O Macaco Elétrico

@PauloSilvestre
O Macaco Elétrico

Jornalista (preferencialmente digital), educador (preferencialmente digital), trabalhando para tornar o mundo um lugar melhor

  1. A IA que cria e tira empregos

    2 DAYS AGO

    A IA que cria e tira empregos

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 A inteligência artificial pode maximizar nossas habilidades, mas também amplia contradições de nosso tempo. Isso aparece com muita força no âmbito profissional. Já se tornou quase um mantra do mercado dizer que as pessoas que não abraçarem essa tecnologia perderão os empregos para colegas que o fizerem, e é verdade. Mas ironicamente quem a usar também pode ir para o olho da rua, se não fizer isso direito. Cria-se então uma zona de contato bastante estreita, entre um “superpoder” para voar aos céus da carreira e a queda em um abismo profissional resultante de uma má educação no uso da IA. E esse não é um mero exercício intelectual. Ela já aumenta, agora mesmo, as vantagens de muitos profissionais e empresas. Do outro lado, vemos cerca de 14% da população brasileira sem qualquer acesso à Internet. Surgem alguns dilemas sociais profundos. Talvez algumas pessoas gostariam de simplesmente não usar essa tecnologia, e esse seria um direito legítimo. Mas ainda dá para se almejar isso? Na ponta oposta, outras desejariam aproveitá-la, mas estão completamente alijadas desses recursos. Como lhes garantir isso, que já se configura como um direito fundamental? Quem está no topo da pirâmide social deve parar de olhar para a sociedade como se todos estivessem na mesma situação frente à IA. NÃO ESTÃO! Existe uma muralha a ser transposta para que se tenha pelo menos algum acesso digital, mas o presente nos empurra para uma desigualdade ainda mais ostensiva. Esse é o dilema que precisa ser solucionado. Como chegar lá? É sobre isso que falo nesse espisódio! E você, como acha que a IA pode chegar a mais pessoas, e como fazer com que elas aproveitem bem seus recursos?

    9 min
  2. “Emily em Paris” e o câncer de mama

    4 NOV

    “Emily em Paris” e o câncer de mama

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 Que o apreço pela verdade anda em baixa, não é surpresa. Mas até onde pode ir a negação do que é real? Há muitos anos, a pós-verdade, aquela que prega que a versão dos fatos que interessam às pessoas é mais importante que os fatos em si, tornou-se uma muleta que justifica que pensem e façam o que quiserem, por mais absurdo que seja. Mas observo apreensivo uma nova fase dessa “paranoia coletiva”, em que alguns esperam que a própria realidade se curve aos seus devaneios, como se fossem o centro de seus próprios universos. Isso se manifesta de maneira mais ou menos escancarada. Um dos exemplos mais emblemáticos e antigos é aquela turma que insiste que a Terra seja plana, contrariando evidências tão enormemente abundantes, que tornam essa crença caricata e patética. Às vezes, esse descolamento da realidade se torna tragicômico. Por exemplo, a série “Emily em Paris”, sucesso adolescente da Netflix, mostra uma França “perfeita”, que parece gravitar em torno da torre Eiffel, sem moradores de rua, sujeira, crimes ou ratos. Disso surgiram turistas abobalhados que vão a Paris e ficam indignados quando descobrem que ela –como qualquer cidade– não é daquele jeito, e tem problemas! Em outros casos, as consequências podem ser graves, como em episódios recentes no Brasil de uma médica afirmando nas redes sociais que o câncer de mama não existe e de um médico que disse que a doença pode ser causada por mamografias. Se o fato de profissionais de saúde dizerem algo que pode literalmente matar pessoas não fosse grave o suficiente, esses posts legitimaram que uma legião de pessoas que, por qualquer motivo “não acreditam na doença”, viesse a público “expor essa verdade”. Os três exemplos, apesar de muito diferentes entre si, guardam uma raiz comum que corrói a sociedade há anos: quando qualquer um pode arrebanhar uma multidão com distorções deliberadas do real, os ganhos civilizatórios começam a colapsar. Quais as consequências disso para todos nós? Falo sobre isso nesse episódio. Para você, o que podemos fazer para reduzir esse problema?

    10 min
  3. O dilema do celular na sala de aula

    28 OCT

    O dilema do celular na sala de aula

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 Ao que tudo indica, o próximo ano letivo começará com os celulares restritos nas salas de aula. Isso é bom ou ruim? Em um raro consenso entre governo e oposição, um projeto de lei que disciplina seu uso deve ser aprovado até o fim do ano no Congresso Nacional. E apesar de eu concordar com a restrição, fico apreensivo com declarações de todos os lados que demonizam smartphones e outras tecnologias em sala de aula. Esse pensamento torna o debate mais raso e prejudica a possibilidade de crianças e adolescentes aprenderem a usar esses recursos de forma consciente e produtiva. Em um mundo profundamente digital, a simples proibição pode levar a um uso desses equipamentos descontrolado e escondido, o que pode ter consequências negativas. Todos nós sofremos com as distrações causadas pelos smartphones e suas intermináveis notificações, que sequestram nossa atenção. Para uma criança ou adolescente, essa sedução pode ser muito maior: pesquisas indicam que os alunos podem levar até 20 minutos para se concentrar novamente no que estavam aprendendo depois de usarem o celular para atividades não-acadêmicas. E mesmo o aparelho desligado pode levar a problemas de aprendizagem. Nesse sentido, não resta dúvida de que os alunos não devem ter acesso livre ao equipamento nas aulas. Especialistas defendem que não o usem nem no recreio, pois ele também comprometeria atividades de socialização típicas daquele momento. Isso é muito diferente de não usar os celulares com objetivos pedagógicos. Mas desperta outras preocupações, como se o professor está preparado para essa tarefa e se o celular do aluno deveria ser usado nesse caso, o que lhe daria, por exemplo, aceso a suas redes sociais, um verdadeiro “dreno de atenção”. Que caminho seguir então? É disso que trato nesse episódio! E para você, como celulares devem ser usados nas escolas?

    10 min
  4. Não podemos ignorar os riscos da IA

    21 OCT

    Não podemos ignorar os riscos da IA

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 Por que os grandes benefícios da IA não podem encobrir seus potenciais riscos? A IA já transformou o mundo, e esse processo está apenas engatinhando. Suas potencialidades beiram o inimaginável e devemos nos apropriar de todos esses recursos. Ainda assim, temos que cuidar para que isso não se torne um ópio que turve nossa compreensão dos riscos que ela também embute. Infelizmente já constato esse problema em pesquisadores, parte da imprensa, grandes empresários e outros líderes da sociedade, que abraçam a IA de maneira inconsequente, como se tudo dela fosse bom. Essas pessoas adotam um discurso deslumbrado e intransigente, criticando aqueles que propõem um debate equilibrado sobre benefícios e riscos da IA. No dia 8, a Academia Real das Ciências da Suécia concedeu o Prêmio Nobel de Física a Geoffrey Hinton, da Universidade de Toronto, e a John Hopfield, da Universidade de Princeton, pelos seus trabalhos pioneiros com redes neurais artificiais e com machine learning, bases da IA. Essa turma correu para incensar a vitória dessa tecnologia, escondendo que, apesar de ser considerado o “padrinho da IA”, Hinton também é um forte crítico ao seu desenvolvimento descuidado. A defesa inabalável da IA é criadora e criatura de um profundo processo de desordem informacional que beneficia as empresas do setor. Não é um fenômeno novo: há muitos anos, as big techs manipulam o público em favor das redes sociais. Com isso, mesmo diante dos seus evidentes problemas, uma parcela significativa da população ainda as apoia irrestritamente por seus inegáveis benefícios, mas ignorando seus óbvios prejuízos. Falhamos ao impedir que essa desinformação favorável às redes sociais criasse raízes tão profundas, que impediram que elas evoluíssem de maneira mais benéfica à humanidade. Não podemos repetir o erro com a inteligência artificial! Mas qual é o caminho a seguir? É sobre isso que falo nesse episódio. E você, acho que há exageros em torno da IA?

    9 min
  5. A 'mágica' Da Inteligência Artificial Vem Do Trabalho 01

    14 OCT

    A 'mágica' Da Inteligência Artificial Vem Do Trabalho 01

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 A “mágica” da IA vem de trabalho e tecnologia! Desde o lançamento do ChatGPT, em 30 de novembro de 2022, a inteligência artificial generativa vem redefinindo o mundo com uma velocidade nunca vista pela avalanche de aplicações que prometem facilitar as mais diversas tarefas. Porém, apesar dessa euforia, não há milagre nisso, e poucas pessoas entendem como tirar o proveito máximo dela. “Eu tenho convicção de que a tecnologia atual, que ainda é incipiente, é o embrião de uma nova civilização”, proclamou Gilson Magalhães, novo diretor-geral na América Latina da Red Hat, a maior empresa de software open source do mundo. “É preciso ter muita atenção a essa tecnologia, porque ela é de altíssimo impacto, e vai crescer progressivamente, trazendo novos insumos”, acrescentou, durante o Red Hat Summit Conect, principal evento da empresa no país, que aconteceu no dia 8, em São Paulo. Mas ainda há muito mais entusiasmo que conhecimento em torno da IA. Tanto que um estudo recente do Gartner indicou que metade das iniciativas com ela se limita a ferramentas de produtividade para as equipes, enquanto 30% agem nos processos. Implantações para verdadeiramente transformar o negócio, o que indicaria seu uso mais robusto, acontecem em apenas 20% dos casos. Magalhães deixa bastante claro: as pessoas querem “mágica” da IA, mas não funciona assim. Como qualquer outra tecnologia, os resultados vêm com informação e trabalho. É um cenário semelhante aos primórdios de outras tecnologias que revolucionaram o mundo: a Internet comercial e os smartphones. Nem em seus sonhos mais loucos, seus criadores poderiam imaginar o que surgiria daquilo! Não obstante, cá estamos, com vidas profundamente digitalizadas. Cabe a essa geração aprender a usar a inteligência artificial de maneira construtiva, segura e ética, criando utilizações que talvez hoje se pareceriam mesmo com mágica. Mas qual o caminho? É sobre isso que falo nesse episódio! E você, como está usando a IA no seu cotidiano?

    9 min
  6. Robôs que ameaçam a democracia

    7 OCT

    Robôs que ameaçam a democracia

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 Não olhe agora, mas tem um robô sequestrando o seu voto! Desde que o austríaco Fritz Lang levou o robô Maria para as telas, no cultuado “Metropolis” (1927), máquinas fingindo ser pessoas vêm sendo exploradas pela ficção. Ainda que de maneira bem diferente de livros e filmes, nunca estivemos tão perto de isso acontecer, com profundos impactos sociais. Considerado um expoente do expressionismo alemão, o filme retrata um futuro distópico, que curiosamente se passa em 2020. Nele, governantes que temem uma revolução popular usam uma máquina que falsifica a verdadeira Maria, uma mulher carismática e que prega paz e esperança, para semear o caos entre os trabalhadores. Na nossa realidade, os robôs mais avançados não têm corpos, mas enganam ao se comportarem como humanos. Eles transmitem ideias de maneira muito convincente, falando como nós. E isso pode transformar a sociedade mais que a Maria de Lang. No mês, passado, Yuval Noah Harari argumentou em um artigo que a capacidade de a inteligência artificial convencer pessoas melhora à medida que esses sistemas se parecem mais com seres humanos. Como explica o historiador e filósofo israelense, a democracia depende de diálogo, e debates nacionais só se tornaram e se mantêm viáveis graças a tecnologias da informação, como os jornais e a TV. Logo, qualquer mudança tecnológica pode impactar o diálogo e, consequentemente, a democracia. O irônico é que passamos agora, com a IA, pela maior transformação em décadas, mas seu impacto no diálogo não se dá por ampliar a troca de ideias, mas por ser uma ferramenta excepcional de manipulação das massas. A pergunta que surge é: até onde esses “falsos humanos” podem prejudicar nossa capacidade de fazer escolhas conscientes sobre o que realmente é melhor para nós? A eleição desse domingo ajuda a entender isso. Para saber como, convido você a assistir a esse meu episódio. E você, sente que a IA pode manipular suas ideias?

    9 min
  7. Desconhecimento e euforia em torno da IA

    30 SEPT

    Desconhecimento e euforia em torno da IA

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 Tem muita gente se frustrando com a IA. Mas normalmente isso acontece por euforia ou desconhecimento. A essa altura, ninguém diria que a IA não passa de uma tendência incerta: seu uso cresce sem parar entre profissionais diversos, nos mais variados segmentos do mercado. Porém enquanto os investimentos nela avançam exponencialmente, executivos reclamam dos seus resultados. Durante a conferência Gartner CIO & IT Executive, que aconteceu em São Paulo na semana passada, especialistas da consultoria demonstraram isso em números. Segundo levantamento desse ano, 47% dos CIOs no mundo disseram que suas iniciativas corporativas de IA não atingiram seus objetivos. Ainda assim, 87% deles planejam investir mais nessa tecnologia em 2025. No Brasil esse índice chega a 92%! As expectativas são altas e crescentes. Segundo o Gartner, em 2022, apenas 18% dos executivos de negócios acreditavam que a IA impactaria significativamente sua indústria. No ano seguinte, esse índice cresceu para 21%, saltando para 59% em 2024 e devendo chegar aos 74% até o fim do ano! Apesar disso, são poucos os que parecem ter apetite para criar usos disruptivos com ela. Segundo a consultoria, metade das iniciativas com IA se concentram em ferramentas de produtividade para as equipes, enquanto 30% agem nos processos. Propostas para verdadeiramente transformar o negócio são apenas 20% dos casos. Para melhorar esse quadro, as empresas devem parar de ver a inteligência artificial apenas como uma mera ferramenta digital capaz de dar respostas quase mágicas. Ela precisa ser encarada como uma tecnologia disruptiva para o negócio. E isso também exige estudo, planejamento e envolvimento profundo das diferentes equipes da empresa, que muitas vezes se dividem entre o medo e o deslumbramento com a IA. Nesse episódio, trago mais informações da conferência e indico caminhos para se conseguir isso. Confira! E você, acha que seu negócio está usando bem a IA?

    9 min
  8. Segurança digital deveria ser ensinada na escola

    23 SEPT

    Segurança digital deveria ser ensinada na escola

    Pílula de cultura digital para começarmos bem a semana 😊 Por que e como as escolas devem ajudar no combate aos crimes digitais? Os smartphones sempre foram muito cobiçados pelos criminosos pelo seu alto valor e facilidade de negociação. De dois anos para cá, esse apetite cresceu muito, especialmente em São Paulo. Mas ironicamente os bandidos não estão interessados no aparelho, e sim nas diversas portas valiosas que ele abre para a vida da vítima, especialmente suas contas bancárias e cartões de crédito. As pilhas de pessoas que tiveram todas as suas economias roubadas dessa forma escancaram como a cibersegurança deixou de ser uma preocupação corporativa e invadiu a vida de todos nós. As vítimas são cada vez mais jovens, incluindo crianças, o que indica que o tema deveria ser inserido nos currículos escolares, adequados à idade de cada aluno. Os meliantes digitais espalham-se pela sociedade. As empresas preocupam-se com roubos de dados e invasões que paralisem suas atividades. As pessoas temem cair em golpes e que suas identidades sejam roubadas. E agora as crianças estão expostas a diferentes tipos de abusos online e a jogos que podem colocar as finanças de suas famílias em risco. Ao educar crianças e adolescentes em cibersegurança, a sociedade prepara cidadãos menos suscetíveis aos ataques cada vez mais criativos e ousados do cibercrime. Os sistemas de segurança fazem bem o seu trabalho, por isso as pessoas passaram a ser o foco dos marginais. Então quanto mais cedo essa instrução for feita, melhor será a proteção de toda a sociedade. São desafios inéditos em nossas vidas, os quais não podemos ignorar. Mas como fazer isso com consciência e produtividade? E como as escolas podem ajudar? É sobre isso que falo nesse episódio. E você, sente-se protegido diante dos avanços do crime digital?

    9 min

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