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ESPELHO, ESPELHO MEU, QUEM SOU EU‪?‬ Da Boca para os ouvidos, passando pelo Teatro Viriato

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Conto de Patrícia Portela, a partir de “Branca de Neve”, dos Irmãos Grimm

Lido por José Carlos Leorne





Num tempo muito anterior a este abril, ainda a neve cobria metade destas terras o ano inteiro, uma rainha  costurava, distraída, à janela, quando se picou na agulha. Três gotas de sangue mancharam o manto de  neve que se estendia lá fora. O vermelho no branco era tão vivo que ela desejou: “Fosse eu branca como a  neve, vermelha como o sangue e negra como a madeira desta janela, e não de uma cor só.” Pouco tempo  depois, deu essa rainha à luz uma filha, branca como a neve, intensa como o vermelho do sangue, e com  uma farta cabeleira tão negra como a madeira da sua janela. O parto foi demorado e doloroso, e a rainha  morreu nesse mesmo dia, nunca chegando a pegar ao colo a sua cria que não era de uma cor só. O pai, o  rei, para curar a profunda tristeza em que se afundara e esquecer a ansiedade dos múltiplos negócios de  estado, voltou a casar com a dama mais bela do reino, obviamente, uma mulher orgulhosa e prepotente,  como sempre são as mulheres de segundas núpcias em contos de fadas, sempre madrastas antes de serem mães. (...)

Conto de Patrícia Portela, a partir de “Branca de Neve”, dos Irmãos Grimm

Lido por José Carlos Leorne





Num tempo muito anterior a este abril, ainda a neve cobria metade destas terras o ano inteiro, uma rainha  costurava, distraída, à janela, quando se picou na agulha. Três gotas de sangue mancharam o manto de  neve que se estendia lá fora. O vermelho no branco era tão vivo que ela desejou: “Fosse eu branca como a  neve, vermelha como o sangue e negra como a madeira desta janela, e não de uma cor só.” Pouco tempo  depois, deu essa rainha à luz uma filha, branca como a neve, intensa como o vermelho do sangue, e com  uma farta cabeleira tão negra como a madeira da sua janela. O parto foi demorado e doloroso, e a rainha  morreu nesse mesmo dia, nunca chegando a pegar ao colo a sua cria que não era de uma cor só. O pai, o  rei, para curar a profunda tristeza em que se afundara e esquecer a ansiedade dos múltiplos negócios de  estado, voltou a casar com a dama mais bela do reino, obviamente, uma mulher orgulhosa e prepotente,  como sempre são as mulheres de segundas núpcias em contos de fadas, sempre madrastas antes de serem mães. (...)

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