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Fotógrafo de Lula salva Globo de vexame Opinião João Paulo Cunha

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A imprensa familiar brasileira é capaz de tudo para fugir dos fatos. A não cobertura da viagem de Lula à Europa foi um exemplo de como, para não fazer seu trabalho, cometeu pelo menos três pecados mortais do jornalismo: foi furada por jornalistas independentes, segurou a opinião de seus colunistas até o limite da mentira e rendeu-se a pedir apoio aos assessores do ex-presidente para recuperar o tempo perdido. Curto e grosso: chegou tarde, censurou e pediu arrego.

Ao mesmo tempo, a mesma mídia empresarial esteve atenta à viagem de Bolsonaro ao Oriente Médio, frente a uma comitiva nababesca e uma pauta chinfrim, em que o único destaque foi uma conversa sobre troca de prisioneiros. Isso mesmo, troca de prisioneiros. Um indicativo dos interesses do presidente e do que antevê para seu futuro. Não se sabe de acordo comercial firmado ou de conversas com interesse geopolítico expressivo.

Por não querer fazer jornalismo, a Globo teve seu dia de assessoria de imprensa do PT
O contraste com a viagem de Lula é significativo. O petista foi recebido por presidentes e lideranças eleitas de democracias consolidadas, como França, Alemanha, Espanha e Bélgica. Bolsonaro teve como interlocutores ditadores e adversários dos direitos humanos. Lula recebeu prêmios e homenagens de um dos mais importantes centros de pensamento político do continente. Bolsonaro ganhou jantar dos empresários brasileiros que saíram daqui para puxar saco e fritar bife no deserto.

Nas conversas de Lula, temas como crise climática, emergência sanitária, desigualdade, ameaças à democracia, pobreza, combate à fome, futuro da União Europeia e integração da América Latina. Foi recebido com honras de chefe de Estado pelo presidente francês Emmanuel Macron, que passa longe da esquerda, aplaudido no Parlamento Europeu e ganhou espaço nos mais importantes jornais do continente.

Contraste entre a viagem de Lula e Bolsonaro é significativo
Já Bolsonaro, antes de passear de motocicleta, falou de grafeno e bateu no peito para dizer que o Enem é a cara do governo, comemorando mais uma crise na política educacional.  Emendou o chorrilho de asneiras dizendo que a floresta Amazônica é úmida e por isso não pega fogo.  Ou seja, viajou para longe e gastou muito dinheiro para não sair do lugar onde sempre esteve. Para se sentir em casa, tinha até o governador de Minas, Romeu Zema, ao seu lado. Seu giro não teve repercussão na imprensa internacional e não eclipsou o vexame de sua recente viagem para a reunião do G-20.

Simbolismo das duas viagens

Não é o caso de insistir na lógica da divisão entre dois mundos inconciliáveis que vem dominando o cenário, mas há algo de simbólico nas duas viagens simultâneas dos nomes mais fortes, no momento, para as eleições de 2022. Bolsonaro procurou nos Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Catar seus semelhantes políticos: autoritarismo, apreço por lideranças autocratas e isolamento internacional. Num momento de redefinição das alianças políticas e econômicas, uma agenda que fortalece a posição de pária que parece orgulhá-lo.

Lula, ao abrir espaço para diálogo em espectro político ampliado e em torno dos temas mais sensíveis da pauta mundial, se apresenta como interlocutor confiável para a esquerda, para o bloco socialdemocrata e para os democratas da centro-direita. E até mesmo indispensável, quando se pensa na América Latina, na preservação ambiental e no papel a ser desempenhado pelas economias emergentes num cenário de grandes transformações tecnológicas e na composição de um novo mercado mundial.

A imprensa familiar brasileira é capaz de tudo para fugir dos fatos. A não cobertura da viagem de Lula à Europa foi um exemplo de como, para não fazer seu trabalho, cometeu pelo menos três pecados mortais do jornalismo: foi furada por jornalistas independentes, segurou a opinião de seus colunistas até o limite da mentira e rendeu-se a pedir apoio aos assessores do ex-presidente para recuperar o tempo perdido. Curto e grosso: chegou tarde, censurou e pediu arrego.

Ao mesmo tempo, a mesma mídia empresarial esteve atenta à viagem de Bolsonaro ao Oriente Médio, frente a uma comitiva nababesca e uma pauta chinfrim, em que o único destaque foi uma conversa sobre troca de prisioneiros. Isso mesmo, troca de prisioneiros. Um indicativo dos interesses do presidente e do que antevê para seu futuro. Não se sabe de acordo comercial firmado ou de conversas com interesse geopolítico expressivo.

Por não querer fazer jornalismo, a Globo teve seu dia de assessoria de imprensa do PT
O contraste com a viagem de Lula é significativo. O petista foi recebido por presidentes e lideranças eleitas de democracias consolidadas, como França, Alemanha, Espanha e Bélgica. Bolsonaro teve como interlocutores ditadores e adversários dos direitos humanos. Lula recebeu prêmios e homenagens de um dos mais importantes centros de pensamento político do continente. Bolsonaro ganhou jantar dos empresários brasileiros que saíram daqui para puxar saco e fritar bife no deserto.

Nas conversas de Lula, temas como crise climática, emergência sanitária, desigualdade, ameaças à democracia, pobreza, combate à fome, futuro da União Europeia e integração da América Latina. Foi recebido com honras de chefe de Estado pelo presidente francês Emmanuel Macron, que passa longe da esquerda, aplaudido no Parlamento Europeu e ganhou espaço nos mais importantes jornais do continente.

Contraste entre a viagem de Lula e Bolsonaro é significativo
Já Bolsonaro, antes de passear de motocicleta, falou de grafeno e bateu no peito para dizer que o Enem é a cara do governo, comemorando mais uma crise na política educacional.  Emendou o chorrilho de asneiras dizendo que a floresta Amazônica é úmida e por isso não pega fogo.  Ou seja, viajou para longe e gastou muito dinheiro para não sair do lugar onde sempre esteve. Para se sentir em casa, tinha até o governador de Minas, Romeu Zema, ao seu lado. Seu giro não teve repercussão na imprensa internacional e não eclipsou o vexame de sua recente viagem para a reunião do G-20.

Simbolismo das duas viagens

Não é o caso de insistir na lógica da divisão entre dois mundos inconciliáveis que vem dominando o cenário, mas há algo de simbólico nas duas viagens simultâneas dos nomes mais fortes, no momento, para as eleições de 2022. Bolsonaro procurou nos Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Catar seus semelhantes políticos: autoritarismo, apreço por lideranças autocratas e isolamento internacional. Num momento de redefinição das alianças políticas e econômicas, uma agenda que fortalece a posição de pária que parece orgulhá-lo.

Lula, ao abrir espaço para diálogo em espectro político ampliado e em torno dos temas mais sensíveis da pauta mundial, se apresenta como interlocutor confiável para a esquerda, para o bloco socialdemocrata e para os democratas da centro-direita. E até mesmo indispensável, quando se pensa na América Latina, na preservação ambiental e no papel a ser desempenhado pelas economias emergentes num cenário de grandes transformações tecnológicas e na composição de um novo mercado mundial.

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