Academia de Filosofia Romeu Ivolela

No decorrer da história a humanidade vem buscando formas de superar-se como espécie. 

A criação da mitologia e seus heróis, bem como o advento das religiões, fomentou no consciente coletivo a possibilidade de ampliar os limites físicos e intelectuais dos homens para além do que a natureza determinou. 

Há uma terceira forma de contornar os limites da mãe natureza, levando-nos necessariamente à criação do artificial, no qual depositaremos a esperança de solução das mazelas e a realização dos sonhos dos homens.

Este projeto leva-nos ao desafio de criar superinteligências que possam nos ajudar neste ambicioso projeto: a inteligência artificial (IA).



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A maioria de nós tem aversão a conflitos. O simples fato de embate causa em muitos medo e angústia, como se o resultado sempre fosse negativo. Os conflitos são tidos como agentes de conturbação social e geralmente são reprimidos e evitados, tanto na esfera privada quanto pública.

Ao olhar para a natureza nota-se que seus processos ocorrem por contradições: dia e noite, calor e frio, seco e molhado e vida e morte. Por trás desta dinâmica está um processo ininterrupto de transformações que explica a realidade. A natureza explicada desta forma é constante mudança.

Heráclito foi um filósofo pré-socrático que viveu no século VI a.C. e dizia que não podemos nos banhar duas vezes no mesmo rio porque, assim como suas águas, nós também somos diferentes daqueles que se banharam no rio. Além de dizer que tudo flui constantemente, Heráclito defendia a tese de que este fluxo de transformação era sustentado por conflitos.

No conflito dos opostos o universo promove a justiça e a harmonia, fruto de um processo instável, resultado de um eterno devir e ao qual tudo e todos estão submetidos. A unidade, a partir desta filosofia, ocorre por uma "harmonia oculta" na dinâmica das tensões entre os contrários, evitando que um lado subjugue o outro e a desigualdade impere no universo.

Nesta eterna dialética, Heráclito apresenta-nos o lado positivo do conflito, subjacente à luta dos opostos e  no qual se encontra a unidade harmônica. Na dialética natural regida pelo Logos, a inteligência de Deus, está o próprio devir refutando e propondo em ciclos eternos o aprimoramento da criação.

Dado que a mudança é inevitável e o conflito o meio necessário para ela, cabe-nos aceitar e fluir nas águas da vida, conscientes de que as águas turvas tornar-se-ão límpidas, para novamente tornarem-se turvas, e que em cada instante da transformação tenhamos a fé na razão do universo, a gratidão pelo vivido e a presença de contemplação do fluxo divino.



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Se São Judas Tadeu é o padroeiro das causas impossíveis, Pitágoras é o da matemática.

Pitágoras foi uma das figuras mais incríveis e intrigantes da filosofia grega. Fundou uma ordem religiosa e filosófica: a escola pitagórica. Seus adeptos seguiam a risca alguns preceitos: não comer feijão, não pegar de volta o que caísse no chão e devotar amor aos números.

Por meio dos números pares e ímpares todo o universo tinha se formado e encontrar os fundamentos matemáticos por trás de todas as coisas, via meditação contemplativa, estava o êxtase da comunhão com Deus.

As verdades matemáticas relevam as verdades eternas e exatas do criador, e todo aquele que usa a matemática como norte é um devoto de Pitágoras.

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Como pensar de forma criativa, o clássico "fora da caixa"? Ideias originais e transformadoras geralmente decorrem de ambientes que propiciem isto.

A cidade de Mileto há 2500 anos possuía tal ambiente. Localizada da Asia menor, Mileto tinha um intercâmbio comercial e cultural intenso com o Egito, a Babilônica e o reino da Lídia. Este trânsito multicultural abrandava os pré-conceitos e restrições especulativas, resultado da ausência de religião, ideologias e permitindo à Mileto tornar-se o berço da filosofia e da ciência.

A escola de Mileto, por meio de seus ilustres representantes Tales, Anaximandro e Anaximenes , criou hipóteses para explicar o princípio geral da natureza (arché): água, infinito e ar, respectivamente. Ademais, criou modelos cosmológicos e inventos científicos, dando-nos lições importantes sobre como a liberdade de pensamento pode ser frutífera quando solta das amarras que as acanham e inibem.

Os filósofos de Mileto pensaram "fora da caixa" e ao fazê-lo romperam com a mitologia e crendices populares de sua época, inaugurando a era da razão, marca fundamental da civilização ocidental.



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Na Grécia antiga existiam duas religiões muito populares: o culto ao Orfeu e o Culto ao Baco (ou Dioniso). O deus Baco era cultuado pelas pessoas apaixonadas pelo imediatismo e instinto. Em contrapartida, o deus Orfeu era adorado pelos prudentes e previdentes, certos de que este esforço era necessário para a elevação da alma.

Por trás destes cultos está o eterno conflito entre a paixão e a prudência marcando  duas formas distintas de viver e pensar. Os dionisos voltam-se a viver a vida intensamente e os órficos veem nesta entrega a ruína do espírito e a causa de seu aprisionamento à vida material.

No aspecto filosófico esta distinção é marcada pelos filósofos voltados aos fatos da vida (Aristóteles, Sartre, etc.) ou à meditação metafísica (Platão, Pitágoras, etc).

E você é um órfico ou um dionisio?



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Você é uma pessoa prudente ou vive a vida intensamente?

Aqueles que são prudentes pensam nas alegrias conseguidas por meio da previdência: uma vida mais saudável, uma reserva financeira e mais qualidade de vida.

Em contrapartida, aqueles que abandonam a prudência o fazem em nome de uma vida mais instintiva, na qual cada momento deve ser vivido em sua plenitude.

No podcast de hoje, vamos pensar sobre estes dois comportamentos por meio do Culto ao Baco, uma das religiões da Grécia antiga e popular por exaltar a intensidade das paixões humanas.

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