"Vou negando as aparências, disfarçando as evidências..." O famoso refrão poderia descrever, além de uma paixão reprimida, uma estratégia muito utilizada pelas mineradoras para dificultar a regulação pública sobre seus processos produtivos. Omissão de informações, pouca ou nenhuma transparência e elaboração de estudos ambientais que lhes favoreçam são práticas recorrentes. Mas na região do Quadrilátero Ferrífero/Aquífero, em Minas Gerais, a eficácia dessas táticas pode estar com os dias contados. Pesquisadores de instituições públicas, membros de movimentos sociais e lideranças comunitárias se articularam em rede para realizar estudos sobre os sedimentos, solos, lamas e águas desta região. A Rede de Monitoramento Geoparticipativo*.
Os primeiros resultados do estudo "Que lama é essa?", produzido pela Rede, são muito preocupantes e revelaram que, na água coletada em diversas localidades, os níveis de arsênio, ferro, manganês e chumbo estão acima dos níveis permitidos pela legislação brasileira. A presença destes elementos ainda não pode ser associada à atividade minerária, para essa correlação é preciso aguardar as análises mineralógicas de sedimentos e lama que ainda estão sendo processadas.
Neste episódio, vamos ouvir a Profa. Dulce Maria Pereira (UFOP), o Prof. Paulo Rodrigues (UFMG) e o Prof. Ulisses Nascimento (UFMA) sobre os primeiros resultados das análises de águas superficiais coletadas em janeiro de 2022.
*A Rede de Monitoramento Geoparticipativo é composta pelo Movimento pelas Águas e Serras de Minas; Projeto Manuelzão, Grupo de Pesquisa em Educação, Mineração e Território e Laboratório de Solos e Meio Ambiente (todos da UFMG), Laboratório de Educação Ambiental e Pesquisa: Arquitetura, Urbanismo, Engenharias e Processos para Sustentabilidade da UFOP, Núcleo de Análises de Resíduos e Pesticidas da (UFMA) , além de voluntários e representantes de comunidades que foram invadidas por águas e lama em janeiro de 2022.
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- PublishedApril 25, 2022 at 3:52 PM UTC
- Length16 min
- RatingClean