Leia Erika, Leia Erika Verissimo
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- Arte
Olá, sou Erika Veríssimo!
Bem-vindes ao Leia Erika, leia!! (@leiaerikaleiapodcast)
Podcast de Literatura
"A poesia prevalece"
Pretendo compartilhar com vcs todas às quartas-feiras a leitura de um poeminha.
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#09 - Clarice Lispector - Uma esperança
Erika Lê: "Uma esperança" de Clarice Lispector
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#08 - Ficções do Interlúdio 1 - Alberto Caeiro
Erika lê Alberto Caeiro
Quando vier a Primavera
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu [tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é. -
#07 - Seiscentos e sessenta e seis - Mario Quintana
Erika Lê: Mario Quintana
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#06 - Manuel Bandeira - A vigília de hero
Erika Lê: Manuel Bandeira " A vigília de hero"
Tu amará outras mulheres
E tu me esquecerás!
é tão cruel, mas é a vida. E no entretanto
Alguma coisa em ti pertence-me!
Em mim alguma coisa és tu.
O lado espiritual do nosso amor
Nos marcou para sempre.
Oh, em pensamento nos meus braços!
Que eu afeiçoe e acaricie...
[...] -
#05 - Florbela Espanca - EU
Erika lê: Florbela Espanca "EU"
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida....
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém e vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez, a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou! -
#04- Carlos Drummond de Andrade - AMAR
Erika Lê: Carlos Drummond de Andrade
AMAR
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.