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No Brasil, de acordo com dados da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres, as denúncias de violência doméstica aumentaram 17% após o início das medidas de isolamento social em alguns estados.

Somos seres humanos – do ponto de vista estritamente biológico, TODOS NÓS somos seres humanos -, já pelo aspecto comportamental, infelizmente nem todos merecem ser classificados como humanos. É da nossa natureza a necessidade de interagir com outros de nós; sentimos falta do convívio, de ver outras pessoas, de conversar, de estar em ambientes sociais; e, uma boa parte de nós está sendo privada dessa convivência, dada a necessidade do distanciamento social para achatar a curva de transmissão do Coronavírus.

Posicionamentos políticos à parte, posto que há quem seja contra o distanciamento social, alegando que “temos o direito de ir e vir”; ou que “o país não pode parar”; ou “a economia é mais importante do que a vida” – fiquemos apenas com aquela parcela da população que está confinada com sua família, para podermos analisar essa questão da convivência, tendo como recorte de análise, unicamente essa fatia da população.

Há aqueles que, por gozarem de uma situação financeira mais estável, seja porque tinham uma reserva financeira, ou tenham a possibilidade de trabalhar em casa, ou tenham a sorte de ter vínculos empregatícios com uma empresa que optou por manter os funcionários empregados, ainda que tenha sido necessário negociar jornadas de trabalho, corte de benefícios e redução de salário. Estes, conseguem focar sua energia combativa apenas para o inimigo comum: o vírus. São os mais privilegiados, do ponto de vista dos recursos materiais: não estão passando necessidades, suas demandas básicas (casa, comida, remédio, plano de saúde, gás, luz, internet, alguma distração caseira), estão garantidas. É possível que tenham tido de renunciar a alguns confortos, como pedir comida fora, por exemplo; mas não estão expostos a privações severas.

No entanto, há famílias que já vinham lidando com a escassez de recursos mesmo antes da pandemia. Num país com 14 milhões de desempregados há muitas pessoas que se valem da economia informal para sobreviver: fazem bicos, trabalhos domésticos, têm pequenos comércios, ou mesmo produzem de forma caseira, alimentos, peças artesanais, roupas e as comercializam por meio das redes sociais. Estes, não têm apenas o vírus como inimigo iminente; estão sendo privados do básico. Há milhões de brasileiros que já passavam fome antes da pandemia e, agora tiveram sua já difícil sobrevivência ainda mais agravada, pela dramática situação financeira em que estão imersas.

Se, com todo um cenário favorável, as relações de convivência tornam-se um desafio quando nos vemos confinados. Imagine numa situação onde há o desespero da fome, da falta do remédio e, principalmente, da falta de perspectiva para o dia seguinte, a próxima semana, o outro mês.

No Brasil, de acordo com dados da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres, as denúncias de violência doméstica aumentaram 17% após o início das medidas de isolamento social em alguns estados. Não que os casos de agressão a meninas e mulheres seja uma particularidade das classes mais vulneráveis ou tenha surgido com as medidas de isolamento, ; há muitos casos de violência e feminicídios dentro de famílias abastadas e mesmo entre aqueles com altos níveis de escolarização, que já vinham acontecendo há tempos. No entanto, junto com a miséria e com a convivência forçada, crescem os elementos que agravam relações já deformadas por comportamentos abusivos.

Outro aspecto importante, é entender que a violência doméstica não nasceu junto com a pandemia da COVID-19. Infelizmente, essa é uma situação bastante comum em nosso país desde o início da nossa História, por meio da qual é possível levantar inúmeros casos de estupro e agres

Violência Contra A Mulher Luana Garcez Nolasco

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No Brasil, de acordo com dados da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres, as denúncias de violência doméstica aumentaram 17% após o início das medidas de isolamento social em alguns estados.

Somos seres humanos – do ponto de vista estritamente biológico, TODOS NÓS somos seres humanos -, já pelo aspecto comportamental, infelizmente nem todos merecem ser classificados como humanos. É da nossa natureza a necessidade de interagir com outros de nós; sentimos falta do convívio, de ver outras pessoas, de conversar, de estar em ambientes sociais; e, uma boa parte de nós está sendo privada dessa convivência, dada a necessidade do distanciamento social para achatar a curva de transmissão do Coronavírus.

Posicionamentos políticos à parte, posto que há quem seja contra o distanciamento social, alegando que “temos o direito de ir e vir”; ou que “o país não pode parar”; ou “a economia é mais importante do que a vida” – fiquemos apenas com aquela parcela da população que está confinada com sua família, para podermos analisar essa questão da convivência, tendo como recorte de análise, unicamente essa fatia da população.

Há aqueles que, por gozarem de uma situação financeira mais estável, seja porque tinham uma reserva financeira, ou tenham a possibilidade de trabalhar em casa, ou tenham a sorte de ter vínculos empregatícios com uma empresa que optou por manter os funcionários empregados, ainda que tenha sido necessário negociar jornadas de trabalho, corte de benefícios e redução de salário. Estes, conseguem focar sua energia combativa apenas para o inimigo comum: o vírus. São os mais privilegiados, do ponto de vista dos recursos materiais: não estão passando necessidades, suas demandas básicas (casa, comida, remédio, plano de saúde, gás, luz, internet, alguma distração caseira), estão garantidas. É possível que tenham tido de renunciar a alguns confortos, como pedir comida fora, por exemplo; mas não estão expostos a privações severas.

No entanto, há famílias que já vinham lidando com a escassez de recursos mesmo antes da pandemia. Num país com 14 milhões de desempregados há muitas pessoas que se valem da economia informal para sobreviver: fazem bicos, trabalhos domésticos, têm pequenos comércios, ou mesmo produzem de forma caseira, alimentos, peças artesanais, roupas e as comercializam por meio das redes sociais. Estes, não têm apenas o vírus como inimigo iminente; estão sendo privados do básico. Há milhões de brasileiros que já passavam fome antes da pandemia e, agora tiveram sua já difícil sobrevivência ainda mais agravada, pela dramática situação financeira em que estão imersas.

Se, com todo um cenário favorável, as relações de convivência tornam-se um desafio quando nos vemos confinados. Imagine numa situação onde há o desespero da fome, da falta do remédio e, principalmente, da falta de perspectiva para o dia seguinte, a próxima semana, o outro mês.

No Brasil, de acordo com dados da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres, as denúncias de violência doméstica aumentaram 17% após o início das medidas de isolamento social em alguns estados. Não que os casos de agressão a meninas e mulheres seja uma particularidade das classes mais vulneráveis ou tenha surgido com as medidas de isolamento, ; há muitos casos de violência e feminicídios dentro de famílias abastadas e mesmo entre aqueles com altos níveis de escolarização, que já vinham acontecendo há tempos. No entanto, junto com a miséria e com a convivência forçada, crescem os elementos que agravam relações já deformadas por comportamentos abusivos.

Outro aspecto importante, é entender que a violência doméstica não nasceu junto com a pandemia da COVID-19. Infelizmente, essa é uma situação bastante comum em nosso país desde o início da nossa História, por meio da qual é possível levantar inúmeros casos de estupro e agres

    Violência

    Violência

    Entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher.

    ESPANCAMENTO

    ATIRAR OBJETOS, SACUDIR E APERTAR OS BRAÇOS

    ESTRANGULAMENTO OU SUFOCAMENTO

    LESÕES COM OBJETOS CORTANTES OU PERFURANTES

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    Violência Contra A Mulher (Trailer)

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