Fundação (FFMS) - [IN] Pertinente

Fundação (FFMS) - [IN] Pertinente

4 comunicadores, 4 especialistas, 4 temas - Economia, Sociedade, Política e Ciência -, todas as semanas no [IN] Pertinente. Um confronto bem disposto entre a curiosidade e o saber. Porque quando há factos, há argumentos. [IN] Pertinente é um podcast da Fundação Francisco Manuel dos Santos que pretende dar respostas às perguntas de todos, contribuindo para uma sociedade mais informada. Voz: Isabel Abreu; Banda Sonora: Fred Pinto Ferreira

  1. 2D AGO

    EP 215 | SOCIEDADE - Habitação: aproveitar o que temos, construir o que falta

    Fala-se muito sobre a falta de casas e a sobrelotação, mas menos do cenário de subocupação que já perfaz 64% do parque habitacional em Portugal - casas com divisões a mais e moradores a menos. Neste último episódio dedicado à habitação, Hugo van der Ding e a demógrafa Alda Azevedo analisam este e outros desequilíbrios que estão a afetar o mercado imobiliário, propondo estratégias concretas para enfrentar o que muitos consideram ser um problema sem solução. Um estudo sobre Lisboa ilustra bem o descompasso estrutural: o fluxo de entrada de jovens adultos supera em quase o dobro o ritmo natural de renovação do parque de habitação existente. Numa altura em que a ineficiência energética dos edifícios continua a ser uma realidade, exploram-se soluções como a requalificação de grandes apartamentos em unidades menores e a partilha intergeracional. A conversa estende-se ainda ao papel estratégico das universidades e empresas como catalisadores de desenvolvimento regional e à revitalização das cidades médias como alternativa à concentração urbana - já que metade da população vive em apenas 31 dos 308 municípios portugueses. Este é um episódio que nos convida refletir: não se trata apenas de construir mais, mas de distribuir e aproveitar melhor o que já temos. REFERÊNCIAS E LINKS ÚTEIS DEMOGRAPHIC RESEARCH, «Low fertility in Europe: Is the pension system the solution?» (2006, Demographic Research) MDPI, «Housing as a Determinant of Mental Health Equity: A Systematic Review» (2021, MDPI)  SCIENCE DIRECT, «Breaking down the Housing First model: Examining program implementation challenges from a European perspective» (2024, Cities) BIOS ALDA AZEVEDO Doutorada em Demografia pela Universidade Autónoma de Barcelona. É investigadora auxiliar no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa e professora auxiliar convidada no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. É coordenadora do doutoramento em Population Sciences (ULisboa) pelo ICS e membro da Comissão Científica. A sua investigação centra-se no estudo da demografia da habitação, do envelhecimento demográfico e, mais recentemente, no estudo da emigração portuguesa nos EUA. HUGO VAN DER DING Locutor, criativo e desenhador acidental. Uma espécie de cartunista de sucesso instantâneo a quem bastou uma caneta Bic, uma boa ideia e uma folha em branco. Criador de personagens digitais de sucesso como a Criada Malcriada e Cavaca a Presidenta, autor de um dos podcasts mais ouvidos em Portugal, Vamos Todos Morrer, também escreve para teatro e, atualmente, apresenta o programa Duas Pessoas a Fazer Televisão na RTP, com Martim Sousa Tavares.

    45 min
  2. MAY 8

    EP 214 | ECONOMIA: as nossas decisões são racionais?

    Por que razão achamos que um produto mais caro é sempre melhor? E que estratégia devemos seguir numa negociação salarial? Neste episódio, Filipa Galrão e o especialista Diogo Mendes exploram os mecanismos da economia comportamental, para lhe responder a esta e a outras questões. Descubra como o nosso cérebro, longe de ser uma máquina 100% racional, recorre a atalhos mentais que nos levam, muitas vezes, a tomar decisões financeiras pouco sensatas. As empresas conhecem bem essas vulnerabilidades - não é por acaso que a Amazon é hoje a segunda maior empregadora de economistas doutorados nos EUA. Ao longo da conversa, são desvendados alguns dos truques de marketing mais eficazes: o «efeito isco», por exemplo, que explica por que o pacote médio de pipocas no cinema existe apenas para nos fazer comprar o grande; ou a razão pela qual o antigo «leite gordo» passou a chamar-se «leite inteiro», mesmo sem qualquer alteração no produto. Uma conversa essencial para perceber como funciona o comportamento humano e para agir de forma informada na hora de consumir e investir. REFERÊNCIAS E LINKS ÚTEIS ARIELY, Dan, «Predictably Irrational: The Hidden Forces That Shape Our Decisions» (2008, HarperCollins) KAHNEMAN, Daniel, «Thinking, Fast and Slow» (2011, Farrar, Straus and Giroux) HARVARD BUSINESS REVIEW, «How to Answer 'What Are Your Salary Expectations?'» (2023, Harvard Business Review) OBSERVADOR, «As armadilhas mentais que os investidores enfrentam» (2022, Observador) THE STRATEGY STORY, «Economist Magazine: A Story of Clever Decoy Pricing» (2020, The Strategy Story) VOX, «Airport Prices Make No Sense, Except When You Consider the Monopoly Factor» (2023, Vox) BIOS Diogo Mendes Professor de Finanças na Stockholm School of Economics. Doutorou-se em finanças pela Nova School of Business and Economics, tendo passado pela London School of Economics e Imperial College London. Tem investigação nas áreas de literacia financeira, finanças da empresa e economia do desenvolvimento. Faz parte da equipa de coordenação do programa “Finanças para Todos” com o intuito de promover melhores práticas financeiras em Portugal. Filipa Galrão  A Filipa vive no campo, mas é à cidade que vai quando precisa de euforia, seja em festivais de música ou no Estádio da Luz. Estudou Comunicação Social e Cultural na Universidade Católica. Em pequena, gravava o diário em K7, em graúda agarrou-se aos microfones da Rádio. Depois da Mega Hits e da Renascença, é agora uma das novas vozes da Rádio Comercial. Já deu à luz 1 livro infantil - Que Estranho! - e 2 filhos.

    45 min
  3. MAY 2

    EP 213 | CIÊNCIA: O lado (in)visível do nosso estilo de vida

    Quantas vezes já ouviu que devia dormir mais, comer melhor ou fazer exercício? E se lhe disséssemos que um bom estilo de vida não é igual para todos? Neste episódio, o psiquiatra Gustavo Jesus e Rui Maria Pêgo desafiam as ideias feitas sobre saúde física e mental. Entre mitos e verdades científicas, percebemos por que motivo o sono é um autêntico «seguro de vida» para o cérebro - numa altura em que um em cada dez portugueses sofre de perturbações significativas neste domínio. Surpreendentemente, também ficamos a conhecer o poder do nosso «segundo cérebro» e como o microbioma e uma dieta não inflamatória podem influenciar diretamente a nossa saúde mental. Além disso, percebemos que os influencers e especialistas em produtividade que se gabam de dormir apenas 4 horas e fazer várias «power naps» durante o dia estão, afinal, a prejudicar a própria saúde. E, contrariando a ideia do «trabalho como o mau da fita», descobrimos que cerca de 30% das pessoas o consideram essencial para o seu bem-estar. O mais fascinante? A forma como os nossos genes e personalidade se combinam com as circunstâncias socioeconómicas para definir o estilo de vida que realmente funciona para cada um de nós. A verdade é que as rotinas que beneficiam uma pessoa podem ser devastadoras para outra. Numa era em que as redes sociais e os «gurus» do bem-estar nos dizem constantemente como devemos viver através dos seus métodos universais, este episódio oferece uma perspectiva libertadora: não há uma fórmula única para uma vida saudável. E sim, é possível construir relações significativas com quem tem um estilo de vida completamente diferente do nosso. REFERÊNCIAS E LINKS ÚTEIS Trabalho: GLASSDOOR, Q3 2015 Employment Confidence Survey (2015, Glassdoor) ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, Health and Work (2024, OECD) ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, OECD Better Life Index: Portugal (2024, OECD) SALVAGIONI, Denise A. J. et al., Physical, psychological and occupational consequences of job burnout: A systematic review of prospective studies (2017, PLoS One) THE JOBLIST, The Elusive Work-Life Balance (2023, JobList Trends) Exercício físico: CHEKROUD, Sammi R. et al., Association between physical exercise and mental health in 1·2 million individuals in the USA between 2011 and 2015: a cross-sectional study (2018, The Lancet Psychiatry) KHAN, Asaduzzaman et al., Dose-dependent and joint associations between screen time, physical activity, and mental wellbeing in adolescents: an international observational study (2021, The Lancet Child & Adolescent Health) PEARCE, Matthew et al., Association Between Physical Activity and Risk of Depression: A Systematic Review and Meta-analysis (2022, JAMA Psychiatry) Alimentação: JACKA, Felice, Brain Changer (2019, Yellow Kite) Sono: GOMES, Sofia, O Sono dos Portugueses (2023, Oficina do Livro) BIOS RUI MARIA PÊGO Tem 35 anos, 16 deles passados entre a rádio, o teatro e a televisão. Licenciado em História pela Universidade Nova de Lisboa, e mestre em Fine Arts in Professional Acting pela Bristol Old Vic Theatre School. GUSTAVO JESUS Médico psiquiatra e trabalha há mais de 10 anos no PIN – Partners in Neuroscience. É atualmente diretor de Serviço no Hospital de Vila Franca de Xira, professor na Católica Medical School e membro da direção da SPPSM. Publicou artigos e trabalhos científicos, participou em livros técnicos e em muitas iniciativas de divulgação das neurociências clínicas, como forma de aumentar a informação e mitigar o estigma associado às doenças mentais.

    51 min
  4. APR 24

    EP 212 | POLÍTICA: A cultura toma sempre partido?

    Quando uma canção da Eurovisão se torna senha de uma revolução, percebemos que a fronteira entre cultura e política é mais porosa do que imaginamos. Neste episódio, Manuel Cardoso e o politólogo João Pereira Coutinho exploram esta relação complexa com uma dose generosa de humor e perspicácia. Será possível criar arte apolítica? Existirá uma cultura «de direita» e outra «de esquerda»? E qual o papel do Estado – mecenas, curador ou censor? Da alta cultura aos memes, do cinema de Hollywood aos blogs dos anos 2000, a conversa navega pela forma como a cultura molda – e é moldada por – ideias políticas. Descubra por que razão os vilões do cinema já não são chineses ou como as artes, que influenciaram a Revolução Francesa e os nacionalismos, são hoje condicionadas pelas redes sociais.  Um episódio que promete fazer pensar. REFERÊNCIAS E LINKS ÚTEIS BERARDINELLI, Alfonso, «Direita e Esquerda na Literatura» (2021, Âyiné) CARVALHO, Mário de, «Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto» (1995, Caminho) DOUTHAT, Ross, «The Decadent Society: How We Became a Victim of Our Own Success» (2020, Simon & Schuster) KANG, Han, «A Vegetariana» (2017, Dom Quixote) LAMPEDUSA, Giuseppe Tomasi di, «O Leopardo» (2007, Dom Quixote) MIŁOSZ, Czesław, «A Mente Aprisionada» (2018, Cavalo de Ferro) ORWELL, George, «1984» (2021, Antígona) PERL, Jed, «Authority and Freedom: A Defense of the Arts» (2022, Knopf) STEINER, George, «No Castelo do Barba Azul: Algumas Notas para a Redefinição da Cultura» (1992, Relógio D'Água) WILDE, Oscar, «A Intransigente Defesa da Arte» (2022, Guerra & Paz) BIOS MANUEL CARDOSO É humorista e um dos autores do programa de sátira política «Isto É Gozar Com Quem Trabalha», da SIC. Faz parte do podcast «Falsos Lentos», um formato semanal de humor sobre futebol. É o autor da rubrica radiofónica diária «Bem-vindo a mais um episódio de», nas manhãs da Rádio Comercial. Contribui semanalmente para o Expresso, desde 2023, com uma crónica semanal. JOÃO PEREIRA COUTINHO Professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, onde se doutorou em Ciência Política e Relações Internacionais. É autor dos livros «Conservadorismo» e «Edmund Burke – A Virtude da Consistência». Ao longo de 25 anos tem assinado artigos na imprensa nacional e é colunista do diário brasileiro «Folha de S. Paulo», o maior jornal da América Latina.

    47 min
  5. APR 17

    EP 211 | SOCIEDADE - Habitação pública: um direito por cumprir

    Neste terceiro episódio dedicado à habitação, Hugo van der Ding conversa com a investigadora Alda Azevedo sobre o papel – ainda por cumprir – da habitação pública em Portugal: um direito constitucional desde 1976, mas que continua a aguardar políticas efetivas. Analisam-se as fragilidades das políticas públicas, a degradação e gestão deficiente dos bairros municipais, a estigmatização dos seus residentes e ainda o fenómeno «Not in my backyard»: quando a sociedade apoia a habitação pública em teoria, mas a rejeita nas proximidades da sua residência. Neste contexto, ganha destaque um novo perfil de exclusão que desafia as respostas tradicionais: pessoas com emprego, perfeitamente integradas na sociedade e no mercado de trabalho, mas que, face aos preços inacessíveis, se veem obrigadas a viver em tendas, roulottes ou carros. No entanto, surgem também exemplos de esperança e alternativas viáveis, como o modelo dinamarquês, onde 20% do parque habitacional é acessível e gerido por associações sem fins lucrativos, ou o caso do projeto DASH (Deliver Safe and Social Housing), que junta universidades, municípios e organizações em quatro cidades europeias, incluindo Braga. Uma reflexão que vai além do diagnóstico: aponta caminhos, propõe soluções e desafia-nos a repensar a cidade como um espaço inclusivo – onde a habitação pública possa realmente integrar a malha urbana e dar resposta a necessidades prementes. REFERÊNCIAS E LINKS ÚTEIS ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, Direito à Habitação (1976, Diário da República) ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, Lei de Bases da Habitação (2019, Diário da República) AGAREZ, Ricardo Costa, «A habitação apoiada em Portugal» (2022, Fundação Francisco Manuel dos Santos) DASH PROJECT, «Decent and Affordable Sustainable Housing» (2023, União Europeia) EXPERTS PROJECT, PER Atlas (2023, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa) BIOS ALDA AZEVEDO Doutorada em Demografia pela Universidade Autónoma de Barcelona. É investigadora auxiliar no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa e professora auxiliar convidada no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. É coordenadora do doutoramento em Population Sciences (ULisboa) pelo ICS e membro da Comissão Científica. A sua investigação centra-se no estudo da demografia da habitação, do envelhecimento demográfico e, mais recentemente, no estudo da emigração portuguesa nos EUA. HUGO VAN DER DING Locutor, criativo e desenhador acidental. Uma espécie de cartunista de sucesso instantâneo a quem bastou uma caneta Bic, uma boa ideia e uma folha em branco. Criador de personagens digitais de sucesso como a Criada Malcriada e Cavaca a Presidenta, autor de um dos podcasts mais ouvidos em Portugal, Vamos Todos Morrer, também escreve para teatro e, atualmente, apresenta o programa Duas Pessoas a Fazer Televisão na RTP, com Martim Sousa Tavares.

    45 min
  6. APR 12

    EP 210 | ECONOMIA - Investir: entre o medo e o risco calculado

    Imagine a sua riqueza a encolher silenciosamente, ano após ano. Não é ficção: é o que acontece ao dinheiro de 70% dos portugueses, «adormecido» em depósitos a prazo. Neste episódio, Filipa Galrão conversa com o especialista em finanças, Diogo Mendes, que nos explica por que motivo apenas 2% dos portugueses investem em ações, enquanto nos países nórdicos essa percentagem está próxima dos 20%. Se formos além da realidade europeia, os contrastes são ainda mais significativos: sem um Estado Social robusto, 62% dos americanos participam no mercado acionista. O que explica estas diferenças? Um fator-chave é precisamente o nível de literacia financeira. Mas há outros: o género, a educação e, naturalmente, o rendimento influenciam as nossas decisões financeiras e o nosso grau de aversão ao risco ao longo da vida. Quer seja um investidor experiente ou alguém que nunca comprou uma ação, junte-se à conversa e aprenda a navegar o mundo dos investimentos com mais conhecimento e confiança. REFERÊNCIAS E LINKS ÚTEIS BANCO DE PORTUGAL, CMVM, ASF,«4º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa» (2023, Todos Contam) CMVM, «Perfil do Investidor» (2023, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) DECO PROTESTE, «Custos de corretagem: simulação Deco para corretoras online vs. Bancos» (2023, Deco Proteste) EFAMA, «Household participation in capital markets» (2023, European Fund and Asset Management Association) «MONSTER OF WALL STREET», Madoff: The (2023, Netflix) «THE MEASURE OF A PLAN, Investment returns by asset class - Last 50 years» (2023, The Measure of a Plan) «WORLD FEDERATION OF EXCHANGES, Number of listed companies» (2023, Focus World Federation of Exchanges) BIOS Diogo Mendes Professor de Finanças na Stockholm School of Economics. Doutorou-se em finanças pela Nova School of Business and Economics, tendo passado pela London School of Economics e Imperial College London. Tem investigação nas áreas de literacia financeira, finanças da empresa e economia do desenvolvimento. Faz parte da equipa de coordenação do programa “Finanças para Todos” com o intuito de promover melhores práticas financeiras em Portugal. Filipa Galrão  A Filipa vive no campo, mas é à cidade que vai quando precisa de euforia, seja em festivais de música ou no Estádio da Luz. Estudou Comunicação Social e Cultural na Universidade Católica. Em pequena, gravava o diário em K7, em graúda agarrou-se aos microfones da Rádio. Depois da Mega Hits e da Renascença, é agora uma das novas vozes da Rádio Comercial. Já deu à luz 1 livro infantil - Que Estranho! - e 2 filhos.

    44 min
  7. APR 3

    EP 209 | CIÊNCIA: Um cérebro analógico viciado num mundo digital

    Sabia que cada vez que interrompemos uma tarefa para espreitar as redes sociais, demoramos 25 minutos a recuperar a concentração por completo?  Neste episódio, o psiquiatra Gustavo Jesus e Rui Maria Pêgo analisam a forma como a tecnologia e, em especial, os smartphones estão a capturar a nossa atenção e a reconfigurar o funcionamento do cérebro. Ao longo da conversa, a dupla desconstrói o «circuito da recompensa» e explica como os algoritmos tentam monopolizá-lo para nos manter ligados a todo o momento. Resultado? Nos últimos dez anos, a capacidade de concentração (attention span) das crianças diminuiu de 12 para 8 segundos. Os dados sobre exposição digital precoce são reveladores: 50% das crianças até aos 3 anos já têm o seu próprio dispositivo e a percentagem de jovens com smartphone saltou de 30% para 80% entre 2015 e 2020. Esta digitalização acelerada não é inócua - estudos recentes demonstram a correlação entre o uso crescente de redes sociais e o aumento das taxas de ansiedade e depressão em adolescentes. Perante este cenário, abordam-se questões como a regulação do uso de telemóveis nas escolas e os riscos e oportunidades das «IA-terapeutas». Uma discussão necessária num momento em que mecanismos digitais colocam o nosso cérebro analógico em modo SOS, forçado a processar um fluxo incessante de estímulos para os quais não está biologicamente preparado. REFERÊNCIAS ÚTEIS HAIDT, Jonathan, «A Geração Ansiosa» (2023, Lua de Papel) HARI, Johann, «Sem Foco» (2023, Lua de Papel) THORNE, Jack, GRAHAM, Stephen, «Adolescence» (2023, Netflix) GIRELA-SERRANO, Braulio M., et al., «Impact of mobile phones and wireless devices use on children and adolescents' mental health: a systematic review» (2024, European Child & Adolescent Psychiatry) VAN DEN HEUVEL, Meta, et al., «Mobile Media Device Use is Associated with Expressive Language Delay in 18-Month-Old Children» (2019, Journal of Developmental Pediatrics) RAYCE, Signe Boe, et al., «Mobile device screen time is associated with poorer language development among toddlers: results from a large-scale survey» (2024, BMC Public Health) SANTOS, Renata Maria Silva, et al., «The Association between Screen Time and Attention in Children: A Systematic Review» (2022, Scientific Reports) SKOWORONEK, Jeanette, et al., «The mere presence of a smartphone reduces basal attentional performance» (2023, Scientific Reports) TYMOFYEYEVA, Olga, et al., «Neural Correlates of Smartphone Dependence in Adolescents» (2020, Frontiers in Human Neuroscience) KEMP, Elyria, CHILDERS, Carla Y., «Insta-Gratification: Examining the Influence of Social Media on Emotions and Consumption» (2021, The Journal of Social Media in Society) ANDERL, Christine, et al., «Directly-measured smartphone screen time predicts well-being and feelings of social connectedness» (2024, Journal of Social and Personal Relationships) BIOS RUI MARIA PÊGO Tem 35 anos, 16 deles passados entre a rádio, o teatro e a televisão. Licenciado em História pela Universidade Nova de Lisboa, e mestre em Fine Arts in Professional Acting pela Bristol Old Vic Theatre School. GUSTAVO JESUS Médico psiquiatra e trabalha há mais de 10 anos no PIN – Partners in Neuroscience. É atualmente diretor de Serviço no Hospital de Vila Franca de Xira, professor na Católica Medical School e membro da direção da SPPSM. Publicou artigos e trabalhos científicos, participou em livros técnicos e em muitas iniciativas de divulgação das neurociências clínicas, como forma de aumentar a informação e mitigar o estigma associado às doenças mentais.

    50 min
  8. MAR 28

    EP 208 | POLÍTICA - Entre Marte, Vénus e Saturno: o novo mapa do poder

    O que acontece quando o mundo muda tanto em tão pouco tempo? Neste episódio, o politólogo João Pereira Coutinho e Manuel Cardoso analisam as dinâmicas que estão a redesenhar o mapa do poder global e que vão constar nos futuros manuais de História. A conversa revisita o famoso «Fim da História», de Fukuyama, que proclamou a vitória definitiva da democracia liberal após a Guerra Fria, e contrasta este otimismo com a visão mais cética de Huntington sobre o choque das civilizações. Explorando a tese de Robert Kagan sobre os americanos serem de Marte e os europeus de Vénus, questiona-se o futuro da NATO, a vulnerabilidade de uma Europa desarmada e o papel da China – essa potência de «Saturno», que parece operar num horizonte temporal bem distinto do ocidental. REFERÊNCIAS E LINKS ÚTEIS ALLISON, Graham, «Destinados à Guerra: Poderão a América e a China escapar à armadilha de Tucídides?» (2017, Gradiva) FASTING, Mathilde, ed., «After the End of History: Conversations with Francis Fukuyama» (2021, Georgetown) FUKUYAMA, Francis, «O Fim da História e o Último Homem» (1992, Gradiva) HUNTINGTON, Samuel, «O Choque das Civilizações e a Mudança na Ordem Mundial» (1996, Gradiva) KAGAN, Robert, «O Paraíso e o Poder: A América e a Europa na Nova Ordem Mundial» (2003, Gradiva) KAPLAN, Robert, «Waste Land: A World in Permanent Crisis» (2023, C. Hurst & Company) KUPCHAN, Charles, «Isolationism: A History of America's Efforts to Shield Itself from the World» (2020, Oxford) BIOS MANUEL CARDOSO É humorista e um dos autores do programa de sátira política «Isto É Gozar Com Quem Trabalha», da SIC. Faz parte do podcast «Falsos Lentos», um formato semanal de humor sobre futebol. É o autor da rubrica radiofónica diária «Bem-vindo a mais um episódio de», nas manhãs da Rádio Comercial. Contribui semanalmente para o Expresso, desde 2023, com uma crónica semanal. JOÃO PEREIRA COUTINHO Professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, onde se doutorou em Ciência Política e Relações Internacionais. É autor dos livros «Conservadorismo» e «Edmund Burke – A Virtude da Consistência». Ao longo de 25 anos tem assinado artigos na imprensa nacional e é colunista do diário brasileiro «Folha de S. Paulo», o maior jornal da América Latina.

    38 min

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4 comunicadores, 4 especialistas, 4 temas - Economia, Sociedade, Política e Ciência -, todas as semanas no [IN] Pertinente. Um confronto bem disposto entre a curiosidade e o saber. Porque quando há factos, há argumentos. [IN] Pertinente é um podcast da Fundação Francisco Manuel dos Santos que pretende dar respostas às perguntas de todos, contribuindo para uma sociedade mais informada. Voz: Isabel Abreu; Banda Sonora: Fred Pinto Ferreira

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