O Macaco Elétrico

@PauloSilvestre
O Macaco Elétrico

Jornalista (preferencialmente digital), educador (preferencialmente digital), trabalhando para tornar o mundo um lugar melhor

  1. O que pode e o que não pode na Internet

    HÁ 5 DIAS

    O que pode e o que não pode na Internet

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 Na quarta passada, o Supremo Tribunal Federal começou um julgamento que pode impactar profundamente como usamos a Internet e como ela nos influencia. Ele se refere ao artigo 19 do Marco Civil da Internet, que estabelece que a responsabilidade sobre um conteúdo publicado nas redes sociais é de seu criador, com essas plataformas respondendo por ele apenas se não tomarem providências após uma decisão judicial. A despeito da enorme importância do tema, é preciso questionar quem deve decidir sobre isso e por qual motivo. Publicado em 2014, esse mecanismo visa proteger a liberdade de expressão, impedir a censura e garantir a inovação da Internet. Esses princípios continuam valendo, mas o mundo mudou profundamente nessa década. As plataformas digitais deixaram de ser neutras no momento em que seus algoritmos passaram a ativamente promover o que gerava mais engajamento e consequentemente lucros. Ainda assim, elas continuaram se beneficiando dessa proteção jurídica, mesmo quando tais conteúdos destacados levaram à extrema polarização social e à deterioração da saúde mental dos seus usuários. Criou-se uma situação em que a sociedade padece exponencialmente com os mais diversos abusos nas plataformas digitais, com pouco ou nada sendo feito sobre isso. O Legislativo deveria então atualizar a lei, mas a letargia do Congresso Nacional no tema acaba pressionando a Justiça. E isso é ruim, porque diminui o debate democrático em torno de algo crítico para nossas vidas. Como e quem deve resolver esse problema então? É sobre isso que falo nesse episódio. E para você, como isso deve ser feito?

    9min
  2. O bom e o mau da vigilância por IA

    25 DE NOV.

    O bom e o mau da vigilância por IA

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 Quem garante que nós somos quem dizemos ser? Essa provocação faz sentido em um tempo em que a inteligência artificial ajuda a identificar pessoas (incluindo criminosos), mas ainda erra muito nessa tarefa, com resultados indesejáveis, como mandar inocentes para a cadeia. Decisões recentes da Meta esquentam esse debate sobre como equilibrar os benefícios e os riscos dessa tecnologia. A empresa, que é dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp, anunciou recentemente duas medidas bem-vindas nesse campo. A primeira mapeará rostos de celebridades para evitar que suas imagens sejam usadas em vídeos falsos, em que normalmente aparecem vendendo produtos. Em outra iniciativa, a IA será usada para tentar identificar a idade de usuários, em um movimento para prevenir que crianças e adolescentes sejam expostos a conteúdos inadequados. Os anúncios, especialmente o primeiro, desfazem uma reviravolta na postura da companhia nessa área: em 2021, o reconhecimento facial dos seus produtos, que já funcionava havia uma década, foi desativado diante da pressão da sociedade, problemas regulatórios e investigações em diferentes países. Agora, ele está de volta, como resposta à demanda pelo combate à usurpação de imagens alheias. Essas ações da Meta são emblemáticas pela enorme importância de seus produtos na vida de bilhões de pessoas, mas estão longe de serem únicas nessa polêmica. O uso da IA na identificação é cada vez mais comum, e raramente o cidadão sabe desse monitoramento. A sociedade precisa estar consciente desse “Big Brother permanente” a que estamos submetidos. Como decidir se seus ganhos superam os problemas? É sobre isso que falo nesse episódio. E você, como enxerga essa balança?

    9min
  3. Foi dada a largada para a nova corrida da IA

    18 DE NOV.

    Foi dada a largada para a nova corrida da IA

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 A disputa para dominar a inteligência artificial anda tão acirrada, que se parece cada vez mais a uma corrida de cavalos, em que o ganhador vence “por um nariz”. Agora foi dada a largada para um novo páreo, o dos agentes de IA, e os principais nomes dessa indústria já estão na pista! Isso não quer dizer que os agentes sejam uma novidade: eles já existem há anos em nossas vidas pessoais e profissionais. Mas até agora são soluções prontas dos fabricantes. Criar o próprio agente é uma tarefa complexa e que exige conhecimentos técnicos. O que Microsoft, OpenAI, Google e Anthropic prometem agora é tornar essa tarefa tão simples quanto conversar com um chatbot, como já nos acostumamos. Um agente é um sistema que usa a IA para realizar tarefas específicas de maneira autônoma, com pouca ou nenhuma dependência de um ser humano. Ele age de maneira contínua, monitorando o ambiente e analisando dados para tomar decisões seguindo o que lhe foi pedido. Isso é bem diferente de um uso da IA generativa, como conversas com o ChatGPT, em que, por mais incríveis que seus resultados sejam, são atividades pontuais e totalmente dependentes da interação com o usuário. Essas empresas agora prometem unir o melhor desses dois mundos, de modo que qualquer pessoa possa criar agentes sofisticados de maneira tão simples, quanto pedir que o chatbot escreva um texto. Ainda que isso não vá acontecer imediatamente, a simples abertura desse caminho pode ser realmente revolucionária. Mas afinal o que são e como funcionam os agentes de IA? Como serão as plataformas que permitirão criar esses sistemas de forma mais poderosa e fácil? Como isso afeta nossas vidas? Nesse episódio, respondo essas e outras perguntas. E você, sabia que já usa vários agentes de IA, talvez sem se dar conta?

    10min
  4. A IA que cria e tira empregos

    10 DE NOV.

    A IA que cria e tira empregos

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 A inteligência artificial pode maximizar nossas habilidades, mas também amplia contradições de nosso tempo. Isso aparece com muita força no âmbito profissional. Já se tornou quase um mantra do mercado dizer que as pessoas que não abraçarem essa tecnologia perderão os empregos para colegas que o fizerem, e é verdade. Mas ironicamente quem a usar também pode ir para o olho da rua, se não fizer isso direito. Cria-se então uma zona de contato bastante estreita, entre um “superpoder” para voar aos céus da carreira e a queda em um abismo profissional resultante de uma má educação no uso da IA. E esse não é um mero exercício intelectual. Ela já aumenta, agora mesmo, as vantagens de muitos profissionais e empresas. Do outro lado, vemos cerca de 14% da população brasileira sem qualquer acesso à Internet. Surgem alguns dilemas sociais profundos. Talvez algumas pessoas gostariam de simplesmente não usar essa tecnologia, e esse seria um direito legítimo. Mas ainda dá para se almejar isso? Na ponta oposta, outras desejariam aproveitá-la, mas estão completamente alijadas desses recursos. Como lhes garantir isso, que já se configura como um direito fundamental? Quem está no topo da pirâmide social deve parar de olhar para a sociedade como se todos estivessem na mesma situação frente à IA. NÃO ESTÃO! Existe uma muralha a ser transposta para que se tenha pelo menos algum acesso digital, mas o presente nos empurra para uma desigualdade ainda mais ostensiva. Esse é o dilema que precisa ser solucionado. Como chegar lá? É sobre isso que falo nesse espisódio! E você, como acha que a IA pode chegar a mais pessoas, e como fazer com que elas aproveitem bem seus recursos?

    9min
  5. “Emily em Paris” e o câncer de mama

    4 DE NOV.

    “Emily em Paris” e o câncer de mama

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 Que o apreço pela verdade anda em baixa, não é surpresa. Mas até onde pode ir a negação do que é real? Há muitos anos, a pós-verdade, aquela que prega que a versão dos fatos que interessam às pessoas é mais importante que os fatos em si, tornou-se uma muleta que justifica que pensem e façam o que quiserem, por mais absurdo que seja. Mas observo apreensivo uma nova fase dessa “paranoia coletiva”, em que alguns esperam que a própria realidade se curve aos seus devaneios, como se fossem o centro de seus próprios universos. Isso se manifesta de maneira mais ou menos escancarada. Um dos exemplos mais emblemáticos e antigos é aquela turma que insiste que a Terra seja plana, contrariando evidências tão enormemente abundantes, que tornam essa crença caricata e patética. Às vezes, esse descolamento da realidade se torna tragicômico. Por exemplo, a série “Emily em Paris”, sucesso adolescente da Netflix, mostra uma França “perfeita”, que parece gravitar em torno da torre Eiffel, sem moradores de rua, sujeira, crimes ou ratos. Disso surgiram turistas abobalhados que vão a Paris e ficam indignados quando descobrem que ela –como qualquer cidade– não é daquele jeito, e tem problemas! Em outros casos, as consequências podem ser graves, como em episódios recentes no Brasil de uma médica afirmando nas redes sociais que o câncer de mama não existe e de um médico que disse que a doença pode ser causada por mamografias. Se o fato de profissionais de saúde dizerem algo que pode literalmente matar pessoas não fosse grave o suficiente, esses posts legitimaram que uma legião de pessoas que, por qualquer motivo “não acreditam na doença”, viesse a público “expor essa verdade”. Os três exemplos, apesar de muito diferentes entre si, guardam uma raiz comum que corrói a sociedade há anos: quando qualquer um pode arrebanhar uma multidão com distorções deliberadas do real, os ganhos civilizatórios começam a colapsar. Quais as consequências disso para todos nós? Falo sobre isso nesse episódio. Para você, o que podemos fazer para reduzir esse problema?

    10min
  6. O dilema do celular na sala de aula

    28 DE OUT.

    O dilema do celular na sala de aula

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 Ao que tudo indica, o próximo ano letivo começará com os celulares restritos nas salas de aula. Isso é bom ou ruim? Em um raro consenso entre governo e oposição, um projeto de lei que disciplina seu uso deve ser aprovado até o fim do ano no Congresso Nacional. E apesar de eu concordar com a restrição, fico apreensivo com declarações de todos os lados que demonizam smartphones e outras tecnologias em sala de aula. Esse pensamento torna o debate mais raso e prejudica a possibilidade de crianças e adolescentes aprenderem a usar esses recursos de forma consciente e produtiva. Em um mundo profundamente digital, a simples proibição pode levar a um uso desses equipamentos descontrolado e escondido, o que pode ter consequências negativas. Todos nós sofremos com as distrações causadas pelos smartphones e suas intermináveis notificações, que sequestram nossa atenção. Para uma criança ou adolescente, essa sedução pode ser muito maior: pesquisas indicam que os alunos podem levar até 20 minutos para se concentrar novamente no que estavam aprendendo depois de usarem o celular para atividades não-acadêmicas. E mesmo o aparelho desligado pode levar a problemas de aprendizagem. Nesse sentido, não resta dúvida de que os alunos não devem ter acesso livre ao equipamento nas aulas. Especialistas defendem que não o usem nem no recreio, pois ele também comprometeria atividades de socialização típicas daquele momento. Isso é muito diferente de não usar os celulares com objetivos pedagógicos. Mas desperta outras preocupações, como se o professor está preparado para essa tarefa e se o celular do aluno deveria ser usado nesse caso, o que lhe daria, por exemplo, aceso a suas redes sociais, um verdadeiro “dreno de atenção”. Que caminho seguir então? É disso que trato nesse episódio! E para você, como celulares devem ser usados nas escolas?

    10min
  7. Não podemos ignorar os riscos da IA

    21 DE OUT.

    Não podemos ignorar os riscos da IA

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 Por que os grandes benefícios da IA não podem encobrir seus potenciais riscos? A IA já transformou o mundo, e esse processo está apenas engatinhando. Suas potencialidades beiram o inimaginável e devemos nos apropriar de todos esses recursos. Ainda assim, temos que cuidar para que isso não se torne um ópio que turve nossa compreensão dos riscos que ela também embute. Infelizmente já constato esse problema em pesquisadores, parte da imprensa, grandes empresários e outros líderes da sociedade, que abraçam a IA de maneira inconsequente, como se tudo dela fosse bom. Essas pessoas adotam um discurso deslumbrado e intransigente, criticando aqueles que propõem um debate equilibrado sobre benefícios e riscos da IA. No dia 8, a Academia Real das Ciências da Suécia concedeu o Prêmio Nobel de Física a Geoffrey Hinton, da Universidade de Toronto, e a John Hopfield, da Universidade de Princeton, pelos seus trabalhos pioneiros com redes neurais artificiais e com machine learning, bases da IA. Essa turma correu para incensar a vitória dessa tecnologia, escondendo que, apesar de ser considerado o “padrinho da IA”, Hinton também é um forte crítico ao seu desenvolvimento descuidado. A defesa inabalável da IA é criadora e criatura de um profundo processo de desordem informacional que beneficia as empresas do setor. Não é um fenômeno novo: há muitos anos, as big techs manipulam o público em favor das redes sociais. Com isso, mesmo diante dos seus evidentes problemas, uma parcela significativa da população ainda as apoia irrestritamente por seus inegáveis benefícios, mas ignorando seus óbvios prejuízos. Falhamos ao impedir que essa desinformação favorável às redes sociais criasse raízes tão profundas, que impediram que elas evoluíssem de maneira mais benéfica à humanidade. Não podemos repetir o erro com a inteligência artificial! Mas qual é o caminho a seguir? É sobre isso que falo nesse episódio. E você, acho que há exageros em torno da IA?

    9min
  8. A 'mágica' Da Inteligência Artificial Vem Do Trabalho 01

    14 DE OUT.

    A 'mágica' Da Inteligência Artificial Vem Do Trabalho 01

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 A “mágica” da IA vem de trabalho e tecnologia! Desde o lançamento do ChatGPT, em 30 de novembro de 2022, a inteligência artificial generativa vem redefinindo o mundo com uma velocidade nunca vista pela avalanche de aplicações que prometem facilitar as mais diversas tarefas. Porém, apesar dessa euforia, não há milagre nisso, e poucas pessoas entendem como tirar o proveito máximo dela. “Eu tenho convicção de que a tecnologia atual, que ainda é incipiente, é o embrião de uma nova civilização”, proclamou Gilson Magalhães, novo diretor-geral na América Latina da Red Hat, a maior empresa de software open source do mundo. “É preciso ter muita atenção a essa tecnologia, porque ela é de altíssimo impacto, e vai crescer progressivamente, trazendo novos insumos”, acrescentou, durante o Red Hat Summit Conect, principal evento da empresa no país, que aconteceu no dia 8, em São Paulo. Mas ainda há muito mais entusiasmo que conhecimento em torno da IA. Tanto que um estudo recente do Gartner indicou que metade das iniciativas com ela se limita a ferramentas de produtividade para as equipes, enquanto 30% agem nos processos. Implantações para verdadeiramente transformar o negócio, o que indicaria seu uso mais robusto, acontecem em apenas 20% dos casos. Magalhães deixa bastante claro: as pessoas querem “mágica” da IA, mas não funciona assim. Como qualquer outra tecnologia, os resultados vêm com informação e trabalho. É um cenário semelhante aos primórdios de outras tecnologias que revolucionaram o mundo: a Internet comercial e os smartphones. Nem em seus sonhos mais loucos, seus criadores poderiam imaginar o que surgiria daquilo! Não obstante, cá estamos, com vidas profundamente digitalizadas. Cabe a essa geração aprender a usar a inteligência artificial de maneira construtiva, segura e ética, criando utilizações que talvez hoje se pareceriam mesmo com mágica. Mas qual o caminho? É sobre isso que falo nesse episódio! E você, como está usando a IA no seu cotidiano?

    9min

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