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este é o poesia quase todo dia, um podcast onde te entrego poesias e prosas curtas escritas por mim, eduardo furbino, um escritor & artista visual mineiro que vive em são paulo. vez ou outra, leio também textos de pessoas que me inspiram. veja mais poemas no instagram: @edufurbino

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poesia quase todo dia eduardo furbino

    • Artes
    • 5,0 • 1 avaliação

este é o poesia quase todo dia, um podcast onde te entrego poesias e prosas curtas escritas por mim, eduardo furbino, um escritor & artista visual mineiro que vive em são paulo. vez ou outra, leio também textos de pessoas que me inspiram. veja mais poemas no instagram: @edufurbino

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    você não

    você não

    você não é um desses poemas confessionais que a gente escreve para exorcizar a figura de alguém, mesmo que o rosto desse alguém seja feito de muitas caras. é também um texto de reencontro, que leva o eu lírico para mais próximo da certeza de que ele se basta.


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    • 49 s
    fio de corte

    fio de corte

    fio de corte é um poema inspirado em “tenho quebrado copos”, da ana martins marques, publicado em seu livro das semelhanças. não tão inspirado assim, mas um pouco… especialmente a frase de abertura, que espelha a declaração inicial de ana em seu poema.
    espero que você curta e que compartilhe com as pessoas de quem você gosta, me ajudando a fazer o podcast crescer :)
    estou cansado de amolar facas
    apontar o gume para o pescoço
    ameaçar a garganta para que nenhuma palavra saia
    cansado de esmurrar pontas e portas
    me comporto no mundo com uma violência antiga
    os músculos me bebem a vida
    meu queixo é uma taça angulada
    queria transbordar afogar as narinas
    abafar os ouvidos com água
    sou uma mera pedra de amolar espadas
    esmerilho meu rosto nas ruas entre a meia noite e as seis
    de testemunha: nada, um cão, a lua
    a carta nove do baralho de adivinhar coisas
    (chamar as coisas pelo nome às vezes traz muito azar
    meu nome verdadeiro guardo em perfeito silêncio)
    há um fino risco se formando entre minhas têmporas
    a pedra angular da qual é feito um homem
    é o abandono da delicadeza
    qualquer lâmina seria capaz de nos matar
    estou cansado de amolar facas
    às vezes faço da minha pele um fio de corte


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    • 1m
    maio

    maio

    recentemente migrei meu podcast para o substack. antes, ele era hospedado pelo spotify. manter meus textos e áudios sob o mesmo teto vai facilitar muito minha vida, permitindo que eu grave episódios com mais frequência. então, se prepare para o que está por vir :)
    para dar início, estou te enviando hoje maio, um de dois poemas que escrevi abordando o desejo e, mais do que isso, as dificuldades do desejo. esses dois textos foram feitos para a mesma personagem.
    maio é um poema pelo qual tenho grande carinho, devido às circunstâncias que o inspiraram e as referências que carrega. foi escrito quando eu terminava de ler paixão simples e o jovem da annie ernaux (motivo pelo qual há uma referência a “maio de 68” aqui).
    como o envio de episódios de podcasts por email ainda é algo novo para mim, responda abaixo o que acha da ideia e me ajude a evoluir esse formato. quero fazer algo que faça sentido para mim e para você :)
    você me diz que ninguém nunca prestou atenção na sua fome eu te respondo com a mão sobre o ventre: eu te devoraria, mas não o alimento aos outros só sei dar meus restos assumo uma postura altiva e esguia estamos numa dança embora não pareça (uma dança é uma repetição de pés mas aqui pisamos tudo pela primeira vez) é maio de 1968 a vida é um massacre é manhã de abril no brasil de 64 e ainda é possível ser feliz por mais um minuto certas vezes tenho vontade de te contar sobre o que não amo de te apresentar um diário não do que odeio mas do que nunca cheguei a gostar muitas vezes gostaria de escrever seu nome ali mas faltam páginas reguei a terra com seu suor para que eros pudesse renascer como uma flor certas flores são comestíveis nos diz este documentário na tv algumas delas com a boca o alimento da vida são outras vidas você ainda tem fome e entende que estar satisfeito é uma dádiva sim, talvez mas é também uma maldição para aquilo que se come é aqui que fica claro o que quero eu te devoraria para te dar assim a chance de me dar o troco ao se lembrar de mim e amaldiçoar meu nome


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    • 1m
    transatlântico

    transatlântico

    este é "transatlântico":
    de bruços e de quatro muita coisa foi feita
    (partir depois da meia-noite é um parto antinatural
    quem já ficou até tão tarde não tem razão para ir
    o calabouço que é uma cama vazia
    meu deus)
    eu preferiria mil vezes nunca ter me deitado
    nem ter te dado aquele dedo para chupar
    preferiria que esses lençóis acetinados
    não tivessem experimentado seu suor e seu gozo
    que minhas coxas não conhecessem seu toque
    para que reconhecê-lo não tivesse se tornado um fardo
    de costas e de lado esse mundo foi criado
    o nosso mundo
    quatro paredes e ar rarefeito
    ali está seu peito aberto para que sobre ele eu passe altivo
    um fodido um rascunho limitado de homem
    e ainda assim um homem que te dobra e derrete
    que dança sobre seus ombros feito uma labareda solar
    você tem na barriga o vulto da fome
    mas não a sente
    tem sobre a pele escamas de serpente
    mas não as conquista
    carrega no bico do peito o termômetro do mundo
    mas nunca o usa
    quando falávamos sobre aquele filme
    quando minha mão estava entre suas pernas
    e minha boca engolia suas pequenas mortes
    uma a uma
    ali você deveria ter me deixado
    ali deveria ter me dito
    é aqui que fico
    é por isso que tenho esperado
    é onde me sei inteira que me sinto viva
    e para não me partir eu parto
    eu te amei feito uma besta ancestral
    sim e foda-se
    você me amou como uma montanha a um vale
    um gato à ausência
    uma velha carpideira ao momento em que a morte
    a faz desfiar sua crença
    e nada disso importa
    o tanto que a gente se gosta
    dane-se
    é precisamente o amor o que te ensina
    a se despir de mim para se vestir da pele que é sua
    (uma pele com aquelas escamas de serpente)
    sim,
    eu ainda te levaria à planície do quarto
    chapiscaria as paredes com seu nome
    e onde quer que não me ocupasse de você
    entoaria uma oração ao tempo
    para que minhas horas tivessem de novo o ritmo do seu fôlego
    e onde nos encontrássemos seria ali
    e em nenhum outro lugar
    o eixo do nosso mundo
    a linha imaginária de um trópico de capricórnio
    que cruza com violência uma praia vazia e ensolarada
    no rio de onde você vem
    no rio que te deu a vida desembocam minhas águas
    é onde somos por instantes uma mistura líquida
    até que a física da distância nos dilua num atlântico
    onde nos reencontramos embarcados
    nas nossas vontades
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    • 4 min
    dois corpos

    dois corpos

    este é "dois corpos", um poema sobre a ambiguidade de estar vivo:
    tenho dois corpos:
    um falso, um verdadeiro;
    tenho dois corpos e
    nenhum deles inteiro
    metade de mim é pura mentira:
    o passado, a infância, a mãe;
    metade de mim, tudo verdade:
    o futuro, a velhice, o irmão;
    e há ainda uma terceira metade
    nessa conta tão equivocada
    onde a soma sabe-se menos que nada
    e o dividendo é a fração de um pai
    tenho dois corpos:
    um físico que não quantifico
    outro sujeito à gravidade da lei
    tenho dois corpos:
    um desenhado na areia
    outro entalhado no barro
    tenho dois corpos:
    um que se sabe nomear muito bem
    outro que ainda me pergunta
    qual é mesmo o nome que tem
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    • 1m
    se não escrevo, não estou vivo

    se não escrevo, não estou vivo

    este é "se não escrevo, não estou vivo", um poema sobre escrever e fazer-se vivo:
    se não escrevo não estou vivo
    um dia hei de ser feliz de novo
    se não escrevo se não dobro a caneta
    se o lápis não me é na mão
    um pedaço pré-histórico de magma
    não estou vivo não respiro
    e como consequência surge no olho o vermelho do sangue
    onde não há sangue não há vermelho
    nas terras em que brincávamos achávamos sangue no chão
    na cor do barro no solo úmido
    por onde passavam tratores amarelos
    com dentes escavando escavando escavando
    até que do mundo só se visse o osso
    enterrado como raiz de montanha
    a montanha é o primeiro parágrafo de deus
    onde começa a história e jaz a sombra do primeiro homem
    queria uma caneta capaz de reescrever o gênesis
    onde me mataria como um irmão mata a um irmão
    por inveja da carne e ojeriza à rejeição
    pela saudade de um amor filial que ainda não se foi
    hei sim de ser feliz como antes
    como quando a noite ainda não tinha se dividido em duas
    e o dia era menos que uma ideia
    como quando a vida era pergunta:
    “e se houvesse algo tão belo
    cuja mera ideia de perdê-lo
    o fizesse partir?”
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    • 3 min

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