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Imagine que você está tendo um dia bom. Um dia ótimo, na verdade! Cada ideia que vem à cabeça – e elas jorram! – é excitante. Cada fala é inspiradora. Pessoas medíocres te irritam. Mas você cativa todo mundo com sua vivacidade. Você se sente energético, desinibido, confiante, otimista. Nenhum erro é incorrigível, nenhum obstáculo é invencível. O futuro é luminoso. Você pode mover corações e mudar o mundo. Talvez seja um visionário, um reformador, um gênio, um profeta enviado por Deus. Quem sabe o próprio Deus! Ou, talvez, seja só um lunático… Não foi um dia, foram vários, muitos sem dormir. Você está numa cama de hospital, perdeu o emprego, está afundado em dívidas, os amigos estão afastados, a família, assustada.
Mas talvez esse tipo de euforia seja alheia e distante. Você está mais familiarizado com achaques de melancolia. Eles vêm sem nenhum motivo aparente, mas você sabe que têm razão de ser. Entre a apatia e a agitação, você tem poucas ambições e as poucas que tem sabe que são irrealizáveis. Você tem algum defeito inexplicável para as pessoas; é um estorvo para as mais próximas; se constrange em encontros sociais – melhor evitá-los. Nada acontece como deveria, e tudo por culpa sua. O passado é uma sucessão de erros irreversíveis e oportunidades desperdiçadas; o presente é doloroso; o futuro, opressivo. Sua vida é um fracasso, e sempre será. A angústia jamais passará, a menos que você corte o mal pela raiz. O único alívio é a morte.
Imagine agora oscilar perpetuamente entre os dois extremos, às vezes lançado de um ao outro no mesmo dia, às vezes até vivenciando ambos ao mesmo tempo. Como disse um maníaco-depressivo: “É ter a motivação de mudar o mundo num momento, e depois não ter a motivação para tomar banho”.
Estima-se que o transtorno bipolar afete de 1% até 4% das pessoas. A mania pode pôr a sua vida e a de outros em perigo. A depressão é a principal causa de incapacitação e suicídio. Por volta de 30% a 40% das pessoas com esse distúrbio se ferem a si mesmas, e a mesma proporção tem comportamentos autodestrutivos e problemas financeiros, sociais ou profissionais, agravados por estigmas e preconceitos.
Quais as causas do transtorno bipolar? Como tratá-lo? Quais as esperanças de uma cura?
Convidados
Beny Lafer: professor de psiquiatria da Universidade de São Paulo.
Flávio Kapczinski: professor de psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Valentim Gentil Filho: professor de psiquiatria da Universidade de São Paulo.
Referências
- Transtorno Bipolar: Teoria e Clínica, ed. por F. Kapczinski e J. Quevedo.
- Uma Mente Inquieta (An Unquiet Mind. A memoir of moods and madness) de Kay Redfield Jamison.
- Aprendendo a Viver com o Transtorno Bipolar, ed. por R.A. Moreno, D.H. Moreno et al., e Depressão e Transtorno Bipolar, de R.A. Moreno e D. Freitas.
- The Science & Treatment of Bipolar Disorder, podcast da Plataforma Huberman Lab.
- Concise Texbook of Clinical Psychiatry, ed. Por J.A. Grebb e C.S. Pataki.
- Shorter Oxford Texbook of Psychiatry, ed. por P. Harrison e P. Cowen.
- Clinician’s Guide to Bipolar Disorder. Integrating Pharmacology and Psychoterapy, de D.J. Miklowitz e M.J. Gitlin.
- Manic-Depressive Illness. Bipolar Disorders and Recurrent Depression, de F.K. Goodwin e K.R. Jamison.
- The Bipolar Disorder Survival Guide, de D.J. Miklowitz.
- 100 Questions and Answers about Bipolar (Manic-Depressive) Disorder, de A.T. Albrecht e C. Herrick.
- Cognitive-Behavioral Therapy for Bipolar Disorder, de M.R. Basco e A.J. Rush.
- Being Bipolar. Living with manic-depressive disorder, de C.M.C Carballo.
Ilustração: Máscaras de comédia e tragédia (Fonte: OnBlogStage)
O post Transtorno bipolar apareceu primeiro em Estado da Arte.
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- PublishedDecember 11, 2024 at 8:00 AM UTC
- Length59 min
- RatingClean