8 – Sertanejo e o enigma racial brasileiro

Música negra do Brasil

O que a música sertaneja tem a ver com raça e racismo? Esta é a pergunta que o professor Marcos Queiroz responde em seu áudio-ensaio. Ele repassa a história do gênero e ressalta a importância de artistas negros ou negríndios, casos do pioneiro João Pacífico e da dupla Cascatinha e Inhana. Mas mostra que é uma história de embranquecimento. Hoje, quase todos os que fazem sucesso são brancos. Queiroz detalha os fatores socioeconômicos e culturais que levam ao apagamento dos negríndios. Para ele, o gênero sertanejo é antropofágico, mas só os brancos têm poder para digerir as referências. Os outros são deixados no passado.

Texto, seleção de fonogramas, locução, gravação: Marcos Queiroz

Programação da série Música Negra do Brasil: Bernardo Oliveira

Trilha da vinheta: Mbé

Programação visual: Mariana Mansur

Marcos Queiroz é professor no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa. Doutor em Direito pela Universidade de Brasília, com sanduíche na Universidad Nacional de Colombia e na Duke University.

Fonogramas (por ordem de aparição)

Marília Mendonça – Eu Sei de Cor (2017)

Marília Mendonça – Ciumeira (2019)

Milionário e José Rico – Estrada da Vida (1977)

João Pacífico – Chico Mulato (1980)

Cartola – Preciso Me Encontrar (1976)

José Asunción Flores – India

Cascatinha e Inhana – Índia (1952)

Chitãozinho e Xororó – Fio de Cabelo (1982)

Cascatinha e Inhana – Meu Primeiro Amor (1952)

Cascatinha e Inhana – Colcha de Retalhos (1955)

Ary Barroso – No Rancho Fundo (1955)

Luizinho, Limeira e Zezinho – O Menino da Porteira (1955)

Sérgio Reis – O Menino da Porteira (1973)

Jair Rodrigues, Chitãozinho e Xororó – A Majestade, O Sabiá (1985)

Roberta Miranda – A Majestade, O Sabiá (2017)

Tião Carreiro e Pardinho – A Mão do Tempo (1999)

Tião Carreiro e Pardinho – Pagode em Brasília (1961)

Zé Mulato e Cassiano – Diário do Caipira (2003)

Pena Branca & Xavantinho – Chalana  (1996)

Douglas Maio – Pense em Mim (2015)

Rick e Renner – Ela é Demais (1998)

Belmonte e Amaraí – Saudade da Minha Terra (1996)

Pena Branca e Xavantinho – Tristeza do Jeca (1996)

Zé Mulato e Cassiano – Ciência Matuta (2013)

Pena Branca e Xavantinho – Triste Berrante (1993)

Pena Branca e Xavantinho – O Cio da Terra (1996)

Tião Carreiro e Pardinho – Mundo Velho (1982)

Tião Carreiro e Pardinho – Preto Velho (1982)

Tião Carreiro e Parafuso – Neguinho Parafuso (1994)

Simone e Simaria – Loka ft. Anitta (2017)

Zé do Rancho e Zé do Pinho – No Colo da Noite (1997)

João da Baiana – Lamento de Xangô (1952)

João da Baiana – Lamento de Inhasã (1952)

Arlindo Santana e Cornélio Pires – Moda da Revolução (1930)

Arlindo Santana – Paixão do Caboclo (1936)

Adauto Santos – Bahia, Bahia/Marinheiro Só (1998)

Referências

Alonso, Gustavo. Do sertanejo universitário ao feminejo: a música sertaneja e a antropofagia das massas. Zumbido, v.2, p. 12, 2018.

Alonso, Gustavo. O rodeio e a roça: o mistério da música sertaneja. Lacerda, Marcos. Música. Rio de Janeiro, Funarte, 2016

Amaral, Sidney. História do sanitarismo no Brasil (o trono do rei), 2014.

Dias, Alessandro Henrique Cavicchia. “Do iê-iê-iê ao êê-boi”: Sérgio Reis e a modernização da música sertaneja (1967–1982). Dissertação de Mestrado em História pela UNESP, 2014.

Moura, Clóvis. Sociologia do Negro Brasileiro. São Paulo: Editora Ática, 1988.

Nepomuceno, Rosa. Música Caipira: da Roça ao Rodeio. São Paulo: Editora 34, 1999.

Oliveira, Acauam. Sertanejo hipster. O rock não morreu: se converteu ao sertanejo universitário e ao forró eletrônico para seguir no mainstream. Revista Bravo!, 22/10/2020.

Paes, José Paulo. Arcádia revisitada. Paes, José Paulo. Gregos & baianos: ensaios. São Paulo: Brasiliense, 1985

Queiroz, Marcos. Sertanejo, hegemonia e modernidade. Revista Continente, v. 1, p. 54–59, 2021.

Rodrigues, Ana Maria. Samba negro, espoliação branca. São Paulo: Editora HUCITEC, 1984.

Santo, Spirito, post no Facebook:

https://www.facebook.com/spiritosolto/posts/10220210761711644

Silva, Denise Ferreira da. À brasileira: racialidade e a escrita de um desejo destrutivo. Estudos Feministas, v. 13, n. 1, 2006, p. 82.

Agradecimentos

Acauam Oliveira

Bernardo Oliveira

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