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RECORRÊNCIAS QUE LIBERTAM FILOSOFIA CLÍNICA - Diálogos Transversais

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"...Sábado à tarde, máquina de lavar-roupas funcionando
e eu meio que de molho, em suspensão, procurando aterrissar com um pouco mais de consistência e pertinência em meio às recorrências cotidianas... 

Haveria um posicionamento justo, correto, nesse
turbilhão de acontecimentos que soterra e destampona o ser gente... Quais os modos, tempos e idades que ditam frescor, que insuflam ardor as humanidades? Quantos JÁ ERA comportariam o que antes ERA certo? Se ERA foi, permanece de outra maneira a substância que agora e outra vez toma forma...

Reconfigurado no presente, flutuando em amplos espectros de afirmação e negação, onde o lenitivo das certezas nos espreita...
Haveria nelas eixo, chão?! Algo de não conformista em cada arrebentação que desnuda a ilusão... Seria original ou roupagem surrada a NOVA ERA?

O que sopra a poeira dos dias... O que desengordura o arremedo de ser gente na gente?! É demasiado o que faz de nós humanos... Ou atrofia a rede que tolhe e não acolhe e recolhe o que há de mais vivo no moribundo que pesa, satura e encapsula o brilho da gente?!

Faz um bom tempo que abri mão de amaciantes, se o excesso de perfume pode confundir as fibras das roupas, atraindo resíduos... o que fazem holofotes sociais e seus vernizes?! Os discursos se autoflagelam ao admitirem um só curso... Curvas são abolidas em prol das retas. Dissonâncias não detectadas, melhor, estrategicamente invisibilizadas, alimentam a normose do violento gozo, aquele que silencia prazeres...

A roupa segue batendo na máquina, eu busquei o
sol... Estou aqui, sentada no jardim do prédio, sentindo a brisa, observando a mobilidade dos veículos e transeuntes em
contraste com a aparente imobilidade da Catedral... Nela ainda há a cadência surda do relógio que teima em ditar o caminhar... E em mim, o que há?!

O céu, o vento e as nuvens sempre me apaziguaram: trino que faz da dualidade um... Enquanto há luz e o programa não finda a
máquina persiste: molho, lava, enxagua, centrifuga... Como o corpo encantado respira e transpira o pulso que sopra para além e ritmadamente se mantém.

Percorremos noites e dias, mapeamos ciclos, contornamos começos e fins, desdobramos eras... Que algum dia possamos nos perceber humanos como Vida espraiada sobre si mesma, à semelhança de roupas estendidas no varal, ao sabor dos tempos...

A máquina parou de funcionar, a programação automática concluiu seu curso, agora é comigo! Ela me chama... Ainda que
concreta a elegância ou deselegância, somos mutantes e isso me anima... Sopra uma brisa suave, aproveitemos os momentos! Há quem diga ser nossa vã liberdade."

 

Ana Rita de Calazans Perine

orior.com.br/ana-rita

"...Sábado à tarde, máquina de lavar-roupas funcionando
e eu meio que de molho, em suspensão, procurando aterrissar com um pouco mais de consistência e pertinência em meio às recorrências cotidianas... 

Haveria um posicionamento justo, correto, nesse
turbilhão de acontecimentos que soterra e destampona o ser gente... Quais os modos, tempos e idades que ditam frescor, que insuflam ardor as humanidades? Quantos JÁ ERA comportariam o que antes ERA certo? Se ERA foi, permanece de outra maneira a substância que agora e outra vez toma forma...

Reconfigurado no presente, flutuando em amplos espectros de afirmação e negação, onde o lenitivo das certezas nos espreita...
Haveria nelas eixo, chão?! Algo de não conformista em cada arrebentação que desnuda a ilusão... Seria original ou roupagem surrada a NOVA ERA?

O que sopra a poeira dos dias... O que desengordura o arremedo de ser gente na gente?! É demasiado o que faz de nós humanos... Ou atrofia a rede que tolhe e não acolhe e recolhe o que há de mais vivo no moribundo que pesa, satura e encapsula o brilho da gente?!

Faz um bom tempo que abri mão de amaciantes, se o excesso de perfume pode confundir as fibras das roupas, atraindo resíduos... o que fazem holofotes sociais e seus vernizes?! Os discursos se autoflagelam ao admitirem um só curso... Curvas são abolidas em prol das retas. Dissonâncias não detectadas, melhor, estrategicamente invisibilizadas, alimentam a normose do violento gozo, aquele que silencia prazeres...

A roupa segue batendo na máquina, eu busquei o
sol... Estou aqui, sentada no jardim do prédio, sentindo a brisa, observando a mobilidade dos veículos e transeuntes em
contraste com a aparente imobilidade da Catedral... Nela ainda há a cadência surda do relógio que teima em ditar o caminhar... E em mim, o que há?!

O céu, o vento e as nuvens sempre me apaziguaram: trino que faz da dualidade um... Enquanto há luz e o programa não finda a
máquina persiste: molho, lava, enxagua, centrifuga... Como o corpo encantado respira e transpira o pulso que sopra para além e ritmadamente se mantém.

Percorremos noites e dias, mapeamos ciclos, contornamos começos e fins, desdobramos eras... Que algum dia possamos nos perceber humanos como Vida espraiada sobre si mesma, à semelhança de roupas estendidas no varal, ao sabor dos tempos...

A máquina parou de funcionar, a programação automática concluiu seu curso, agora é comigo! Ela me chama... Ainda que
concreta a elegância ou deselegância, somos mutantes e isso me anima... Sopra uma brisa suave, aproveitemos os momentos! Há quem diga ser nossa vã liberdade."

 

Ana Rita de Calazans Perine

orior.com.br/ana-rita

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