A Saz e a Lira Gabriel Vasto
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- Arts
A poesia épica ou heroica é um dos modos de expressão literária mais recorrentes na antiguidade, seja no berço das civilizações, como em produções poéticas mesopotâmicas, seja nos pilares de toda a produção literária ocidental subsequente - Homero, Virgílio, Ovídio. A Saz e a Lira explora as diferentes tradições de poesia épica - oral e escrita -, influências da épica do Oriente Próximo na literatura clássica ocidental, e traz também comentários sobre produções épicas de diversos lugares do mundo, contextualizando essas obras, com referências de livros e ensaios sobre os temas abordados.
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Episódio 8 - "A História começa na Suméria..."
Antes de um aprofundamento nas produções épicas sumérias, é necessário entender o contexto maior dessas obras: como elas foram escritas, transmitidas e recebidas. Nesse surpreendente processo trimilenar de produção e transmissão de conhecimento, figura uma personagem importante: a escrita cuneiforme. Graças a uma conveniência tanto de disponibilidade de material quando de meio apropriado, a escrita cuneiforme sobreviveu praticamente intacta por mais de quatro mil anos, gravada em tábuas de argila. Nesse episódio da Saz e a Lira, olho com um pouco mais de detalhes aspectos da língua suméria, da produção de tábuas de argila e das características do sistema de escrita cuneiforme.
Referências:
Sugestão de episódio sobre o desenvolvimento da escrita pelos Sumérios --> https://open.spotify.com/episode/0v8S4Cm6WcNgUQ0j3JVTy9?si=26a2e9873d8247d1
Sobre a língua Suméria --> Snell, D. et al, A Companion to the Ancient Near East, Part II, Ch. 6, 2005, Blackwell Publishing
E. Vogelzang and H. L. J. Vanstiphout, eds., Mesopotamian Epic Literature: Oral or Aural? Lempeter: Edwin Meller, 1992, pp. 227-245
Jagersma, A. H., A Descriptive Grammar of Sumerian, Ch 1, 2010, ter verkrijging van de graad van Doctor aan de Universiteit Leiden
A leitura fonética em Sumério retirei do canal Quellant, e deixo aqui o link para a leitura completa. Lembrando que a reconstituição do Sumério, bem como de qualquer língua antiga, é sempre conjectural. --> https://www.youtube.com/watch?v=AqavfoOK-Sw
Sobre a produção de tábuas de argila --> Radner, K. et al, The Oxford Handbook of Cuneiform Culture, Part I, Ch. 1, 2011, Oxford University Press
Sobre a escrita cuneiforme --> Daniels, P. T. et al, The World's Writing Systems, Part II, Section 3, Mesopotamian Cuneiform
Jagersma, A. H., A Descriptive Grammar of Sumerian, Ch 2, 2010, ter verkrijging van de graad van Doctor aan de Universiteit Leiden
Sobre o princípio de Rebus --> https://www.youtube.com/watch?v=Hzj7r3GCgdo
Sobre a história do deciframento do cuneiforme --> Kramer, S. N., The Sumerians: Their History, Culture and Character, Ch. 1, 1963, University of Chicago Press
Sobre os níveis de alfabetização --> Radner, K. et al, The Oxford Handbook of Cuneiform Culture, Part I, Ch. 4, 2011, Oxford University Press
Contato do Thales Meirelles do Prado, que faz Letras na FFLCH, e, também, trabalhos de voz e atuação --> (11) 98432-6513
Gostaria de agradecer a todos os artistas que disponibilizaram seu trabalho gratuitamente.
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Episódio 7 - O Poeta Formulaico...?
Nesse terceiro e último episódio da trilogia sobre a Teoria Oral-Formulaica, abordo brevemente a recepção, no meio acadêmico e especializado, das ideias de Milman Parry e Albert Bates Lord, bem como críticas e correções sugeridas à Teoria. Por fim, comento sobre o status da Teoria Oral-Formulaica nos últimos 10 anos, e como ela foi importante para provocar uma mudança de perspectivas no estudo das tradições de poesia épica.
Referências:
Sobre a expressão "palavras aladas" e seus possíveis significados --> Ascheri, P., Montanari, F., Omero Tremila Anni Dopo, 2002, Roma, Edizioni di Storia e Letteratura, pp. 471-483
Oral Tradition, 14/2 (1999): 321-335
Paolo Vivante (1975). On Homer's Winged Words. The Classical Quarterly, 25, pp 1-12
Parry, M. About Winged Words, Classical Philology, 32, 1, 1937 (também pode ser encontrado no The Making of Homeric Verse: The Collected Works of Milman Parry, pp. 414-419
Sobre as várias definições de fórmulas --> Transactions and Proceedings of the American Philological Association , 1963, Vol. 94 (1963), pp. 235-247
Visser, E. Formulae or Single Words? Towards a New Theory on Homeric Verse-Making, 2016, pp. 21-37
Fowler, R. et al, The Cambridge Companion to Homer, Part 3, Ch. 8: Formulas, Metre and Type-scenes, 2004, Cambridge University Press
Recepção, críticas, reformulações e status atual da Teoria Oral-Formulaica --> Finkelberg, M., Homeric Contexts, Oral Formulaic Theory and the Individual Poet, 2012, De Gruyter
Jensen, M., Humanities 2017, 6(4), 97
Jensen, M., ΤΗΕ HOMERIC QUESTION AND ΤΗΕ ORAL-FORMULAIC THEORY, Chs. II, III, Copenhagen, 1980, Museum Tusculanum Press
Thomas, R., LITERACY AND ORALITY IN ANCIENT GREECE, Chs. 2, 3, 1999, Cambridge University Press
Foley, J. et al, Oral Tradition in Literature, Chs. 2, 5, 1986, University of Missouri Press
Foley, J., The Singer of Tales in Performance, Ch. 1 Common Ground, 1995, Indiana University Press
Proceedings of the American Philosophical Society , DECEMBER 2011, Vol. 155, No. 4 (DECEMBER 2011), pp. 383-393
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Episódio 6 - Palavras Aladas: A Teoria Oral-Formulaica
Nesse segundo episódio da trilogia sobre a Teoria Oral-Formulaica, apresento uma reconstituição da argumentação de Milman Parry, desenvolvida em uma série de dois artigos, chamados Estudos na Técnica da Versificação Oral do Épico, publicados em 1930 e 32, respectivamente. A teoria do Parry busca explicar como certos traços da linguagem homérica, como o extensivo uso de epítetos, os arcaismos e a mistura de dialetos gregos podem ser elementos da uma técnica de versificação oral, utilizada por bardos para compor durante uma performance recitativa e musical. Por fim, comento um pouco sobre o trabalho de Albert Bates Lord, aluno do Parry, com bardos da Iugoslávia, a fim de testar as hipóteses levantadas pelo Parry.
Referências:
Sobre a oralidade na antiguidade, artigos do Parry e Teoria Oral-Formulaica:
Harvard Studies in Classical Philology , 1930, Vol. 41 (1930), pp. 73-147
Harvard Studies in Classical Philology , 1932, Vol. 43 (1932), pp. 1-50
Foley et al., A Companion to Ancient Epic, Part I, 4: Performance, 2005, Blackwell Publishing
Foley et al., Oral Tradition in Literature, Ch. 1: Introduction, 1986, University of Missouri Press
Fowler, R. et al, The Cambridge Companion to Homer, Part 3, Ch. 8: Formulas, Metre and Type-scenes, 2004, Cambridge University Press
Thomas, R., Literacy and Orality in Ancient Greece, Ch. 3: Oral Poetry, 1999, Cambridge University Press
Sobre Albert Bates Lord e os bardos da Iugoslávia:
Lord, A. B., The Singer of Tales, Ch. 3: The Formula, 1971, New York
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Episódio 5 - A Questão Homérica e Milman Parry
Mesmo que Homero seja o modelo por excelência da produção épica ocidental, nunca deixou-se de notar as particularidades da poesia homérica, com uma linguagem tão distinta e própria. Essa sensação de estranheza, ao longo da história, levou diversos estudiosos da literatura clássica a questionar, afinal, quem e que tipo de poeta foi Homero. Nesse episódio, trago uma breve revisão histórica da Questão Homérica, e, por fim, comento sobre a vida e o trabalho de Milman Parry, um acadêmico do séc. XX, cujo trabalho é responsável por apresentar uma nova visão de Homero, e constitui um alicerce na compreensão das dinâmicas da poesia épica. Esse episódio é o primeiro de uma série de três sobre a Teoria Oral-Formulaica, o resultado dos trabalhos do Parry e do seu aluno, Albert Bates Lord.
Referências
Sobre a Questão Homérica e a vida e obra de Milman Parry:
Parry, A. (1971), The Making of Homeric Verse: The Collected Works of Milman Parry, Introduction, Oxford, Clarendon Press
Kanigel, R., Hearing Homer's Song: The Brief Life and Big Idea of Milman Parry, Chs. 13, 26, 2021, Borzoi Books
Jensen, M. S., Humanities 2017, 6, 97
Fowler, R. et al, Cambridge Companion to Homer, Ch. 14 The Homeric Question, 2006, Cambridge University Press
West, M., Proceedings of the American Philosophical Society, DECEMBER 2011, Vol. 155, No. 4, pp. 383-393
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Episódio 4 - A Ideia de Épico
Afinal, o que é Poesia Épica? Essa pergunta, que pode parecer simples, tem uma história complexa e fascinante. Nesse episódio, busco uma origem histórica pras definições mais convencionais de Poesia Épica, remanescentes de discussões que remontam à Grécia Antiga. Além disso, comparo visões ocidentais de Poesia Épica com a teoria literária em sânscrito. Por fim, proponho uma redefinição baseada em avanços, a partir do século XX, no conhecimento e estudo das tradições literárias orais.
Referências:
Abertura --> Garnier, Oeuvres Complètes de Voltaire, Essai sur la Poésie Épique, 1877, tome 8
Sobre definições convencionais de Poesia Épica --> SOARES, Angélica. (2007). Gêneros Literários. Rio de Janeiro, Ed. Ática.
MOISÉS, M. (1979). A Criação Literária: Poesia, Do Épico e do Lírico, Ed. Melhoramento.
Sobre a visão de Aristóteles e a sua influência na Antiguidade --> Aristóteles, Sobre a Arte Poética, tradução Mattoso, A. e Campos A. Q., ed. Autêntica, 2018
Habib, M. A. R., Modern Literary Criticism and Theory: a History, Pt. I: Ancient Greek Criticism, Blackwell Publishing, 2005
Reitz, C., Finkmann, S. et al, Structures of Epic Poetry, Vol. I: Foundations, Ancient and Moderns Theories of Epic, De Gruyter, 2019
Trench, W.F., Mímesis in Aristotle's Poetics, Hermathena , 1933, Vol. 23, No. 48 (1933), pp. 1-24
Sobre a teoria literária em sânscrito e os Mahákávya --> Tripp, S., The Genres of Classical Sanskrit Literature, Poetics 10 (1981) 213-230
Kavijara, V., Sahityadarpana, transl. by Ballantyne, J. M., Baptist Mission Press, 1851, pp. 265-266
Sobre a continuidade do Épico no Modernismo --> Ramalho, C. (2013), Poemas Épicos: Estratégias de Leitura, ed. UapÊ
Sobre os trabalhos de Milman Parry e a poesia homérica --> Fowler, R. et al, The Cambridge Companion to Homer, Ch. 14, The Homeric Question, Cambridge University Press, 2006
Sobre gêneros literários nas tradições orais --> Bauman, R. et al, Folklore, Cultural Performances, and Popular Entertainments, Genre, Oxford University Press, 1992
Journal of Linguistic Anthropology 9(l-2):84-87
Sobre a relação do Épico com a Eulogia e a Poesia Heroica --> Foley, J. M. et al, Blackwell Companion to Ancient Epic, Epic as Genre, Blackwell Publishing, 2005
Hainsworth, J. B., The Idea of Epic, Ch. I, What is an Epic?, University of California Press, 1991
Beissinger, M. et al, Epic Traditions in the Contemporary World, Epic as Genre, University of California Press, 1999
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Episódio 3 - Homo Simbolicus e os Deuses Onividentes
Nesse último episódio da série sobre o pensamento abstrato, trago algumas reflexões sobre a linguagem humana, de que modo ela se diferencia dos sistemas de comunicação encontrados em animais, que tipos de coisas ela permitiu que fizéssemos, e o que um cachimbo que não é um cachimbo tem a ver com essa história. Comento, também, sobre a hipótese do antropólogo Roy Rappaport, de que a ideia de sagrado teria coevoluído com a linguagem. Por fim, analiso como a invenção da agricultura, aliada ao pensamento simbólico e à noção de sagrado, mudou profundamente nossa organização social, política e religiosa.
Referências:
Sobre Magritte e a Semiótica --> https://courses.washington.edu/hypertxt/cgi-bin/book/wordsinimages/magritte.html
Sobre a linguagem para Darwin e o mito como ferramenta integradora --> Donald, M., Origins of the Modern Mind, Chs 2, 7 Harvard University Press; 1993
Sobre a "Revolução Cognitiva" na Psicologia e experimentos de linguagem animal --> Psychon Bull Rev (2017) 24:181–185; documentário Koko: The Talking Gorilla, Barbet Schroeder, 1h25min, https://vimeo.com/114418067 (em francês, sem legenda, único link que consegui encontrar online)
Sobre o modelo das faculdades ampla e restrita, de Chomsky e colaboradores --> Science, 2002, 298(5598), 1569–1579
Language and Linguistics Compass 6/10 (2012): 611–621
Sobre a visão de linguagem da psicóloga/primatologista Susan Savage-Rumbaugh e a seleção de grupo defendida pelo biólogo David Sloan Wilson--> d'Errico, F. et al, Homo Symbolicus: The dawn of language, imagination and spirituality, Chs. 2, 7 John Benjamins Publishing Company, 2011
Ensaio Raciocínio Animal e Proto-Lógica, do cientista cognitivo José Luiz Bermúdez --> Hurley, S. et al, Rational Animals?, Ch. 5, Animal reasoning and proto-logic, Oxford University Press, 2006
Sobre a visão do linguista Michael Tomasello e o paradigma funcional --> Tomasello, M., The Cultural Origins of Human Cognition, Chs. 3, 4 , Harvard University Press; 2001
Tomasello, Michael (2001). First steps toward a usage-based theory of language acquisition. Cognitive Linguistics, 11(1-2)
Sobre a importância do casamento na evolução humana --> Barnard, A., Genesis of Symbolic Thought, Ch. 3, Kinship, sociality and the symbolic order, Cambridge University Press, 2012
Sobre a separação entre sagrado e profano --> Eliade, M., Patterns in Comparative Religion, Sheed & Ward, 1958
Sobre a noção de sagrado na evolução humana --> Annual Review of Ecology and Systematics, Vol. 2 (1971), 23-44
Sobre a invenção independente da agricultura --> britannica.com/topic/agriculture/Earliest-beginnings
Sobre o modo de Subsistência e a presença de Deuses maiores e morais --> Hum Nat (2012) 23:253–269
Sobre os 'free-riders' sociais --> Dunbar, R., Grooming, Gossip and the Evolution of Language, Ch. 3, The Importance of Being Earnest, Harvard University Press, 1998
Contato do Thales Meirelles do Prado, que faz Letras na FFLCH, e faz trabalhos de voz e atuação --> (11) 98432-6513
Agradeço também à Prof. Dra. Deize Crespim Pereira, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, por correções e sugestões na parte do roteiro sobre linguagem.