Alma71 Mulheres Cicloviajantes: Cândida Azevedo - Serra do Espinhaço
Cândida buscava um lugar para ir viajar. Era tempo de Pandemia. Isolamento. O mundo parecia ter virado do avesso. E nós, também. Nessa busca por um lugar tão isolado quanto estávamos todos, ela encontrou no último guia de Olinto, a quem já acompanhava há tempos, um lugar que lhe chamou a atenção. Olinto e Rafa haviam acabado de mapear uma região árida, com ares tão selvagens quanto convidativos, a quem ansiava por aventura, no seu mais puro significado, como desconhecido a ser explorado. Abrangendo o interior do norte de Minas Gerais e Bahia. Mais exatamente, iniciando em Diamantina MG, chegando aos pés da Chapada Diamantina BA, com a opção de explorar a chapada, o que pediria sem economia alguma, uns 10 dias mais. Cândida fez o que é tão comum a uma alma autenticamente viajeira. Foi passando. Foi ficando. Um cadinho mais em lugares que lhe ganhavam o coração. Ou quando o cansaço da pedalada pedia um merecido descanso. Ou quando seus olhos eram presenteados por passagens por cachoeiras lindas, para seu deleite e deslumbre. Claro. Cicloturismo é isso! Se não mudar o planejamento de quantos quilômetros pedalar por dia, todo dia, não é uma cicloviagem. É planilha. Tão necessária, como é necessário cada um se adaptar ao seu formato e desenho de viagem. Quando não pudermos flexibilizar a regra para os números no caminho, não vivemos verdadeiramente a liberdade. Poder decidir se vou até laaaaaaá longe, ou se decido parar aqui, mesmo tendo pedalado só 20 km, só 30 km só porque encontrei uma cachoeira linda, ou uma prosa boa, traduz o espírito do viajante. A Alma Cicloviajante. Permitir-se absorver o arredor, escutar os sons, conectar-se à natureza, ao caminho, permitir que ele te ofereça seus presentes, sem pressa de passar é o significado da viagem. Chegar é o fim. A viagem acontece no caminho. Bem fez Cândida! Esticou dias onde sentiu vontade. Esticou a pedalada quando precisou. A velha e tradicional pergunta "Quantos km por dia?" não cabe, definitivamente, numa viagem desta. Pois num dia, sem pouso no caminho, chegou a 120km. Em outros, 20 km e... Cachoeira! É disso que falamos! A viagem seguiu por estrada de terra quase na totalidade e muita areia. Areia fofa de ter de descer e empurrar a bicicleta. Povoados de quando em quando. Gente muito simpática e receptiva no caminho. As interações com as pessoas só não aconteceram, intensamente, como de costume, devido a ainda estar na fase crítica da pandemia. Nesta viagem, Candida mergulha profundamente na viagem interior. E tal qual o êxtase experimentado ao chegar ao portal natural no topo da serra que antecede a vista exuberante, de cair o queixo mesmo, da Chapada Diamantina ao longe, no horizonte, vive um misto de sentimentos. De empoderamento. De prazer. De alegria imensa. E também da sensação do término de algo tão bom, tão gostoso de viver, que também se tem o sentimento de não querer que terminasse. Como acontece tanto na vida da gente. Mulheres Cicloviajantes. Para acompanhar a Cândida no Instagram, siga @azevedo.candida e o nosso, @mulherescicloviajantes e também o Alma Cicloviajante @gloriaadgloria Há também uma entrevista da Cândida contando desta viagem na Revista Bicicleta. O episódio #1 de Cândida é o nº 46 neste canal. Aproveita para ouvir. Se gostou, compartilhe! Para mais pessoas conhecerem esta e outras histórias contadas aqui no canal.