Cosme Rímoli

Cosme Rímoli
Cosme Rímoli

Jornalista esportivo Cosme Rímoli entrevista grandes nomes do universo do esporte em um bate-papo sobre o que rola dentro e fora de campo.

  1. 4 DAYS AGO

    Milton Leite: "Sei do meu valor. Por isso, pedi para sair da GLOBO."

    A cena foi a mesma. No Rio de Janeiro e em São Paulo. Funcionários da Globo se aglomerando na saída da emissora. E aplaudiram muito, emocionados, quando ele surgiu pela última vez, para ir embora. Era o reconhecimento ao talento, à parceria, à generosidade, e um sutil protesto contra a falta de competência da emissora para manter seu excelente narrador. Ele não esperava. Os olhos marejados, o sorriso que misturava constrangimento com alegria pelo reconhecimento. Foi o fim de 19 anos transmitindo futebol, natação, basquete, vôlei, o que a escala mostrasse. Os bordões 'que fase', 'olha a batiiiida', 'agora eu 'se' consagro' tinham um significado diferente, triste. Inteligente, aprendeu com seu humor inteligente a 'segurar' o fanático por futebol, a esposa desse torcedor, o filho, a mãe. 'Sabia tudo de novelas a chavões de programas humorísticos. O segredo é a pessoa que assiste se integrar. Porque nunca se sabe quem é o 'dono' do controle remoto. Minha narração sempre atingiu a todos em uma família.' Com o Rio de Janeiro dominando todas as decisões do esporte, quem mora na Cidade Maravilhosa passou a ser muito mais valorizado do que os que vivem em São Paulo. E Milton Leite desprotegido politicamente, perdeu injusto espaço. Tinha contrato em vigor, ganhava 'muito bem', mas tomou a decisão que poucos tiveram coragem na história. "Com todo respeito, vi que narradores com menos potencial estavam ocupando espaços maiores do que eu. Sei do meu valor. Não iria ficar encostado ganhando alto salário para fazer coisas menores, que fiz no início da carreira. Pedi para ir embora em janeiro de 2024. Me pediram para fazer a Olimpíada. Fiz, com toda a minha dedicação. E fui embora orgulhoso da minha trajetória. "Se eu fui injustiçado? Se eu deveria ter feito mais TV Globo? Não sou eu quem tenho de responder essas perguntas. Fiz várias transmissões na tevê aberta. Mas o Sportv foi minha casa. E me dediquei de corpo e alma onde estive." Milton se comunica de forma brilhante. Foi moldado no jornalismo impresso, em Jundiaí. Depois no tradicional O Estado de S. Paulo. Ganhou versatilidade, fluência, carisma na rádio Jovem Pan. Comandou por anos o programa Show da Manhã. De lá, começou a narrar na extinta Jovem Pan TV. Descoberto pela ESPN/Brasil, fez história. De lá, Globo. Olimpíadas, Copas do Mundo, final de Champions. Apresentador de programas. Fez de tudo. E com excelência. Aos 66 anos, a voz continua impressionante, a mesma. O raciocínio veloz, mistura inteligência e ironia como poucos. Ainda bem que a frase que ele consagrou, quando Ronaldo marcou o primeiro gol pelo Corinthians, pode ser usada com Milton Leite. "Senhoras e senhores, o Fenômeno voltou". Milton está narrando de volta. "O UOL me chamou e estou ao lado de grandes companheiros, Juca Kfouri, José Trajano, Casagrande. É para o Paulista. Estou adorando. Porque tenho ficado mais tempo com minha família. Minha mulher que sempre me apoiou, meus filhos e meus netos. Estou até aprendendo a tocar bateria." Milton Leite não pode ficar fora do cenário esportivo deste país. Sua trajetória não acabou. Sorte para quem ama esporte transmitido com carisma, precisão, bom humor e enorme personalidade. Os 'donos do controle remoto' agradecem ao céus pela volta de Milton Leite...

    1h 52m
  2. FEB 11

    Maestro João Carlos Martins: "Fiz Éder Jofre Bi mundial. Don King não me deixou trazer Muhammad Ali ao Maracanã"

    João Carlos Martins, 84 anos, é o brasileiro que mais luta pela cultura do país. Melhor intérprete de Bach da história, admirado e premiado no mundo todo, fez concertos inesquecíveis. Mas como um brasileiro se tornou o principal intérprete do mestre alemão? A resposta estava nas oito horas diárias de treino e na memorização das partituras, somadas à sua genialidade. Porém, o piano cobrou caro. João Carlos passou por 29 cirurgias, nos braços e no cérebro. Aos 14 anos, já considerado um fenômeno, enfrentou a distonia focal, que provoca movimentos involuntários nos dedos. Mais tarde, sofreu um acidente no Central Park, em Nova York. Ao tentar amortecer uma queda, uma pedra pontiaguda perfurou seu cotovelo, afetando o nervo ulnar, responsável pela coordenação dos dedos. Acreditou que nunca mais tocaria com o mesmo talento. Chegou a pensar em tirar a própria vida, mas encontrou forças para continuar. Com o auxílio de dedeiras de aço, voltou aos palcos. O esforço era tão grande que manchava o piano de sangue. O desgaste foi extremo: sofreu uma embolia pulmonar e chegou a sair de um concerto em uma ambulância. Decidiu então mudar de rumo e entrou para o mundo do boxe. Empresariou Éder Jofre, ajudando-o a conquistar um segundo título mundial. Tentou trazer a luta entre Muhammad Ali e Joe Frazier para o Brasil, mas esbarrou em Don King. Desiludido com o meio, abandonou o boxe. Seu retorno à música foi interrompido novamente em um assalto na Bulgária, onde um golpe de barra de ferro comprometeu os movimentos do braço direito. Passou a tocar apenas com a mão esquerda, mas a distonia focal atingiu ambas as mãos. Parecia o fim. Até que, em 2003, sonhou com o maestro Eleazar de Carvalho, que o aconselhou a reger. João Carlos seguiu a sugestão e formou a Orquestra Bachiana Filarmônica, com apoio do Sesi-SP. Mais de 20 milhões de brasileiros já assistiram a seus concertos. Sem conseguir segurar a batuta ou virar partituras, ele rege com o olhar e os dedos recolhidos pela doença. “Vou às favelas, presídios e pequenas cidades levar a música erudita. É cultura, e o Brasil precisa disso.” Seu amor pelo futebol começou ainda criança, quando levou uma bolada no rosto durante um treino da Portuguesa. A paixão pelo clube permaneceu inabalável, mesmo após sua decadência. “Sei que houve dinheiro envolvido no rebaixamento, mas não tenho provas. A Portuguesa, assim como eu, vai se reerguer.” Hoje, João Carlos Martins também se dedica à Bachiana Jovem, ensinando música para crianças. Com luvas biônicas que esticam suas falanges, ainda toca piano. Seu 30º concerto no Carnegie Hall, em Nova York, será sua despedida dos grandes palcos internacionais. Mas ele seguirá regendo, popularizando a música clássica ao lado de artistas brasileiros. “É minha missão. Não vou parar nunca.” O Brasil tem o privilégio de contar com João Carlos Martins.

    1h 58m
  3. JAN 15

    Edina Alves: "Sou mulher. E quem diz o que vou fazer sou eu"

    "Sinto que não estou lutando só por mim. "Mas pelas mulheres neste mundo do futebol, que ainda é machista. "Não me intimido, sei da minha capacidade, minha dedicação. "E tenho objetivos e vou atrás deles. "Me dá orgulho o que consegui, mas quero muito mais." Edina Alves Batista é impressionante. Lutou muito para ser a melhor árbitra de futebol da história da América Latina. Esta entrevista é rara. Sua impressionante história de vida não é repartida com a imprensa. Sabe o quanto é injustamente julgada, por mais que tenha atingido um patamar inimaginável para uma árbitra brasileira. Só que arrombar portas é com ela. Primeira mulher brasileira a apitar um jogo no Mundial de Clubes masculino da Fifa. Primeira brasileira a apitar uma partida da Libertadores da América masculina. Primeira brasileira a arbitrar um jogo internacional masculino fora do Brasil, Copa Sul-Americana. Nenhuma mulher chegou perto do número de jogos que comandou no Brasileiro, 41. Primeira brasileira a apitar uma final de Campeonato Paulista. Primeira brasileira a apitar Copa do Mundo feminina, fez até semifinal. Trabalha na federação mais importante do país, a Paulista. "Eu nasci em uma família pobre, em Goioerê, no Paraná. Cidade muito pequena. Jogava basquete e futebol. Me apaixonei pela arbitragem. Não tinha dinheiro para almoçar enquanto fazia o curso para me tornar juíza. Era itinerante, precisava viajar. E repartia salgadinhos no ônibus." "Mas vou confessar uma coisa. Sempre tive objetivos na minha vida. E corri atrás." "É difícil ser árbitra. Mulher apitando é algo ainda muito novo. E a resistência é grande. Tenho muita sorte de ter pessoas como o presidente da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro Bastos, que sempre acreditou em mim. O diretor de arbitragem, o argentino Patricio Loustau, que me incentiva e me cobra muito. E o privilégio de trabalhar com a Neuza Back, que é a melhor auxiliar do mundo!" De personalidade fortíssima, com preparo físico impressionante para seus 45 anos, Edina também faz questão de deixar claro a importância do fortalecimento do lado psicológico. "A pressão é imensa. As pessoas não têm ideia. A força mental é mais que necessária. A competência de quem me cerca é muito grande." Sabe que, por ser mulher, seus erros são mais destacados do que os de árbitros. "É injusto, mas compreendo. Não sou infalível, mas aprendo e não repito erros." Reconhece que Sandra Regina e Ana Paula Oliveira abriram caminhos para as mulheres na arbitragem masculina. "Elas foram guerreiras, pioneiras. Sofreram muito. Mas graças a elas que novas árbitras estão surgindo neste país." Edina que trabalha com o escudo da Fifa tem um grande desejo. E está pré-selecionada para conseguir esse imenso objetivo. Apitar a Copa do Mundo masculina, nos Estados Unidos. "É o meu grande objetivo. Vou lutar, até mais do que fiz. Mas vou conseguir, com a ajuda das pessoas que me cercam. "Sou mulher. E quem diz o que vou fazer sou eu!" Que ninguém duvide de Edina Alves Batista...

    1h 32m
  4. JAN 8

    Alexandre Oliveira: "Não imaginava que Walewska iria se matar. Não percebi nada."

    Um roteiro emocionante, de superação. Esse seria resumo simplista da vida de Alexandre Marcelo Oliveira. Quem vê a figura imponente, atlética, jornalista muito bem informado, articulado não imaginaria as barreiras que teve de superar. "Vou atrás dos meus sonhos. Me preparo, luto. Sei que nada vem de graça. No esporte, na vida. Mas sempre enfrentei com dignidade. E sempre optei pelos meus valores, pelo coração." Foi assim desde menino, quando decidiu ser jogador de vôlei. Foi, ainda adolescente, morar em concentração, longe da família, que ficou em Santa Catarina. Muito técnico, ágil, tinha talento de sobra, mas faltava altura, seus mais de 1m86 eram insuficientes. Os técnicos se mostravam surpresos com sua impulsão, defesas, passes. Era um ótimo levantador. Porém 'baixo'. Foi campeão da Superliga, pela Unisul. Mas percebeu que o desejo de chegar mais longe, jogar pela Seleção Brasileira, por grandes times do mundo, não seria possível. Aí surgiu o jornalismo. Se tornou repórter, apresentador, comentarista. "Fiz como no vôlei. Me preparei muito. Estudei, fui atrás de me desenvolver." A ascensão foi fulminante na Globo. Com direito a coberturas de torneios internacionais. O momento mais marcante aconteceu quando Bernardinho precisou de um levantador reserva no Mundial de Vôlei, em 2010, na Itália. Não só aceitou como foi elogiado pelo exigente técnico. "Foi um sonho realizado, participar de um treino com a Seleção Brasileira. E fui muito bem." O nível do desempenho profissional era tanto que se tornou correspondente em Paris. "Cobri a chegada do Neymar ao PSG. Viajava pela Europa cobrindo os brasileiros em torneios importantes, dos mais diferentes esportes." Mas o roteiro teve de mudar. Por conta da saudade de sua filha, no Brasil. Separado, não suportou ficar meses sem vê-la e decidiu pedir para voltar ao país. Ninguém da emissora carioca acreditou na sua escolha. Em outubro de 2021, depois de 15 anos na Globo, saiu, depois de uma reformulação geral no esporte. "Foi um período bem difícil. Há muita fantasia em relação aos ganhos dos jornalistas. Meus gastos eram enormes com a separação. Pensei que os trabalhos surgiriam rapidamente. Demoraram. E o dinheiro sumindo. "Chegou um dia que eu tinha um abacate para comer. E neste dia, minha filha estava em casa. O abacate foi para ela, lógico." Muito competente, a reviravolta veio. Alê criou um canal no youtube específico de vôlei. O Ataque Defesa recebe os melhores jogadores e técnicos do país. Em uma dessas entrevistas, a convidada era Waleswska. A excelente jogadora da Seleção deu seu último depoimento, antes de tirar a própria vida. "Foi um choque enorme para mim. Não percebi nada de diferente nela. Fiquei muito mal, me culpando, pensando que poderia ter feito alguma coisa. Mas não poderia adivinhar o que ela iria se matar." Ela cometeu suicídio no dia seguinte, 22 de setembro de 2023. Foi terrível momento para Alexandre. Mas a vida seguiu. Os convites para seguir sua carreira surgiram. E hoje ele é contratado da RECORD para as transmissões do Paulista e do Brasileiro. "O vôlei já foi tudo para mim. "Hoje é o jornalismo. "E estou vivendo um momento muito feliz..."

    1h 30m
  5. 12/31/2024

    Paloma Tocci: "O Neymar é perseguido! Vou estar sempre ao lado dele"

    "Eu lutei muito. "As pessoas falam que melhorou o espaço que a mulher tem no futebol. "Mas ainda precisamos brigar para ter o nosso lugar. "As oportunidades ainda não são iguais. "Os homens têm muito mais vantagem. "Como envelhecer trabalhando. A mulher, não. "Tenho plena consciência que estou no auge da minha carreira. "Lutei muito e sei que mereço chegar onde cheguei. "Assédio por ser mulher? "Nunca dei espaço. "Sei me impor." Paloma Garrues Soubihe Tocci é um vulcão. Não é por acaso que seus seguidores nas redes sociais ultrapassam um milhão. De personalidade forte, não deixa pergunta sem resposta. Desde que surgiu no jornalismo esportivo, abriu espaço, com competência. Não ficou esperando, nem pediu licença. Sabia o que queria. Desde quando começou como estagiária na Band, quando se ofereceu para cobrir os bastidores selvagens de um aguerrido São Paulo e Corinthians, no Morumbi. Jornalista tem de estar no olho do furacão. "Foi uma loucura! Bombas caseiras. Torcidas organizadas jogando bolas de bilhar, uns torcedores em outros. A reportagem já entrou em rede nacional. Foi o início de tudo. E fui aprendendo com os anos. Faço questão de levar a melhor informação sempre!" Paloma é mais do que eclética. Apresentadora, repórter, radialista, mãe. Corajosa, não foge dos desafios. Foi assim que cobriu os Jogos Panamericanos de 2007, Olimpíada de Pequim. Paulistas, Brasileiros, Libertadores. Mas na Copa do Mundo de 2014 exagerou. Mostrou toda a versatilidade, misturando apresentação e reportagem. O resultado foi excelente. Acabou fazendo um caminho inédito. A repórter esportiva dividiu a bancada do Jornal da Band, com o saudoso Ricardo Boechat. Levando ao ar notícias de todas as áreas. "Foi incrível a experiência. Ele era um gênio. Aprendi muito. Sua perda é irreparável." Paloma tem carreira longeva. Não aparenta os 42 anos. Foram dois anos na Rede TV! E 15 anos na Band, de onde saiu para chegar à RECORD. Será a apresentadora das transmissões do Campeonato Paulista e do Brasileiro. Ainda comandará o programa Esporte Record, ao lado de Cleber Machado. "Mereço estar onde cheguei. Lutei e me preparei muito. Me sinto mais do que pronta. Chorei quando tive de avisar à direção da Band que estava vindo para a Record. Pela ligação com a emissora. Mas todos entenderam que o projeto era irrecusável. Não poderia estar mais feliz..."

    1h 29m
  6. 12/30/2024

    Renato 'Pé murcho': "Sabíamos que ganharíamos do palmeiras, na final do brasileiro. O guarani era o melhor time do país"

    "Ele foi um dos melhores meias do mundo." "O problema era só a timidez." "Ele deveria ter se imposto mais." "Faria história." A análise é de Zenon, excelente jogador do Guarani e do Corinthians. Ele resume o futebol de Renato, conhecido com o cruel, e injusto, apelido de Pé Murcho. 'O responsável por isso foi o Juninho Fonseca, ex-zagueiro do Corinthians. Ele sofria comigo, quando eu estava no São Paulo. Estávamos na Seleção Brasileira. Errei um chute e se aproveitou para brincar. Eu fiquei irritado. Bastou. O apelido pegou. Mas sei que me atrapalhou. Travou minha carreira, que foi ótima, mas poderia ter ido além", desafava, em entrevista exclusiva. Renato tinha um futebol à frente do seu tempo. Com arrancadas fulminantes, dribles objetivos, e, sim, chutes fortes de fora da área. Seu estilo era muito parecido com o de Kaká. "O Juninho Fonseca me traumatizou. Passei a treinar ainda mais arremates. Virei especialista. Marquei inúmeros gols fora da área. Mas ninguém se esquecia do apelido." Dirigentes do Exterior ficavam tensos com o 'sobrenome' Pé Murcho. Ele sabe o quanto atrapalhou. Renato surgiu com enorme talento na meia direita. Quase ficou no Palmeiras. Mas acabou no inesquecível Guarani campeão brasileiro de 1978. "Nosso time era fortíssimo. Se completava. Foi além de qualquer expectativa. O Carlos Alberto Silva montou uma equipe moderna, competitiva, fulminante nos contragolpes. Sabíamos que iríamos ser campeões do país. Não havia rival." Carlos Alberto Silva o levou para o São Paulo, em 1980. Foi bicampeão paulista. Telê Santana o levou à Copa do Mundo de 1982. "Naquela época não dei muita sorte. Porque era reserva especificamente do Zico. Eu senti que não entraria no time. Cheguei a pedir para o Zico para entrar cinco minutos, ter o gostinho de ter entrado na Copa. Mas ele disse 'não'. Queria ser o artilheiro do Mundial e o melhor jogador. O que eu poderia fazer? Assisti de fora." E chorou com os demais companheiros, na derrota inesperada do Brasil para a Itália, que tirou a equipe da final da Copa. "Nosso time era fantástico. Mas o Telê deu liberdade para o Paolo Rossi. Ele jogou como quis. Marcou três gols e fomos eliminados. Choramos muito no vestiário." Se julgou injustiçado no São Paulo e na Seleção. "Fui dispensado no auge pelo Cilinho. Ele quis fazer a renovação do elenco. Eu tinha 28 anos. Era 'velho'. Fui para o Atlético Mineiro, estava bem demais. E o Telê, que chegou da Arábia, não sabia quem jogava bem no Brasil. E não me levou. O Cláudio Coutinho, que era genial, estava me convocando. Foi uma injustiça." Renato acabou sendo pioneiro no Japão, no Nissan Motors, que depois virou Yokohama Marinos. Acabou a passagem no Kashiwa Reysol. Encerrou a sua importante carreira na Ponte Preta e Taubaté. "Fui muito feliz. Comecei ciclos históricos. Minha vida no futebol foi muito intensa." Renato a detalhou nesta conversa obrigatória...

    1h 27m
  7. 12/17/2024

    Giuseppe Dioguardi: "Ganso pode sonhar com a seleção. Não há um meia como ele."

    "As pessoas precisam entender que o empresário é fundamental para o futebol. É ele quem cuida da carreira dos atletas que, por décadas foram explorados pelos clubes." Essa é a filosofia de um dos principais agentes do futebol deste país, Giuseppe Dioguardi. Ele é responsável pelas decisões na carreira de Ganso, do Fluminense, de Murillo do Nottingham Forest, Robson, Thiago Lopes e Geferson Teles. Cuidou de Kléber Gladiador e de Fernando Prass. "Trabalho com poucos atletas por opção. É impossível dar a atenção merecida a 50, 100 atletas. Respeito que faz isso. Mas o que busco fazer é estar mesmo ao lado dos jogadores, que decidiram repartir sua carreira comigo." Pepinho, como é conhecido no meio do futebol, ficou conhecido por conseguir contratos longos para seus atletas. O maior exemplo está na carreira de Kléber Gladiador. "Profissionais trabalham por 30, 40 anos. Jogador, dez, 12. Então, se ele tem potencial, o clube precisa pagar e dar estabilidade pessoal para render. Daí as negociações por longo tempo, com remuneração adequada." Fica revoltado quando os empresários são considerados vilões na estrutura do futebol deste país. "O que acontece é que os dirigentes se revoltam quando os atletas têm quem lute por seus direitos. Foram décadas fazendo o que bem entendessem, com a Lei do Passe. Isso acabou. Jogador é um profissional com deveres e direitos. Muitas vezes, a imprensa publica o que ouve de presidentes de clubes e não sabe detalhes dos contratos. E a opinião pública fica contra os agentes." Dioguardi tem ótima relação com Ganso, que considera 'injustiçado' no futebol brasileiro. 'Ele superou vários problemas de contusão. Mas pode sonhar com Seleção. E sonha. Atualmente não há um meia brasileiro com seu talento. Ele mantém sim a esperança de uma nova chance à Seleção." O jogador do Fluminense tem 35 anos. Pepinho recusou proposta para ser executivo do futebol do Palmeiras, clube com quem travou várias batalhas públicas. Foi chamado por administrações passadas. E do Corinthians, na atual. "Não gosto de falar desse assunto. Porque vejo como um cargo importante demais e que exige preparo. Conhecimento de mercado, de dirigentes de grandes clubes no Exterior. Falar idiomas. É responsabilidade enorme. Só vou trabalhar um dia, neste cargo, se tiver autonomia. O que é difícil demais no futebol brasileiro. Por enquanto, vou ficar defendendo meus jogadores."

    1h 29m
  8. 12/10/2024

    Jamil Chade: "O mundo perdeu o encanto pela seleção brasileira."

    27 de maio de 2015. Hotel Baur au Lac, um dos mais luxuosos de Zurique. 7h30 de uma manhã gelada na Suíça. Agentes do FBI e soldados da polícia suíça invadem quartos com diárias de R$ 5 mil. E prendem 14 membros da altíssima cúpula da Fifa. O maior esquema de corrupção da história do futebol foi desarticulado. No lobby do hotel, 'enrolando' com um café que custou R$ 50,00, estava um jornalista brasileiro. Ele acompanhou dirigentes sendo presos e levados para carros da polícia, com os rostos e corpos cobertos por lençóis egípcios. Para não serem reconhecidos. Estava lá para cobrir uma reunião do Comitê Executivo da Fifa e presenciou o marco mais significativo dos bastidores do futebol. O Fifagate foi só uma das inúmeras coberturas históricas do premiado jornalista Jamil Chade. Há 24 anos, decidiu fazer mestrado em Genebra, quando decidiu se tornar correspondente do Brasil no Exterior. E virou um dos melhores da história do jornalismo deste país. Eclético, corajoso e com visão profunda dos principais acontecimentos, fez questão, nestes 24 anos, de estar no 'olho do furacão'. "Cobri guerras, escândalos financeiros, entrevistei ditadores árabes e apaixonado por futebol, acompanhei a exposição da corrupção da Fifa, a queda de João Havelange, de Joseph Blatter, que eram tratados com mais respeito que presidentes de países", diz Jamil. Pelas apurações e matérias que fez, foi chamado para depor na CPI da Nike, em Brasília. Dos nove livros que escreveu, três são sobre bastidores do futebol. Expôs, aos políticos deste país, de forma didática, os fatos chocantes que descobriu. A entrevista vai além dos bastidores da queda da alta cúpula do futebol, mergulha na Seleção Brasileira e na visão que o mundo tem, do time que fracassa em Copas do Mundo, desde 2006. "Interesses comerciais sequestraram a Seleção Brasileira. Desde então, vieram as derrotas, a falta de identidade. É triste. O mundo perdeu o encanto com a camisa verde e amarela." Jamil está passando por um período em Nova York, depois de mais de duas décadas na Suíça. Segue sua missão de traduzir o mundo para vários veículos jornalísticos. Tive a sorte de trabalhar por décadas com ele no Jornal da Tarde e comprovei seu talento único como correspondente. Acesso a fontes importantíssimas. E coragem. Jamil foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça. Foi um dos pesquisadores da Comissão Nacional da Verdade, criada para investigar crimes e violações dos direitos humanos na Ditadura Militar. Ganhou o prêmio Audálio Dantas, reservado aos jornalistas que dedicaram suas vidas à democracia, justiça, direito à informação e direito à informação. O que vai para o ar hoje não é uma entrevista. É um privilégio. A chance de decifrar não só o futebol brasileiro, mas este país, com os olhos do mundo...

    1h 26m

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Jornalista esportivo Cosme Rímoli entrevista grandes nomes do universo do esporte em um bate-papo sobre o que rola dentro e fora de campo.

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