Inflação estoura o teto da meta em 2024
O IPCA avançou 0,52% em dezembro e encerrou 2024 com alta acumulada de 4,83%, acima do teto da meta de 4,5%. A variação de 0,52% em dezembro mostrou um aumento de 0,13 ponto percentual (p.p.) em relação à taxa de novembro (0,39%). Comparado a dezembro de 2023, quando o índice foi de 0,56%, o resultado de 2024 foi ligeiramente inferior. Entre os grupos analisados, Alimentação e bebidas foi o principal responsável pela elevação do IPCA em dezembro, com alta de 1,18%, impactando o índice em 0,25 p.p. Os preços da alimentação no domicílio subiram 1,17%, impulsionados pelo aumento das carnes (5,26%), óleo de soja (5,12%) e café moído (4,99%). Por outro lado, registraram quedas significativas itens como limão (-29,82%) e batata-inglesa (-18,69%). Já a alimentação fora do domicílio avançou 1,19%, sendo a refeição (1,42%) o maior destaque. O grupo Transportes registrou aumento de 0,67%, com destaque para a alta no transporte por aplicativo (20,70%) e passagens aéreas (4,54%). Os combustíveis também subiram, com a gasolina apresentando alta de 0,54%. Já o grupo Habitação recuou 0,56%, influenciado pela redução de 3,19% na energia elétrica, devido à adoção da bandeira tarifária verde. Entre as regiões pesquisadas, Salvador apresentou a maior variação do índice em dezembro (0,89%), resultado das altas nos preços das carnes (7,31%) e da gasolina (4,04%). Em seguida vieram Goiânia (0,80%) e São Luís (0,71%). Belo Horizonte teve a menor variação (0,25%), influenciada pela queda na energia elétrica residencial (-2,41%), seguido por Brasília (0,26%). Recife teve a terceira menor inflação do país em dezembro, com 0,34%. Já no acumulado do ano, o IPCA registrou alta de 4,83% em 2024, acima dos 4,62% apontados no ano anterior, acima do teto da meta de inflação (4,5%). O grupo Alimentação e bebidas foi o principal responsável pela alta anual, com variação de 7,69%, impactando o índice em 1,63 p.p. Destacaram-se os aumentos das carnes (20,84%), café moído (39,60%) e leite longa vida (18,83%). O grupo Saúde e cuidados pessoais teve alta de 6,09% em 2024, influenciado pelos planos de saúde (7,87%) e produtos farmacêuticos (5,95%). No grupo Transportes (3,30%), a gasolina (9,71%) foi o subitem com maior impacto (0,48 p.p.). No grupo Habitação (3,06%), os maiores impactos vieram de condomínio, aluguel residencial, taxa de água e esgoto e gás de botijão, enquanto a energia elétrica residencial recuou 0,37% no ano, sendo o segundo subitem de maior peso no IPCA. O IPCA de dezembro e o acumulado de 2024 revelam um cenário de inflação em alta, com destaque para os aumentos em alimentos, transporte e saúde. O índice anual de 4,83% ficou acima do teto da meta, comprometendo o poder de compra da população e obrigando o presidente do Banco Central a escrever uma carta aberta ao presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), contendo descrição detalhada das causas do descumprimento da meta, as providências para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo no qual se espera que as providências produzam efeito. A variação de preços de itens essenciais, como carnes e combustíveis, seguiu impulsionando o índice. Preços de combustíveis seguem defasados e podem impactar ainda mais o IPCA em 2025, se forem repassados. A disparada recente do Dólar ainda vai trazer mais impacto na inflação, também em 2025, quando os preços forem reajustados. A inflação e a expansão fiscal continuam sendo temas centrais nas decisões de uma política monetária restritiva.