.

A relação entre fotografia e arquivo é o tema central deste episódio do Paratempo, que debate questões candentes sobre os arquivos fotográficos na atualidade, como as mudanças produzidas pelas tecnologias digitais. Como pensar o tratamento arquivístico dos documentos fotográficos? Conversamos com a historiadora Aline Lopes de Lacerda, pesquisadora do Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, especialista no tema. Para além da linguagem fotográfica e das condições de produção e guarda das fotografias, essa entrevista permite pensar as fotografias que se tornam documentos de arquivo e as implicações conceituais, técnicas e sociais, que perpassam o lugar atribuído às fotos nos mais diversos arquivos, especialmente no caso do Brasil.

Qual a importância dos álbuns de retratos na transmissão da memória familiar? Qual o  impacto da fotografia digital sobre as formas intergeracionais de transmissão da memória? A quem se atribui o papel de  compor as narrativas visuais que contam a trajetória da família? O que significa uma trajetória familiar de “sucesso”? Essas são algumas questões que o último episódio do Paratempo, “A fotografia na transmissão da memória familiar” vai debater. A partir da etnografia realizada por Alexandre Bergamo, professor do Departamento de Sociologia e Ciência Política da UFSC,  entre famílias católicas de Fortaleza, Ceará, o  Paratempo nos convida a pensar sobre o entrelaçamento entre os códigos de percepção do registro fotográfico, as formas de  transmissão da memória e a divisão de gênero no trabalho de composição das narrativas familiares.

O episódio apresenta a segunda parte da entrevista com Luciana Heymann, pesquisadora e documentalista da Casa de Oswaldo Cruz. Luciana é autora de O Lugar do Arquivo - A construção do legado de Darcy Ribeiro, publicado pela editora Contracapa em 2012 e, recentemente, publicou Pensar os Arquivos: uma antologia, em coautoria com Letícia Nedel, pela FGV. A conversa é sobre o lugar dos arquivos pessoais na pesquisa científica, as políticas de preservação do patrimônio documental, as práticas da pesquisa, os métodos de lidar com a subjetividade inerente aos documentos de natureza pessoal e, também, a respeito da legislação, direitos autorais e o impacto da Internet sobre os conjuntos documentais de natureza pessoal

Nesse episódio seguimos o rastro de Clarice Lispector. Procuramos desvendar a mística que a envolvia por meio dos documentos de seu arquivo pessoal, que atualmente está preservado no Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa e no Instituto Moreira Salles. Conversamos com a historiadora Emilly Fidelix, em cuja dissertação de mestrado pesquisou os cadernos de anotação, as cartas, os livros, as fotografias e outros documentos acumulados por Clarice Lispector. Ela nos ajudou a compreender historicamente a trajetória da escritora e o processo de formação e uso do seu arquivo pessoal.