24 episodes

NO TEMPO DE EU MENINO
Crônicas da infância
“No tempo de eu menino, livro de Odenildo Sena que o leitor agora tem na versão podcast, é um convite que o autor nos faz para um reencontro com esse tipo de felicidade. As crônicas que compõem o volume nos contam histórias de sua infância vivida no bairro de São Raimundo – não o de hoje, mas um bairro de um tipo como atualmente quase já não existe. Embora desaparecido no tempo, o bairro retorna nas cores da memória, com um pouco de nostalgia e muito lirismo.”
(Allison Leão, doutor em Literatura e professor da UEA)

Versão e-book: amazon.com.br

NO TEMPO DE EU MENINO Odenildo Sena

    • Arts

NO TEMPO DE EU MENINO
Crônicas da infância
“No tempo de eu menino, livro de Odenildo Sena que o leitor agora tem na versão podcast, é um convite que o autor nos faz para um reencontro com esse tipo de felicidade. As crônicas que compõem o volume nos contam histórias de sua infância vivida no bairro de São Raimundo – não o de hoje, mas um bairro de um tipo como atualmente quase já não existe. Embora desaparecido no tempo, o bairro retorna nas cores da memória, com um pouco de nostalgia e muito lirismo.”
(Allison Leão, doutor em Literatura e professor da UEA)

Versão e-book: amazon.com.br

    Paris de eu menino

    Paris de eu menino

    Nesses dias, andei a me encharcar de Paris. Uma cadeia de acontecimentos levou-me a esse estado. O mote foi a leitura de algumas cartas do escritor argentino Julio Cortázar publicadas na revista Piauí, com uma envolvente apresentação do crítico David Arrigucci Jr. Já disse antes que gosto de ler cartas? Em geral são textos reveladores daqueles raros momentos de descuido em que a espontaneidade sufoca a razão e o sentimento abre espaço para a pureza das palavras. Pois essas virtudes estão lá nas missivas de Cortázar endereçadas aos seus entes queridos deixados em Buenos Aires. Só que ele não escreve de qualquer lugar, mas de Paris, por quem se apaixonou, ora vejam, sem a menor das resistências.

    • 5 min
    Sessões contínuas

    Sessões contínuas

    Ser bombonzeiro do cine Ideal tinha suas vantagens. Assistia a tudo quanto era filme.

    Cestinha de vime pendurada no pescoço, balançava a caixinha de Mentex, para chamar atenção dos fregueses, e ia descarregando as diversas variedades de bombons diligentemente arrumadas nos doze compartimentos. Na verdade, diga-se de passagem, tanto vendia quanto consumia. Sonho de Valsa, a grande novidade da ocasião, era o meu preferido. Tanto que estabelecia sempre uma reserva de mercado, ou melhor, de consumo, no cantinho, dificultando a visibilidade por parte dos fregueses. Na hora de prestar contas, o que sempre acontecia logo após o apagar das luzes e o início do filme, em geral a contabilidade não batia em meu favor. O suposto apurado eu já havia consumido por antecipação. Não raras vezes, ainda ficava devendo uma pontinha para quitar no dia seguinte. Praticava o que os economistas do FMI chamariam, anos depois, de “rolar a dívida”. Não dava muita bola para o proveito financeiro. O ofício era apenas o grande pretexto que me abria as portas para conviver mais tempo com os muitos heróis habitantes da enorme e panorâmica tela do cine Ideal.

    • 4 min
    A voz da Colina

    A voz da Colina

    Para a meninada, entretanto, sedenta de novidades e aventuras, o anúncio que servia de mote para em poucos minutos estarmos reunidos era o que dava conta de que uma boiada a caminho do matadouro, no vizinho bairro da Glória, havia fugido e se espalhara pelo bairro. Alegria incontida, porque sabíamos que o resto do dia nos reservava aventuras só comparáveis às vividas por nossos heróis nas telas do nosso Cinema Paradiso.

    • 4 min
    Trauma de infância

    Trauma de infância

    Atire a primeira pedra quem não tem medo de cadeira de dentista. Seja uma extração, seja um trabalho de profilaxia, seja uma restauração, seja um implante, seja (meu Deus!) uma simples avaliação para projetar um orçamento... Neste último caso, em particular, o medo é redobrado. Sei que, tecnologicamente falando, tem sido uma das áreas que avançam com mais celeridade, com variadas técnicas e produtos modernos sempre de última geração. Mesmo assim, a aplicação de anestesia, por exemplo, apesar de hoje ser feita com uma agulha extremamente fina e delicada, acaba, entretanto, não aliviando a dor que, por antecipação, alimenta o extraordinário pavor de se acomodar em uma cadeira de dentista. Estou falando de mim, é claro.

    • 4 min
    Tempos de arribação

    Tempos de arribação

    Lembro-me bem de que, certo período, chegamos a morar em três diferentes casas na mesma rua, a da Cachoeira. De uma delas tenho vívida memória. Era construída sobre esteios a um metro do chão, o que nos protegia das enchentes mais agressivas do igarapé fronteiriço entre os bairros de São Raimundo e Glória. Mas a subida das águas, que alcançava os cinco degraus de madeira da porta principal, também nos proporcionava um espetáculo que hoje, para nossa tristeza, sobrevive apenas nos desvãos da memória. Atraíamos os peixes com restos de comida ou farinha e ficávamos a observar de camarote a frenética disputa entre eles nas águas ainda cristalinas do igarapé.

    • 4 min
    O cerol do Calango

    O cerol do Calango

    Para encurtar a história, como o Calango reinava absoluto no mercado, com vasta clientela nos vizinhos bairros de São Raimundo e Glória, sempre que um adversário conhecido ensaiava trançar, gritávamos convictos: “Não entra que é o mesmo cerol, o do Calango!”

    Tempos depois, descobrimos estarrecidos que o bruxo Calango fabricava dois tipos de poção: a mágica, para seu próprio consumo, e a genérica, que abastecia a nossa ilusão. Passou a ser odiado.

    • 5 min

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