Histórias para ouvir lavando louça

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Histórias para ouvir lavando louça

Histórias reais, de gente como a gente, para você ouvir e se inspirar enquanto da uma geral na sua cozinha. Um podcast do ter.a.pia!

  1. Fui o único sobrevivente de um acidente de avião

    4 DAYS AGO

    Fui o único sobrevivente de um acidente de avião

    Ricardo foi o único sobrevivente de um acidente de avião ocorrido há 50 anos, o famoso Voo Varig 820. Depois de muito tempo esperando realizar o sonho de viajar a Londres para assistir o show de sua banda preferida, ele finalmente conseguiu sua passagem, com escala em Paris. Quando foi escolher seu assento, ele pediu para ficar na última fileira do avião, acreditando que era a parte mais segura em caso de acidentes. Ele se acomodou na janela da fileira 27, pronto para realizar seu sonho. Mal sabia ele que esse voo mudaria sua vida para sempre. 5 minutos antes do pouso em Paris, uma fumaça começou a aparecer na parte traseira da aeronave. No início, ninguém deu muita atenção. Mesmo assim, por um instinto inexplicável, Ricardo decidiu se levantar e caminhar em direção à frente do avião. Ele passou por um comissário que o repreendeu, mas seguiu em frente, ignorando o aviso. Em poucos minutos, a fumaça tóxica tomou conta de toda a aeronave. As pessoas foram sufocadas em seus assentos, sem chance de reagir. Quando o avião fez uma aterrissagem de emergência numa plantação de cebola, a fuselagem se desprendeu e caiu sobre os passageiros. Uma placa enorme atingiu suas costas, queimando-o gravemente, mas, milagrosamente, ele sobreviveu. Resgatado pelos bombeiros, Ricardo foi levado ao hospital em estado crítico. As queimaduras profundas de terceiro grau o deixaram irreconhecível. Ele passou por um período de coma e, quando acordou, descobriu que havia sido confundido com um comissário falecido, Sérgio Balbino. Durante os dias em que esteve inconsciente, sua família chegou a preparar seu funeral. Mas sua mãe nunca desistiu. Ela acreditava que seu filho estava vivo. A recuperação foi longa e dolorosa. Ele ficou três meses internado, dois deles no CTI, com dificuldades respiratórias e queimaduras que marcaram seu corpo para sempre. Mas, aos poucos, foi reconstruindo sua vida. Sua mãe, sempre ao seu lado, até preparava suas refeições no hospital. A fé dela em sua sobrevivência inspirava a equipe médica. Ricardo começou a receber cartas de apoio de pessoas que ele nunca conheceu, de todas as partes do mundo. Essas mensagens o fizeram refletir sobre a bondade das pessoas e sobre como, mesmo em meio ao caos, a humanidade ainda tinha esperanças. Ele percebeu que havia algo mais naquela tragédia, algo que o mantinha vivo. Um ano depois do acidente, ao conversar com um amigo, ele ouviu algo que mudou sua perspectiva: "Ricardo, não era a morte te abraçando, era a vida te protegendo." Ainda assim, algo o incomodava. Ele sentia que a viagem para Londres, interrompida tão bruscamente, precisava ser concluída. Então, um ano após o acidente, ele voltou à mesma agência da Varig e pediu uma passagem para Londres, com escala em Paris. O atendente ficou chocado quando descobriu quem era o cliente, mas atendeu seu pedido. E, assim, Ricardo retomou o destino que acreditava ter sido interrompido. Passados quase 50 anos do acidente, Ricardo recebe uma ligação de um homem também chamado Ricardo, que lhe contou uma história intrigante. Duas pessoas que estavam prestes a embarcar no mesmo voo que Trajano, há 50 anos, acabaram não viajando. Essas pessoas eram a mãe e a tia do homem, e a mãe estava grávida dele na época. As duas poltronas vazias ao lado de Ricardo eram delas. Ele se deu conta de que, se essas mulheres estivessem ao seu lado, ele provavelmente não teria se levantado por medo de incomodá-las. Se tivesse ficado na poltrona por mais alguns segundos, talvez ele não estivesse vivo para contar sua história. E nem o Ricardo que lhe fez a ligação. Essa sequência de eventos levou Ricardo a questionar se tudo o que aconteceu foi uma coincidência, um acaso ou algo maior. Ele deixou essa pergunta aberta, sem resposta definitiva, mas com uma certeza: sua vida foi marcada para sempre por aquele dia, e ele continua refletindo sobre o significado de estar vivo.

    8 min
  2. Encontrei meu pai ausente depois de 9 anos em uma corrida de aplicativo

    31 OCT

    Encontrei meu pai ausente depois de 9 anos em uma corrida de aplicativo

    Depois que os pais do Diguin se separaram, seu pai se tornou um cara ausente e ficou 9 anos sem falar com o filho. Diguin cresceu e, trabalhando como motorista de aplicativo, acabou tendo uma surpresa em um dia de trabalho: ao aceitar uma corrida, ele viu que o passageiro era seu pai ausente. Rodrigo, ou Diguin, cresceu em um lar marcado por rupturas. Ainda muito jovem, seus pais se separaram, e o afastamento do pai se tornou uma realidade com a qual ele aprendeu a conviver. Sem muitas explicações ou tentativas de aproximação, o pai se manteve distante, fisicamente e emocionalmente. A ausência paterna pesava, e o Diguin cresceu com uma compreensão particular sobre o papel de um pai na vida de um filho. A relação que nunca foi sólida, passou a ser um espaço vazio, preenchido apenas por suposições e dúvidas sobre o porquê da distância. Durante os anos que se seguiram, Rodrigo entendeu o que significava não ter o pai presente. Houve momentos em que ele não conseguia entender a falta de contato, de afeto, e as inúmeras vezes em que a figura paterna não esteve por perto nas ocasiões importantes. Isso não passou despercebido, mas ele seguiu em frente. Com o tempo, Rodrigo decidiu construir a vida com base no que não queria repetir. Ele sabia, no fundo, que quando tivesse seus próprios filhos, faria diferente. O distanciamento do pai tornou-se a maior lição prática sobre como ele não queria ser. Depois de nove anos sem contato, algo inesperado aconteceu. Enquanto trabalhava como motorista de aplicativo, Rodrigo aceitou mais uma corrida, mas não imaginava que o destino reservaria um reencontro tão improvável. Ao chegar ao local de embarque, reconheceu seu pai. Apesar da demora do pai recolher o filho, a surpresa foi mútua Aquela corrida foi suficiente para que Rodrigo percebesse algo que há tempos vinha amadurecendo: a decisão de não guardar raiva, apesar de não querer resgatar um sentimento que já não existe mais. A corrida terminou, mas deixou marcas que transcenderam o curto tempo que passaram juntos naquele carro. Rodrigo aprendeu a seguir seu caminho, agora com a certeza de que o exemplo que ele queria para seus filhos seria o oposto do que recebeu. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia

    3 min
  3. Eu adotei uma criança anencéfala abandonada no hospital

    24 OCT

    Eu adotei uma criança anencéfala abandonada no hospital

    Dabienne não pensava em se tornar mãe novamente, mas conhecer João, uma criança anencéfala abandonada no hospital em que ela trabalhava, a fez rever todos seus planos. Dabienne trabalhava como técnica de enfermagem na Santa Casa de Belo Horizonte e foi chamada para buscar um recém-nascido abandonado no berçário para uma cirurgia. Quando chegou ao berço, encontrou João, uma criança abandonada, nascida com hidranencefalia – uma condição em que o cérebro não se desenvolve completamente e o crânio do bebê fica preenchido de água. A cena tocou profundamente Dabienne, e mesmo sem saber o que o futuro traria, ela tomou a decisão: "A partir de hoje, eu vou cuidar dessa criança." Os médicos não tinham esperanças. A condição de João era delicada, e uma cirurgia arriscada foi necessária para drenar a água acumulada em sua cabeça. Eles disseram que ele não sobreviveria muito tempo, e que Dabienne estaria "pegando amor para depois enterrar". Mas ela não hesitou. Mesmo que ele vivesse apenas um dia, seria o dia mais amado da vida dele. Quando o menino voltou para a cidade dele, Betim, para ficar em um abrigo, Dabienne perdeu o chão e resolveu que iria tentar adotá-lo. Ela sentia uma conexão profunda com João. Alguns meses depois ela pôde abraçar e levar João para casa. O menino que não sobreviveria por muito tempo hoje tem 6 anos e é muito amado por sua mãe, Dabienne, e suas irmãs. Desde então, eles vivem um dia de cada vez, unidos por uma frase que se tornou o lema de suas vidas: "Ninguém solta a mão de ninguém." João não enxerga, não anda, nem fala por conta da sua condição. Ele apenas desenvolveu um pedaço do cérebro, e é este pedacinho que permite o garoto ouvir e se comunicar com algumas expressões como a risada. E é cada sorriso desse que mostra o quanto ele sente o amor ao seu redor. Contra todas as expectativas médicas, ele continua vivendo, sendo o "homem da casa", a alegria dos dias dela e a razão pela qual ela acredita em dias melhores. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia

    7 min
  4. Cheguei a dever 400 mil para agiotas por conta dos jogos online

    15 OCT

    Cheguei a dever 400 mil para agiotas por conta dos jogos online

    Sheilla nunca imaginou que as apostas online mudariam sua vida para sempre. Pelo menos não de forma tão negativa. Quando Sheila começou a apostar, parecia apenas uma forma de ganhar um dinheiro extra. Na época, ela trabalhava como auxiliar administrativa e ganhava R$ 800, mas a primeira aposta que fez já trouxe uma sensação de euforia: ela ganhou R$ 200, um quarto do que recebia no mês. A partir desse momento, a expectativa de "mudar de vida" tomou conta da sua mente. Aos poucos, a diversão das apostas foi se transformando em algo muito mais perigoso. As publicidades de influenciadores que mostravam apenas os ganhos também contribuíram para ela acreditar que aquele era o caminho certo. Com o passar do tempo, a rotina de Sheila se tornou insustentável. Ela passou a jogar o dia inteiro, sem dormir e sem render no trabalho. Seu humor variava conforme seus ganhos e perdas, e ela começou a se afastar de amigos e familiares, trancada em seu quarto, vivendo em função das apostas. Quando o dinheiro do salário já não era suficiente, ela começou a pegar empréstimos e, pouco depois, entrou no ciclo perigoso de pedir dinheiro a agiotas. Sheila viu sua dívida se acumular e ela chegou a dever R$ 400 mil a mais de 40 agiotas, além de ter perdido 11 cartões de crédito e contraído dívidas com amigos e familiares. O fundo do poço chegou quando Sheila, sem mais ter de onde tirar dinheiro, pediu demissão do emprego para pegar a rescisão e tentar quitar parte das dívidas. Em vez de aliviar o fardo, ela perdeu todo o valor da rescisão em apenas 14 minutos de apostas. Nesse ponto, já não conseguia mais esconder a situação de seus familiares, que intervieram ao saber da gravidade do problema. Mesmo com o apoio financeiro da família, Sheila ainda enfrentava as consequências emocionais e psicológicas do vício. Ela entrou em depressão profunda, desenvolveu síndrome do pânico e ficou meses sem conseguir sair de casa. O tratamento psicológico veio como um alívio, mas o impacto do vício levou tempo para ser superado. Hoje, Sheila faz tratamento contínuo no CAPES e ainda lida com as cicatrizes deixadas por esse período. A história da Sheilla faz parte da campanha #ApostaSemInfluência, uma iniciativa do Histórias de Ter.a.pia que visa mobilizar a sociedade civil e a Creator Economy pela proibição da publicidade de casas de apostas online, as conhecidas BETs. A campanha busca conscientizar sobre os impactos devastadores do vício em jogos de azar e a influência nociva da promoção dessas plataformas por influenciadores digitais. Acesse historiasdeterapia.com/ApostaSemInfluencia e saiba mais. Este episódio tem áudios da novela Órfãos da Terra, Jornal da Globo, Jornal da Record, Canal Tempero Drag, Podcast Agência Pública, Podcast O Assunto, Rádio EBC. Os links de referência para o episódio, encontram-se abaixo: Órfãos da Terra, Globoplay https://bit.ly/485o648 Na Telinha, Uol https://bit.ly/489nPNn Memórias Globo, Globo http://glo.bo/3U4YZsr Jornal da Globo, Globoplay https://bit.ly/3YlrF2T Jornal da Record, Record https://bit.ly/483cxdP Canal Tempero Drag https://bit.ly/3YlqS1M G1, Globo http://glo.bo/3YlrFQr SBT News, SBT https://bit.ly/3YlrGDZ Agência Brasil, EBC https://bit.ly/485FpSG Uol https://bit.ly/3A0ilbq Agência Brasil, EBC https://bit.ly/3Yp0xQH G1, Globo http://glo.bo/4894Rqh Podcast Agência Pública https://spoti.fi/3YlXOr8 Nexo Jornal https://bit.ly/405IEHQ Podcast O Assunto, Globoplay https://spoti.fi/484gnTX G1, Globo http://glo.bo/3Yoftyk Agência Brasil, EBC https://bit.ly/483Esdv Nexo Jornal https://bit.ly/3YmXvfu Uol https://bit.ly/3YmLw1v Estadão https://bit.ly/48eBi6U Rádio EBC https://bit.ly/3BGXYk3 Jornal O Globo http://glo.bo/488quHl Jogadores Anônimos: https://jogadoresanonimos.com.br/

    43 min
  5. Minha mãe morreu no meu parto, mas eu realizei o sonho dela

    3 OCT

    Minha mãe morreu no meu parto, mas eu realizei o sonho dela

    Cleide Evelin nasceu carregando uma marca trágica: sua mãe, Cleide, morreu em seu parto. O sonho da mãe, de ter uma filha, foi interrompido no momento em que Evelin veio ao mundo. A dor dessa perda foi tão grande que o pai, incapaz de lidar com o luto, decidiu deixá-la no hospital, rejeitando-a antes mesmo de conhecê-la. A @cleide_evelin foi adotada pelos tios, por parte de pai, que lhe deram o amor e o acolhimento que seu pai biológico não conseguiu oferecer. Apesar da tragédia, seus tios nunca esconderam a verdade. Evelin cresceu sabendo de toda a história - da morte precoce da mãe até o abandono pelo pai, a quem, mais tarde, ela escolheria perdoar. Carregando o nome de sua mãe como uma homenagem, Evelin cresceu cercada por amor, mas também pela sombra de uma rejeição que poderia tê-la esmagado. Ao invés disso, ela transformou a dor em força. Mesmo sabendo do passado, dos momentos mais duros, ela escolheu olhar para frente. Estudou, superou os obstáculos que a vida lhe impôs e se tornou uma agente de mudança. Através do Instituto Juntos Brasil, Evelin impacta vidas que, como a sua, foram marcadas pela rejeição, levando esperança e cuidado às comunidades mais vulneráveis no Brasil e também na África. Nos últimos momentos de vida de seu pai biológico, Evelin o perdoou com apenas 13 anos. Ela entendeu que ele também havia sido uma vítima do luto, da dor profunda que o fez incapaz de cuidar dela. Esse ato de perdão foi o ponto de virada em sua história — não como um fim, mas como o início de sua missão de transformar a rejeição em acolhimento. Hoje, Evelin honra o legado da mãe que sonhava com ela e resgata outros que, como ela, também foram deixados para trás. São mais de 7000 pessoas que ela já transformou a vida de alguma forma com seu trabalho, e isso é só o começo! Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia

    8 min
  6. Indígena Urbana: Demorei muito tempo para encontrar minha origem

    26 SEPT

    Indígena Urbana: Demorei muito tempo para encontrar minha origem

    A história de Tania começa antes mesmo dela nascer. Apesar de ter crescido em um ambiente urbano, foram necessários muitos anos até ela encontrar sua origem indígena. Anos atrás, sua avó precisou fugir após a aldeia em que morava com os filhos, com os filhos, ser incendiada por homens armados. Expulsos de sua terra no meio da noite, ela perdeu o contato com o restante do seu povo. A avó de Tania levou a família para Minas Gerais, mas o medo do que haviam vivido era tão grande que ela decidiu esconder sua ancestralidade, temendo mais perseguições e preconceitos. Com isso, a conexão com suas raízes foi silenciada. Crescendo na cidade, Tania ouvia fragmentos de sua história, mas nunca com clareza. Sabia que tinha herança indígena, mas essa parte de sua identidade era tratada como algo perigoso de se reconhecer. Sua família, como muitas outras, focava apenas em sobreviver no ambiente urbano, sem espaço para reivindicar a própria cultura. Já adulta, Tania decidiu buscar sua origem indígena. Após anos de pesquisa, ela descobriu que sua família pertencia ao povo Pataxó. Essa descoberta a levou a uma aldeia em Paraty, onde, ao olhar para as pessoas, sentiu uma conexão imediata. O rosto de cada membro da comunidade parecia familiar, como se finalmente tivesse encontrado seu lugar. Ali, Tania descobriu que muitos dos indígenas da aldeia eram seus parentes de sangue. Assim como a história indígena desde 1500, a história da Tania é uma luta contra o apagamento e o silenciamento forçado. Hoje, Tania vive na cidade, mas se orgulha de sua identidade como uma mulher indígena, lésbica e mãe de um filho com Síndrome de Down. Ela carrega em si a força de sua avó, que sobreviveu à destruição de sua aldeia e à perda de sua terra. Para Tania, a luta pelo reconhecimento da identidade indígena não é apenas pessoal, mas uma forma de garantir que sua história e a de seu povo nunca mais sejam esquecidas. Ela representa a força de uma ancestralidade que, apesar de todas as adversidades, continua viva. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias : https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia

    10 min
  7. Provei que posso dirigir mesmo sendo cega de um olho

    24 SEPT

    Provei que posso dirigir mesmo sendo cega de um olho

    “Você não vai conseguir” foi uma frase que acompanhou a Nara desde muito nova. Aos três anos, um acidente em casa fez com que ela ficasse cega de um olho. Embora não se limitasse, Nara logo percebeu que sua deficiência seria usada como barreira pelos outros. Assim que completou 18 anos, Nara quis tirar sua carta de motorista. Era seu sonho poder dirigir, mas isso foi ficando cada vez mais distante quando amigos e familiares a desmotivaram.  "Você não vai conseguir, você não enxerga de um olho", era o que Nara sempre ouvia. E, por muitos anos, ela acreditou nisso.  Por 20 anos a Nara ficou dependente de outras pessoas para fazer coisas cotidianas, como ir ao mercado.   Quando não tinha uma carona, ela carregava sacolas pesadas, chorava no caminho de volta para casa, sentindo o peso não só das compras, mas também da frustração de depender de alguém. Só aos 48 anos que Nara decidiu enfrentar seus medos e o preconceito. Sem contar a ninguém, foi até uma autoescola perguntar se era possível tirar a carteira de habilitação, mesmo com visão monocular.  Para sua surpresa, a resposta foi um simples e direto "sim". Naquele momento, toda a crença que ela alimentou por décadas foi desfeita em segundos. Nara passou pelas aulas de direção com o instrutor, que a ensinou a se adaptar às limitações de sua visão, e conquistou sua tão sonhada CNH.  O sentimento de liberdade que ela sentiu foi indescritível. Agora, Nara podia ir e vir sem depender de ninguém. Seu sonho finalmente se tornou realidade. Dirigir para Nara não é apenas sobre estar no volante. É sobre liberdade, superação e a prova de que, mesmo com uma deficiência, é possível conquistar seus sonhos, contanto que você acredite em si. • O vídeo com a história da Nara contada no Gringo, no Mês das Mulheres, é esse aqui: https://www.instagram.com/reel/C4QPIjzOTCI/?igsh=MW15YmtvYXZ1NGp3Zw%3D%3D • O perfil do João, que comentamos no podcast é este aqui: https://www.instagram.com/fotografiacega_/ • O vídeo dele contando sobre seu trabalho é esse: https://www.instagram.com/reel/C_giIUOu4oB/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA%3D%3D A história da Nara foi contada em parceria com o @chamaogringo. No Super App do Gringo você paga licenciamento, multas e cuida do seu veículo em um só lugar. O Gringo tá aqui pra simplificar, sem burocracia, com soluções pro seu veículo na palma da mão. Acesse o site e saiba mais https://gringo.com.vc/

    21 min
  8. "Você é o primeiro médico preto que eu vejo"

    19 SEPT

    "Você é o primeiro médico preto que eu vejo"

    Você pode conhecer o Fred Nicácio do BBB 23, ou do Queer Eye Brasil, mas não provavelmente a história do garoto da periferia do interior do Rio, que se tornou médico e logo depois uma personalidade da mídia. Fred nasceu em uma família pobre, que vivia na periferia de Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro. Mas sua origem humilde não significava que sua família não tinha letramento racial. Desde cedo, ele ouviu do pai que não seria tratado da mesma forma que os filhos brancos dos vizinhos. Esse ensinamento se tornou ainda mais latente quando Fred e sua família ascendem e vão morar no centro da cidade. Eles eram a única família preta daquela rua, da igreja e dos ambientes sociais que frequentavam. Se o racismo era uma pauta dentro de casa, para driblá-lo Fred e seus irmãos foram ensinados pelos pais a estudar. Logo após concluir o Ensino Médio, Fred entra para a faculdade de fisioterapia e se forma. Trabalhando na UTI de um hospital, ele se encanta pela medicina e como essa profissão pode salvar vidas. Quando comentou com uma colega de trabalho que ficou muito animado com um procedimento que um médico fez, ela desdenhou dele: "Isso é só para um doutor". Fred sentiu o olhar de desprezo da colega e sabe que se ele fosse um homem branco, ela o incentivaria a se formar nessa profissão. Mas com incentivo ou não, ele sabia o que queria e anos depois se formou em medicina e foi trabalhar em um hospital público em outra cidade do interior do Rio. Foi nesse hospital que sua vida se transformou por completo. Em um atendimento de plantão pediátrico, Fred recebe dona Eunice, de 74 anos, e seu neto, de 9. Ele notou que a senhora não parava de olhar para ele durante toda a consulta, mas seguiu o atendimento com o neto dela. No final da consulta, ela pergunta se poderia tirar um retrato com Fred. Nos mais de 70 anos de dona Eunice, ela nunca havia sido atendida por um médico preto, como ela. Além da foto, ela pediu para ele publicar a foto na internet porque outra neta dela tinha acesso à internet também. Quando Fred publicou, não imaginava que essa foto fosse mudar tudo. A publicação viralizou, foi parar em jornais, ele foi convidado a dar entrevistas... e virou o Fred Nicácio que conhecemos hoje nas redes e dos programas de TV, como Queer Eye e Big Brother Brasil. A representatividade que ele tinha ali naquele hospital no interior do Rio de Janeiro foi potencializada após seu encontro com dona Eunice. Tudo porque ela pediu para postar nas redes aquele encontrou que mudou não só a vida do Fred, mas da Eunice também. Hoje Fred sabe da importância de ter um homem preto, gay, macumbeiro e fashionista com visibilidade nas redes, na TV ou onde for. Para que mais Eunices não precisem esperar até seus 70 anos para se sentirem representadas. Compre o livro do ter.a.pia "A história do outro muda a gente" e se emocione com as histórias: https://amzn.to/3CGZkc5 Tenha acesso a histórias e conteúdos exclusivos do canal, seja um apoiador http://apoia.se/historiasdeterapia

    7 min

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Histórias reais, de gente como a gente, para você ouvir e se inspirar enquanto da uma geral na sua cozinha. Um podcast do ter.a.pia!

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