Digamos Que No Futuro Digamos Que no Futuro

Nesse episódio, gravado no início de Maio de 2020, contabilizávamos 10 mil mortos pelo novo Coronavírus. Pouco mais de 2 meses, esse número sextuplicou. Mal sabíamos ali o que nos aguardava pela frente.

No DQNF#4 começamos conversando sobre o bem-estar mental coletivo durante a pandemia, e aos poucos fomos entendendo outras consequências da situação, como o impacto na coesão social importante para as religiões cristãs, teorias da conspiração sobre OVNIs e as narrativas de esperança que colonizam nossas mentes.

Como sempre, as referências do episódio você encontra no nosso perfil do Instagram @digamosquenofuturo

Este episódio foi gravado no dia 20 de Junho. 

Conversamos com Joice Preira, estudiosa do futurismo enquanto pensamento por trás de um movimento artístico do século XX e pesquisadora de tendências e futuros. Neste episódio mergulhamos nos movimentos futuristas italianos, sua relação com o fascismo e com ideologias capitalistas neoliberais presentes ainda hoje no Vale do Silício. 

Os links mencionados estarão no texto complementar no Instagram do @digamosquenofuturo

Este episódio foi gravado no dia 16 de maio. 

O Covid-19 é uma ameaça invisível, o que torna difícil nossa relação com ele, e de certa forma acabamos nos submetendo ao que ele é capaz de fazer com nossos corpos e nossa sociedade. De forma parecida, algoritmos de Inteligência Artificial conformam entidades invisíveis com as quais nos relacionamos diariamente. Ética em Inteligência Artificial é a pauta base do episódio número 2 do "Digamos Que No Futuro".

Artigo do Galdino sobre corporações como Inteligências Artificiais:

http://www.fernandogaldino.com/blog/some-ideas-about-ai/

Artigo da Nature sobre comportamento de máquina:

https://www.nature.com/articles/s41586-019-1138-y

Artigo falando sobre selfies ganharem mais likes:

https://mashable.com/2014/03/21/instagram-photos-faces-more-likes/

Artigo sobre o teste vocacional que selecionava pessoas pra trabalharem com tecnologia:

https://dl.acm.org/doi/abs/10.1145/1142620.1142628

Texto sobre uso de Machine Learning para controlar o distanciamento social:

https://www.technologyreview.com/2020/04/17/1000092/ai-machine-learning-watches-social-distancing-at-work

Texto sobre uso de algoritmo de reconhecimento facial na França para identificar pessoas sem máscara:

https://www.theverge.com/2020/5/7/21250357/france-masks-public-transport-mandatory-ai-surveillance-camera-software

Texto da OMS sobre os passaportes de imunidade:

https://www.who.int/news-room/commentaries/detail/immunity-passports-in-the-context-of-covid-19

Matéria falando do update da Apple que permite reconhecer rostos mesmo com máscara:

https://sfist.com/2020/05/04/apple-ios-update-to-include-fix-for-face-id-with-masks-new-contact-tracing-software-for-covid-19/

Instituto da Genevieve Bell sobre Inteligência Artificial:

https://3ainstitute.cecs.anu.edu.au/



CÁPSULA DO TEMPO:

Série DEVs: https://www.youtube.com/watch?v=tq_Vpslk7fU

Série Sillicon Valley: https://www.youtube.com/watch?v=lqgM8ZdAqKo

Série Westworld: https://www.youtube.com/watch?v=jBfOlQrko0c

Série Upload: https://www.youtube.com/watch?v=gVY7vKYs1xo

Filme Next Gen: https://www.youtube.com/watch?v=ulpxBoyQ0_c

Entrevista do Douglas Rushkoff com Mike Pesce: https://medium.com/team-human/a-demonology-of-algorithms-with-mark-pesce-bf5ffb6c6b5

Weapons of Math Destruction: https://en.wikipedia.org/wiki/Weapons_of_Math_Destruction

Caro ouvinte do futuro: se estiver em dúvida se esse programa é um Digamos que no Futuro autêntico ou uma cópia feita por um algoritmo de deep fake, basta ler as notícias desta época.

É final de, uma pandemia se espalhou rapidamente pelo mundo, dezenas de milhares de pessoas morreram até o momento, toda a economia global está em suspensão e… o racismo estrutural norte-americano fez mais uma vítima. Seu nome é George Floyd, um homem negro de 46 anos que foi morto em uma ação policial no estado do Minnesota. O vídeo do acontecimento, que causa muita angústia em quem assiste, circulou na internet e em pouquíssimo tempo iniciaram-se manifestações na cidade em que ele foi assassinado, Minneapolis, e incendiando o país logo após. Começaram a aparecer alguns cidadãos brancos armados nessas manifestações, e os identificaram como "boogaloos", que seriam participantes de fóruns anônimos online (chamados de "chans") dedicados a falar de armas, mas com viés de extrema direita e supremacia branca. Agora, essas figuras aparecem nos protestos declarando apoio a causa e incitando o confronto com a polícia. Vale lembrar que encontraram em conversas antigas entre "boogaloos" que a guerra civil seria um objetivo estratégico para minar a credibilidade das instituições e instaurar um estado de supremacia branca.

Em paralelo, na mesma semana aconteceram protestos em Hong Kong contra a mais um ato de interferência do governo chinês na cidade estado, protestos que foram arrefecidos furiosamente pelo governo chinês. Nesta região autônoma do sudeste asiático, "um país com dois sistemas", grandes manifestações vêm tomando conta do país há alguns anos. A Vice aponta que viriam daqui e de outras manifestações recentes na França algumas das táticas usadas para resistir as investidas da polícia em manifestações, como o uso de cones de trânsito para conter o gás das bombas ou guarda-chuvas para os sprays de pimenta ou gás lacrimogênio.

Enquanto isso, no Brasil, no mesmo momento em que aconteciam as manifestações em solo americano - e nessa hora eu tava assistindo a live no Youtube de um cara em uma manifestação em Las Vegas - um grupo de pessoas marchou portando tochas, no meio da madrugada, em Brasília, fazendo guerra declarada contra o STF, e basicamente o que a gente chama de democracia. Na manhã seguinte, membros da Gaviões da Fiel, torcida organizada do Corinthians, fizeram uma manifestação na Avenida Paulista a favor da democracia, em resposta a manifestação em Brasília.

Na semana seguinte, um deputado estadual de São Paulo divulgou o que ele chamava de "dossiê": um compilado com dados pessoais de pessoas definidas pelo deputado como "antifascistas", numa clara tentativa de intimidação as manifestações pró-democráticas. E tudo isso acontece em meio a pandemia.