24 afleveringen

dos amores racionais às razões do amor

Hemisférios Paulo Curió

    • Kunst

dos amores racionais às razões do amor

    Por Onde Andas, Capitu?

    Por Onde Andas, Capitu?

    Logo que nos conhecemos ela me perguntou - Eu te faço lembrar alguma personagem literária? - recordo-me, muito bem, da estranheza que senti ao ouvir aquela pergunta. Sua beleza, até então, insinuante, tornou-se enigmática. Os olhos pretos e graúdos exerciam uma força gravitacional inexplicável. Sim, eram olhos de ressaca.

    Assim como Capitu, em um primeiro instante, nada havia de extraordinário, era apenas um belo rosto, como dezenas de outros presentes naquele ambiente. Até que repentinamente laçam-me o desafio - Recita aquela poesia pra ela - ali fui tragado por suas pupilas, pela "onda que saia delas e vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me".

    Em nosso primeiro encontro, postava-se como Heloísa, descrita por Rubem Alves em "Meditação de um poeta" - "Ela estava assentada ligeiramente inclinada pra frente, as mãos apoiadas sobre as coxas. Olhou-me com olhos tranquilos e com a voz baixa me disse seu nome" - Naquele instante uma dúvida sombria habitou meu peito, perguntava-me, intermitentemente, qual o real efeito de sua beleza em mim?

    As palavras de Rubem Alves ecoavam em minha cabeça, ora aleatórias, ora em uníssono - Eu já havia visto muitas mulheres. Muitas delas mais bonitas. Mas a sua beleza nada fez com o meu corpo. Eu não a amei por ser mais bonita que as outras. Não é a beleza que produz o fascínio. Se o amor fosse produzido pela beleza eu teria me apaixonado por muitas mulheres. Então, o que foi que me enfeitiçou? Não sei. Amei sem saber por quê. Faço a mesma pergunta que santo Agostinho fez: “O que é que amo quando te amo?“ O que foi que amei quando a vi? - fui arrebatado pelo amor!

    Vivi naquele momento toda a angústia de Bentinho, procurando desesperadamente "outras partes vizinhas" para agarrar-me, mas as orelhas, os braços, os cabelos espalhados pelos ombros, nada atraia-me como aqueles olhos de cigana oblíqua e dissimulada.

    Quando meditava, espichava seu olhar na vastidão do horizonte, mordia delicadamente os lábios, deixando sua consciência divagar. Nunca soube, ou ousei perguntar, para onde estava indo naquele momento. Maria Bethânia fazia-se presente nestes instantes:

    "Quando o mar tem mais segredo

    Não é quando ele se agita

    Nem é quando é tempestade

    Nem é quando é ventania

    Quando o mar tem mais segredo

    É quando é calmaria..."

    Por onde andas, Capitu?



    Paulo Curió

    • 3 min.
    O Sexo é Garantido

    O Sexo é Garantido

    Sempre ouço da minha mãe - No meu tempo os jovens casavam para ter liberdade sexual, hoje em dia por que casariam?

    Engraçado como o comportamento humano obedece uma curva senoidal. A moda, as tendências, os erros, repetem-se ao longo dos anos. O velho clichê - Nada se perde, tudo se transforma - Pode até parecer diferente pela roupagem nova dada pelo momento, mas no fundo é sempre a mesma coisa.

    Vivemos uma liberdade sexual desenfreada. Temos acesso a pornografia, aos nudes, ao sexo sem compromisso e sem culpa. O que acho um avanço extraordinário. Sou contra a repressão sexual de qualquer tipo ou gênero. Só que este novo modelo de relação nos privou do afeto.

    Tenho amigos que durante sua adolescência tiveram namoros longos, com juras de amor, planos de futuro, mas sem sexo. Hoje a única certeza que você tem ao ficar com alguém é: Vai ter sexo. Vai ter muito sexo. Vai ter sexo pra krl. O resto? Ah, o resto a gente vê se rola.

    A reclamação feminina nas décadas passadas era - Nunca tive um orgasmo, os homens pensam apenas no prazer deles -. Hoje em dia as reclamações são muito mais afetivas.

    Relacionamentos terminam sem ter existido um momento sequer de contemplação. A maioria das pessoas se separa sem jamais ter admirado o corpo nu de seu companheiro(a)(x). Pobre de quem jamais velou o sono de outrem. O outro ali entregue, desarmado, despido de suas máscaras e armadura. Gozando a plenitude do envolvimento dos corpos e das almas, enquanto você vira pro lado e responde os amigos em algum aplicativo qualquer.

    Na maioria das vezes - Amor, estou exausto, cuida de mim um pouco - e a resposta vem num tom de competição - Ah, eu também estou, vem você cuidar de mim - Não há doação.

    Não importa se o sexo foi rápido, uma descarga de tesão. Se foi masoquista, se teve tapa, mordida, selvagem com carinho, romântico, papai-mamãe, o pré e o pós sexo sempre serão importantes.

    O sexo inicia-se bem antes do despir das vestes. Ele inicia na conversa durante o jantar. No contato dos olhos durante uma longa conversa de risos soltos. No leve toque das mãos que não cansam de se procurar enquanto assistem a série favorita. O sexo inicia ao abrir os olhos pela manhã e ver a mensagem de bom dia. Sexo vai muito além da penetração.

    Pra você que sofre de ejaculação precoce afetiva, não se preocupe, vai ter sexo. O resto? Ah, o resto a gente vê se rola.



    Paulo Curió

    • 3 min.
    Amor que Invade

    Amor que Invade

    Acreditavam viver um amor proibido - almas jovens tendem a romantizar as mais cruéis situações - Como alguém poderia proibir o amor? O amor é detentor de uma força maior, ele simplesmente invade, toma posse, pega pra si aquilo que lhe der vontade.

    O amor se impõe!

    Mãos que delicadamente se tocam, lábios que umidamente se selam, abraços que carinhosamente se protegem, olhares que apaixonadamente se admiram, sexos que ardentemente se desejam e se saciam, diálogos que pacientemente ensinam, presença que calorosamente acalma, é assim, por estas brechas que o amor ganha território dentro de nós. Ganha espaço. Percorre terreno. Assenta no peito e derruba as fronteiras da alma.

    Quando o amor disser "sim", não há quem possa dizer "não". O amor impera, e eu serei, por toda eternidade, seu súdito mais fiel.



    Paulo Curió

    • 1 min.
    Nem Sob Tortura

    Nem Sob Tortura

    Algumas dores deixam marcas tão profundas que jamais as esquecemos. Hoje, quando o coração apertou soube exatamente o motivo, então chorei como o dia em que você partiu.

    Jamais pedi que voltasse. Jamais te procurei. Até pensei em gritar enquanto você se afastava em passos largos, decidida a não olhar pra trás, emudeci. Sei que acertei. Você deve imaginar - Ele está com saudades!- audácia sua. Saudades habitam meu peito, mas não suas, minhas. Ao seu lado fui feliz como nunca. Descobri ser capaz de feitos incríveis, talentos ocultos, virtudes. Fui um homem melhor. Um ser humano melhor. De todas as sensações despertadas por você, a capacidade de criar era a mais excitante. Sua beleza estava em me fazer pensar, contestar, buscar sentido. Lembro dos teus olhos graúdos e do perfume dos teus cabelos e da boca úmida e dos corpos exauridos depois do sexo, mas teu rosto não passa de um borrão, sem traços, sem definição. De você nem me lembro mais, acho. Quem fui jamais esquecerei.

    No fundo, levastes consigo a melhor parte de mim, e jamais, em hipótese alguma, nem sob tortura, assumo que era você!

    Paulo Curió

    • 2 min.
    Tempo Sombrios

    Tempo Sombrios

    São tempos sombrios, o amor não anda seguro pelas ruas, constantemente perseguido, sabe que a morte lhe aguarda em cada esquina.

    São tempos sombrios, onde as pessoas assassinam seus semelhantes, seus deuses. Tempo de suicídio. Tempo de insanidade, perversidade, inversão de valores. Tempo do fim dos tempos.

    E mesmo assim eu te amei.

    Em meio aos teus surtos de vaidade, te amei. Em meio as tuas agressões, te amei. Em meio a tua indiferença, te amei. Em meio as tuas mentiras, verdadeiramente, te amei.

    São tempos sombrios, tempo de amores líquidos e dores sólidas. Tempo de depreciação dos laços afetivos. Deterioração da honra. Desvalorização da palavra.

    São tempos sombrios, onde duvidamos de nossa dignidade, do nosso caráter, do nosso lugar no cosmos, do valor da vida.

    Tempo de desamor ao próximo. Tempo de cegueira, de disseminação de discursos de ódio.

    E mesmo assim te amei.

    Em meio a tua cólera, te amei. Em meio as tuas pragas, te amei. Em meio ao teu ódio descabido, te amei. Em meio ao teu veneno destilado, te amei.

    Em tempos sombrios, o mundo precisa de amor!

    Paulo Curió

    • 1 min.
    Clarice

    Clarice

    Texto de Stella Pessoa

    • 4 min.

Top-podcasts in Kunst

Etenstijd!
Yvette van Boven en Teun van de Keuken
Met Groenteman in de kast
de Volkskrant
Ervaring voor Beginners
Comedytrain
RUBEN TIJL RUBEN - DÉ PODCAST
RUBEN TIJL RUBEN/ Tonny Media
Boeken FM
Das Mag & De Groene Amsterdammer
Man met de microfoon
Chris Bajema