Terra em Transe 2020 - As Vozes da Pandemia
Terra em Transe, obra-prima da Cultura Nacional, escrita em 1966, teve o seu roteiro teatralizado em 2015 e estreado em agosto deste mesmo ano pela Cia. Bará de teatro. Sua montagem percorreu nutrindo uma linguagem que o grupo vem digerindo e amadurecendo até hoje, gestando experiências que se somaram em Oficinas abertas e na montagem da “Trilogia da Terra”, livremente inspirada nos três filmes de Glauber Rocha: Deus e o Diabo na Terra do Sol, Terra em Transe e A Idade da Terra, cujo experimento perdurou até 2017. 2020 tudo mudou drasticamente, mas o transe da terra continua, sobretudo o transe do poder que produz fortes e fracos, sábios e ignorantes, ricos e pobres. Esta conexão com os ruídos, não só do Brazyl 2020, mas também do mundo pandêmico, fez criar a sintonia da “Terra em Transe 2020 – as vozes da pandemia” versão podcast, dirigida e adaptada por Diego Gonzalez e editada por Eder Brito. Pois as obras-primas têm este poder, o de criar “furos no tempo”, de modo que se perceba, quase que misticamente, as gerações cíclicas que retornam e com elas os seus abismos. Ambos os tempos, os ‘Tempos de Chumbo’ como os ‘Tempos Pandêmicos’, revelam a mesma epidemia política e retrocesso obscurantista que sucumbem mentes e corações 'a Deus e aos Senhores'. Terra em Transe é das vozes que não morrem, não se calam, e que atravessam gerações nutrindo linguagens, desejos e estéticas, nutrindo poesias e manifestos. Seu embrião começa em 1965, com o Manifesto Eztétyka da Fome, escrito pelo mesmo cineasta baiano, que inspirou movimentos como a Tropicália e o Cinema Novo, construindo o arcabouço da descolonização do imaginário e da composição da identidade nacional. Vem aí: Terra em Transe 2020 – as vozes da pandemia! Esta obra foi gravada remotamente pela Cia Bará de Junho a Setembro de 2020 e não contou com nenhum patrocínio. Apoie a Cultura Independente.