5 – Improviso e encantamento: territórios de Exu

Música negra do Brasil

“No princípio era Exu”, diz Acauam Oliveira no quinto episódio da série Música Negra do Brasil. Em cinco capítulos e um epílogo, o professor e ensaísta discorre, em formato original, sobre as manifestações musicais afro-brasileiras, tendo o improviso como eixo da narrativa. Ele explica abaixo:

“Neste episódio, o improviso é pensado enquanto metáfora para a própria condição do ser negro no mundo. Uma forma de vivenciar uma identidade sob sequestro, improvisada, enquanto signo e marca de precariedade e desumanização e, ao mesmo tempo, como a capacidade de inventar mundos desde um não-lugar, dotando a negatividade de sentido – ou seja, a negritude como a própria condição de existência sob o signo da modernidade. Voltando-se para o contexto da música popular brasileira, será dado destaque a diversas formas de mobilização desse devir negro”.

Texto, seleção de fonogramas, locução, gravação, edição e mixagem: Acauam Oliveira

Programação da série Música Negra do Brasil: Bernardo Oliveira

Trilha da vinheta: Mbé

Programação visual: Mariana Mansur

Acaum Oliveira é mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada e doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo. Professor adjunto da Universidade de Pernambuco e do programa de pós-graduação em Letras da UPE, atualmente sua área de pesquisa envolve os campos da literatura, música popular e crítica cultural, bem como questões relacionadas a afrodescendência e relações étnicorraciais. É autor da introdução ao livro “Sobrevivendo no inferno”, dos Racionais MC’s.

Fonogramas

SoundSupport: HealingSession – Master Minded (2022)

Sirê de Exu (Banda Filhos de Gandhy) (1996)

Agueré de Oxóssi

Só o ôme (Edenal Rodrigues) – versão Noriel Vilela (1969)

Bum bum tan tan (MC Fioti) (2017)

Canto das três raças (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) – versão Alcione (1999)

História do Brasil – quem inventou o Brasil (Lamartine Babo) (1934)

Abre alas (Chiquinha Gonzaga) – versão Banda da Casa Edison (1913)

Bolimbalacho (Eduardo das Neves) (1908)

Africadeus (Naná Vasconcelos) (1973)

Festa de Umbanda (Martinho da Vila) (1974)

Cordiais saudações (Noel Rosa) (1931)

Se você jurar (Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco Alves) – versão Francisco Alves e Mario Reis (1931)

A incrível bateria do mestre Marçal (1987)

Prazer da Serrinha (Hélio dos Santos e Rubens Silva) – versão Fundo de Quintal (1980)

Vou festejar (Dida, Neoci e Jorge Aragão) – versão Beth Carvalho (1978)

Cohab City (Anderson Leonardo e Netinho de Paula) – versão Negritude Júnior (1995)

Bom Bocado – Art Popular (1995)

Vestida de doida – Art Popular (1996)

Rudri Path – 21 Brahmins (2008)

“Nunca deixou de existir preconceito racial” (mote) – Os Nonatos

Galope à beira mar – Os Nonatos (2005)

Viola nordestina – Heraldo do Monte (2000)

O canto dos escravos – Canto II – Clementina de Jesus (1982). Cantos Recolhidos por Aires da Mata Machado Filho na região de São João da Chapada, município de Diamantina/MG.

Cinco minutos – Jorge Ben (1974)

Quem cochicha o rabo espicha – Jorge Ben (1972)

Triunfo – Emicida (2008)

Entrevistas e documentários

Trecho do Programa Brasil Especial, em 1977, dirigido pelo grande Fernando Faro, com Ismael Silva.

Folha de S. Paulo: “Como o Cacique de Ramos e o Fundo de Quintal mudaram os rumos do samba”.

Trecho do documentário “Eclats Noirs du Samba” (1987)

Referências

MBEMBE, Achile. Crítica da Razão Negra. 2ª edição. Tradução Sebastião Nascimento. São Paulo: n-1 edições, 2018.

BARROS, Douglas Rodrigues. Lugar de negro, lugar de branco. Esboço para uma crítica à metafísica racial. São Paulo: Hedra, 2019.

RUFINO, Luiz. Pedagogia das encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2019.

AB’SABER, Tales. O soldado antropofágico: escravidão e não-pensamento no Brasil. São Paulo, n-1 Hedra, 2022.

NAPOLITANO, Marcos. A síncope das idéias: a questão da tradição na música popular brasileira. São Paulo, Editora Fundação Perseu Abramo, 2007.

SODRÉ, Muniz. Samba, o dono do corpo. 2. ed. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.

TATIT, Luiz. O cancionista: composição de canções no Brasil. São Paulo, Edusp, 1996.

SANDRONI, Carlos. Feitiço decente: transformações no samba 1917-1933. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 2001.

SILVA, José Nogueira da. As africanidades no repente: proposições epistemológicas. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2021.

TINHORÃO, José Ramos. Música popular: do gramofone ao rádio e TV. 2ª edição. São Paulo, Editora 34, 2014.

DA SILVA, Vagner Gonçalves. Exu: o guardião da casa do futuro. Rio de Janeiro, Pallas, 2015.

SILVA, Paulo da Costa e. A tábua de esmeralda: e a pequena renascença de Jorge Ben (O livro do disco). Rio de Janeiro, Cobogó, 2014.

Agradecimentos

Bernardo Oliveira

Romáryo Cavalcante

José Nogueira da Silva

Viviane Nunes Sarmento

Dona Alzira Silvéria

Elionora Silvéria da Costa

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