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CantuÁrea é o podcast produzido por Rennan Cantuária, cientista social pela UFRJ, pós-graduando em Estudos Linguísticos e Literários pelo IFRJ, produtor social e educador em Nilópolis, na Baixada Fluminense.

Aqui bateremos um papo sobre política, cultura, comportamento, periferia e temas do cotidiano. Um olhar crítico por uma outra realidade possível e necessária! 🌹

CantuÁrea Rennan Cantuária

    • Society & Culture

CantuÁrea é o podcast produzido por Rennan Cantuária, cientista social pela UFRJ, pós-graduando em Estudos Linguísticos e Literários pelo IFRJ, produtor social e educador em Nilópolis, na Baixada Fluminense.

Aqui bateremos um papo sobre política, cultura, comportamento, periferia e temas do cotidiano. Um olhar crítico por uma outra realidade possível e necessária! 🌹

    Caminhos pra Nilópolis em tempos de crise: Papo com Rodrigo Neca - #Live 01

    Caminhos pra Nilópolis em tempos de crise: Papo com Rodrigo Neca - #Live 01

    Em tempos de crise sanitária, econômica, política e representativa, falar de Nilópolis e da Baixada Fluminense se tornou um desafio ainda maior. Diante da urgência do diálogo e da busca por novas perspectivas, conversei com Rodrigo Neca sobre possíveis caminhos para a superação das incertezas também em nossa cidade, no nosso lugar. ✊🌹

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    • 57 min
    Como lidar com quem fura a quarentena - CantuÁrea #06

    Como lidar com quem fura a quarentena - CantuÁrea #06

    Hoje o nosso papo é sobre modos de lidar com quem não respeita o distanciamento social. Esta é uma questão que tem afetado muitas pessoas, principalmente em relação a familiares, amigos e vizinhos que, mesmo cientes do risco, não têm obedecido às orientações dos órgãos públicos, dos profissionais da saúde ou mesmo da própria Organização Mundial da Saúde – OMS. Será que este é o seu caso também?

    É importante salientar que qualquer estudo sobre as relações humanas possuem infinitas variáveis e incógnitas, de modo que não é possível chegar a um resultado quantitativo e exato como dois mais dois são quatro. Por outro lado, sob uma análise sensível e qualitativa, podemos averiguar o modo e os motivos que levam as pessoas a desrespeitarem o isolamento social. Assim, podemos exercitar um olhar mais cuidadoso conforme a nossa realidade e construir caminhos possíveis para a superação dos desafios.

    Com esse objetivo, listei três perspectivas que levam as pessoas a não respeitarem o distanciamento social.

    1. NEGAÇÃO

    A primeira perspectiva é a negação enquanto recurso do inconsciente no (não) lidar com a perda e seus problemas consequentes. Pode ser a perda de um ente querido, mas também de um emprego, de um relacionamento ou da autonomia, da liberdade, conforme examino neste exemplo. No famoso texto “Luto e Melancolia”, Freud procura constatar semelhanças e diferenças entre estes dois conceitos tão presentes na contemporaneidade. O texto é curtinho, de fácil leitura e fácil de encontrar na Internet. Todavia, deixarei ao fim do texto o link para quem quiser adquirir o livro.

    Posteriormente, a psiquiatra suíça Elizabeth Kubler-Ross desenvolveu um estudo baseado em sua experiência clínica no qual consegue mapear os 5 estágios do luto: negação (e isolamento), raiva, barganha, depressão e aceitação. O estudo se encontra no livro “Sobre a morte e o morrer”, cujo link para obtenção também será disponibilizado ao fim da leitura.

    Na reflexão sobre a quarentena, atenho-me ao comportamento de negação. Neste estágio, a pessoa acaba negando o problema e fazendo de tudo para não lidar com a situação de perda. É também neste sentido que surge a lógica do isolamento, pois o indivíduo não quer falar sobre o assunto e se afasta das outras pessoas para não lidar com a realidade.

    Seguindo os estágios, depois da negação vem a raiva. Esta etapa se consolida quando a pessoa se sente injustiçada, revoltada com a vida e indignada por ter que passar por sua respectiva perda. Após a raiva vem a barganha, momento em que se inicia certa negociação com a realidade. É quando a pessoa apela à intervenção divina e torce pela aparição de caminhos para conseguir superar a perda. Posterior à barganha, vem a depressão, a tristeza. E, por fim, quando o indivíduo está preparado pra lidar com a realidade da perda sem desespero, é a aceitação.

    É importante salientar que nem sempre o estágio se dá nesta ordem ou de modo retilíneo, pois a pessoa pode lidar mais facilmente ou pular algum dos estágios, assim como também pode retornar a algum estágio do qual já havia superado. Tudo isso compõe o processo de superação da perda e do luto.

    2. FATORES SOCIAIS

    2.1 PERIFERIA

    A segunda perspectiva são as características sociais. Se você, assim como eu, mora na periferia, há outras particularidades que influenciam diretamente no (não) respeito ao distanciamento social. Além de muitas famílias grandes viverem sob um mesmo teto, outras tantas moram num mesmo terreno e vivem num formato de comunidade: pais, filhos, irmãos, primos, sobrinhos e agregados, todos habitando e dividindo um mesmo quintal. Deste modo, a divisão entre as casas é difusa e de difícil definição, o que torna complexo o estabelecimento de qualquer arranjo de isolamento social.

    Além disso, ainda há o que eu costumo chamar de “cultura de portão”. Aqui na Baixada Fluminense,

    • 11 min
    Quarentena de si mesmo - CantuÁrea #05

    Quarentena de si mesmo - CantuÁrea #05

    Hoje o nosso papo é sobre autoconhecimento. As urgências decorrentes da pandemia de coronavírus nos impôs muitas contradições em face do estilo de vida contemporâneo. O distanciamento social enquanto principal método preventivo é uma delas e demanda reflexão.

    Vivemos sob uma lógica cada vez mais individualista e fragmentada, na qual estamos a cada dia mais centrados em nós mesmos. Em vista disso, o sucesso toma um caráter cada vez mais personalista, estruturado numa questionável imagem pessoal que se vende e se compra por meio de interações mediadas digitalmente, isto é, numa razão imagética, objetificante e mercantil do 'ser' e do 'eu'. Não por acaso, o fenômeno das selfies traduz tão bem esta geração.

    "Mas agora, lá fora, todo mundo é uma ilha", como bem diz a canção de Humberto Gessinger. A necessidade de distanciamento, isolamento e quarentena radicaliza e nos impõe a única companhia que a contemporaneidade oferece: a própria. E, ao que parece, ela pode ser mais incômoda do que se imagina.

    Anterior à pandemia, tal realidade já se revelava habitualmente. A vivência por um cotidiano atarefado, de precarização, superexploração, cansaço e pessimismo, demanda doses diárias de analgésicos. Nesta perspectiva, necessárias habilidades para a compreensão da vida e do mundo, como a reflexão e os sentidos, se tornam fardos, gestos secundários que deixamos pra depois.

    Para fugir das dores do mundo, nos alienamos, escapamos dos mecanismos últimos da apreensão do real: “o abismo que é pensar e sentir”, lamentado por Amarante. E, se há algo que nos integra a todos, sem objeções, é a busca incessante pela felicidade – e, por conseguinte, o distanciamento da tristeza. Desta maneira – e com toda razão –, fingimos e rimos com as séries, filmes, músicas, redes sociais e tudo aquilo que nos possa acalentar.

    O problema aqui sugerido se desvela na fuga contínua de si mesmo, deste eu que não é vendável digitalmente, não possui filtros e não sustenta sorrisos falseados em selfies. Há tanto alienado, o eu-real se apresenta como uma insustentável companhia. Como lidar quando é a única?

    A vida cobra. Por isso, precisamos dar a oportunidade de nos conhecermos através de muito autocuidado e autorreflexão. Proponha experiências consigo mesmo e encare seus limites e defeitos, reconheça suas proficiências e qualidades, exalte seu existir sui generis. Pelas frestas que se lhe apresentam, viva e deixe viver. Ao fim e ao cabo, não há escapatória:

    todos somos
    além do que temos
    muito menos
    do que supomos
    muito mais
    do que vendamos

    E vocês, como estão lidando com tudo isso?

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    • 5 min
    Origens da pandemia: a degradação ambiental e o consumo de carne - CantuÁrea #04

    Origens da pandemia: a degradação ambiental e o consumo de carne - CantuÁrea #04

    No papo de hoje, falo sobre a estreita relação entre a degradação ambiental, o consumo de carne e as pandemias que têm constantemente ameaçado a saúde e a vida humana na contemporaneidade.

    As hipóteses mais documentadas sobre o novo coronavírus – o Sars-Cov-2, também conhecido como COVID-19 – indicam o morcego como principal origem. Também se suspeita que o vírus possa ter pulado para outro mamífero – possivelmente um pangolim – antes de passar para os seres humanos. Independente destas circunstâncias, a causa está na intervenção humana sobre o habitat destes animais silvestres.

    Tal realidade não se restringe ao novo coronavírus. De acordo com o especialista em ciência e natureza David Quamme, em seu livro "Spillover – Animal Infections and the Next Human Pandemic", são casos conhecidos de doenças provenientes deste contato: o hantavírus (roedores); as gripes / influenzas (suínos e aves); o HIV-1 (chimpanzés); o sarampo (ovelhas e cabras); a varíola e a tuberculose (gado); a raiva, o ebola e as SARS (morcegos); dentre muitos outros males.

    Assim, combinado à ação predatória contra os biomas, o consumo de carne se estabelece como principal meio de contato com estes animais. No caso do novo coronavírus, a Universidade Agrícola do Sul da China suspeita que o consumo de carne de pangolim, um mamífero ameaçado de extinção, teria servido de ponte entre os morcegos e os seres humanos. Em regiões da Ásia, a carne do pangolim é uma valiosa iguaria e suas escamas são utilizadas na medicina tradicional local.

    Enquanto isso, no Brasil, em agosto de 2019, um temporal de traços apocalípticos enoiteceu o céu paulista e tombou sob um atípico odor de fuligem. Era o resultado das queimadas que consumiam as florestas ao norte de Brasil, na Bolívia e no Paraguai. No período, o presidente Jair Bolsonaro culpabilizou as ONGs – e até mesmo o ator Leonardo DiCaprio – pelos incêndios. Em verdade, através de uma prática agropecuária extensiva, o agronegócio brasileiro devasta grandes territórios de floresta para o estabelecimento de pastagem e a criação de gado; além do plantio de soja, em grandes latifúndios, destinada à produção de ração para a pecuária estrangeira. No mundo, cerca de 75% das terras aráveis são utilizadas direta ou indiretamente para a pecuária.

    Sim, a globalização nos integrou cultural e economicamente. Entretanto, além de toda a desigualdade e o caos social promovido pela mesma, também compartilhamos os impactos ambientais locais com todo o planeta. Se hoje sugerimos uma perspectiva sanitária em escala global para lidar com as pandemias, é porque já se estabeleceu uma globalização da degradação, do adoecimento e da morte.

    Sendo assim, muito antes de questionarmos as possíveis mudanças climáticas aceleradas pela intervenção humana sobre os biomas, antes mesmo de sentirmos os duros impactos anunciados pelo aquecimento global, as vidas humanas já estão continuamente ameaçadas pelas doenças decorrentes da degradação ambiental, dos nossos inconsequentes hábitos de consumo e de uma devastadora prática de produção industrial.

    Em conformidade com a profecia yanomami apresentada no livro “A Queda do Céu – Palavras de um xamã yanomami”, de David Kopenawa e Bruce Albert, nos deparamos com a necessidade de revermos urgentemente nossos rumos enquanto civilização, antes que o presságio se confirme e a morte nos consuma a todos, seja os povos da floresta, seja os povos da cidade.

    Precisamos ter o compromisso de, a partir de agora, não voltarmos a ser como antes jamais.

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    > Texto sobre a relação do agronegócio com a degradação ambiental na Amazônia - “Por que o boi muge quando a Amazônia queima?” - https://bit.ly/2RmpusK ou www.rennancantuaria.com.br

    > Matéria sobre a pesquisa do especialista em ciência e natureza David Quamme - “Coronavírus: como a pandemia nasceu de uma zoonose” - https://saude.a

    • 6 min
    Reflexões sobre o pós-crise - CantuÁrea #03

    Reflexões sobre o pós-crise - CantuÁrea #03

    No papo de hoje, trago reflexões baseadas no texto Imaginar gestos que barrem o retorno da produção pré-crise, do antropólogo francês Bruno Latour, traduzido por Déborah Danowiski e Eduardo Viveiros de Castro.

    Parece improvável que possamos discutir o pós-crise enquanto ainda passamos pelo olho do furacão. Por outro lado, o cenário pandêmico desvelou contradições e realidades que nos acompanhavam sob o véu da normalidade. Consequência da degradação ambiental, a pandemia revela a dura face da globalização: os efeitos da ação humana ao redor do mundo atingem a tudo e a todos.

    Como se não fosse o bastante, o principal modo de nos prevenirmos e frearmos o avanço do novo coronavírus é paralisando toda a engrenagem hegemônica e vigente: a produção, o trabalho, o mercado, o consumo e o capital. Aquele sistema que nos era imposto como um esquema natural e imparável mediante uma organização globalizada, agora é freado pela ação combinada dos principais líderes do planeta.

    A verdade está exposta, sempre se pôde parar. O capitalismo está nu.

    Com a total paralisação destas relações e instituições, temos a oportunidade de analisar ponto a ponto tudo aquilo que não nos serve mais. Todas as relações de produção e trabalho, todo o projeto degradante que nos trouxe até aqui, tudo está em xeque. Por isso, é importante refletirmos sobre os caminhos que devemos seguir a partir de agora, mas, fundamentalmente, definir aqueles que jamais aceitaremos trilhar novamente. Aceitar retornar, jamais!

    Link do texto publicado pela N-1 Edições: https://n-1edicoes.org/008-1

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    • 10 min
    COVID19 e o retorno à classe - CantuÁrea #02

    COVID19 e o retorno à classe - CantuÁrea #02

    Neste momento, a história está sendo escrita. A pandemia do novo coronavírus expõe nuances próprias do nosso tempo, mas também nos traz velhos conflitos há muito esquecidos pelo 'mainstream' - como a questão de classe. Há uma evidente disputa entre projetos distintos de sociedade: um que defende a ciência e os direitos humanos como princípio; e outro que preserva a primazia do sistema econômico sobre todas as coisas.

    Em um tempo de crise mundial, quando a educação já não garante a mobilidade social e as conquistas "na vida" (na verdade, econômicas), não por acaso Jair Bolsonaro agrava o descrédito sobre a ciência e o conhecimento. Para os que vêem o mundo como ele, os saberes já nada dizem a quem quer ser alguém na vida.

    Por isso, a importância de refletirmos e perguntarmos:
    Que futuro nos espera? Que mundo queremos construir?

    #covid19 #coronavirus #educação #ciência #saúde #democracia #SUS #esquerda #socialismo #lutadeclasses #ciênciassociais

    • 8 min

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