Solsticio de Inverno - EP#34 T3
Esta semana acontece o solstício de inverno. Para mim é um dos melhores dias do ano, é sinal que, a partir de dia 21, os dias começam a crescer. Quando chegarmos ao final de janeiro já temos mais uma hora de sol, de vida a acontecer. Não é que a vida não aconteça com a noite, porque acontece, no entanto, acho que para nós portugueses o sol é algo que nos é integralmente necessário. Todos temos alguma dificuldade em viver vários dias de nevoeiro, vários dias de tempo encoberto. Quando vamos para países onde há menos sol, de alguma forma parece que há qualquer coisa que não nos deixa adaptar e tem a ver com esta falta de sol. Esta semana, temos o solstício de inverno, vamos entrar no inverno, e engraçado porque o inverno é, para a natureza, um dos momentos mais stressantes de todo o ano. Há dois momentos extremamente stressantes para a natureza: Um é o inverno, o outro é o verão. É a polaridade! O inverno que vem com frio, vem com neve, vem com gelo, e depois o verão, que vem com temperaturas extremas. Portanto, são as duas estações que levam a natureza ao seu extremo, aos momentos de maior intensidade, de maior carência. A natureza que começou a recolher-se em outubro com o outono, agora com o inverno ainda se contrai, ainda se retrai ainda mais. Quanto maior a retração, maior depois a explosão. E por isso quando já estamos no final do inverno, a aproximar-nos do início da primavera, nós já começamos a conseguir ver as novas folhas a tentarem sair das árvores. Começamos a ver já a vida a querer explodir. E esta contração, que é sempre necessária, tenho insistido imenso, que a vida, no fundo, se desenvolve sempre em movimentos de contração-expansão, contração-expansão. Portanto, esta contração e esta contração muito forçada e muito pressionada pelo inverno vai obrigar a uma explosão ainda muito mais rápida e muito mais energética. Nós, seres humanos, somos parte integrante da natureza. E como parte integrante da natureza, nós também passamos por este momento de grande contração, de grande movimento para o nosso interior. E então é um momento que no fundo para nós, seres humanos, é um momento de reflexão. E o que é que vamos refletir? O ser humano hoje em dia não gosta de refletir, gosta de ter a papinha toda feita. No entanto, as coisas não são assim e daqui para a frente eu tenho a suspeita de que vamos ser todos nós mais convidados a interagir e, no fundo, por um lado a meditar, para saber exatamente depois o que falar, como agir, como participar na vida. Neste movimento de querermos que tudo nos apareça feito, esquecemo-nos de nós, ignoramos a nossa dimensão energética. E nós somos, na realidade, essa dimensão energética. O corpo físico e a nossa vivência no mundo físico é perecível, tem um tempo determinado. São as nossas ações, sejam elas ações mentais, grandes escritores, não é? Temos, em todas as civilizações e em todos os países, já sempre grandes pensadores, grandes escritores, que deixam a sua marca e que ao fim de 500 anos, 600 anos, continuam ainda a ser estudados e a tentar-se descobrir qual é o sentido que eles criam. Há outras pessoas que é ao nível das artes, de artes plásticas, há outras que é ao nível da parte científica. E se repararmos bem, o cunho pessoal que nós damos e essas pessoas o que deixam é a sua marca, o seu coração, a coragem de expressarem aquilo que pensam, aquilo que sentem, aquilo que descobriram, a forma como agiram. São essas pessoas que deixam o seu cunho e que nos inspiram depois a irmos além daquilo que podemos achar que é possível para nós. Neste solstício de inverno, o meu desafio para todos é pararmos. Pararmos e escutarmos o nosso coração. O que é que eu posso trazer diferente? E o trazer diferente aqui pode ser qualquer coisa. Por vezes a escolha vem de sabermos o que não querermos, de conhecermos, em primeira mão, onde...