Envelhecer nas cidades

Mirante

Embora o aumento da população idosa seja uma realidade perceptível em todo o mundo, com um aumento expressivo na expectativa de vida, há uma contradição: ao mesmo tempo em que a população envelhece, há um culto para que se mantenha jovem a qualquer custo. Neste contexto, a passagem do tempo pode ser vivida de forma dramática, pois fica atrelada às inúmeras perdas inerentes ao envelhecer.

Lutos são feitos no decorrer do envelhecimento, tanto físicos quanto psíquicos, que demandam aos ditos “velhos”, reelaborar a própria história. Pensar a velhice, portanto, requer falar de corpo, temporalidade e finitude.

Em “A nova ciência da longevidade”, a gerontóloga Rose Anne Kenny, por meio de suas pesquisas, preconiza variáveis que favorecem uma longevidade sadia. São elas: a amizade, o alívio do estresse, o riso, garantir a qualidade do sono, boa alimentação, atividade física, ter um propósito de vida e uma atitude positiva diante dela.

Quanto mais cedo abordarmos esses fatores de risco que influenciam o processo de envelhecimento mais reservas poderemos acumular quanto à capacidade do corpo e do cérebro, e maior a probabilidade de retardar os efeitos deletérios desse processo, conforme a especialista.

Sabemos, no entanto, que no Brasil nem todas as pessoas consideradas idosas tem essa possibilidade, e isso passa por fatores econômicos, sociais, políticos e culturais que podem tolher as possibilidades para os idosos.

Se as pessoas envelhecem, também envelhecem as cidades, e este desafio é travado em conjunto no espaço urbano. Ambos constroem histórias, deixam registros sobre a passagem do tempo e deixam legados. Um dos grandes desafios é manter a sociabilidade, e para isso são necessárias condições que viabilizem a presença e a inclusão de idosos no espaço urbano. No entanto, sabemos que essas possibilidades de circulação e ocupação dos espaços acabam sendo limitadas em boa parte das cidades brasileiras.

O que desejam as pessoas mais velhas que buscam análise pela primeira vez, depois de se aposentarem ou mesmo após terem realizado grande parte dos projetos que movem um ser humano na vida? O que buscam os analistas que se dedicam a esse contingente de pacientes idosos? E o que buscam para si analistas que nunca se aposentam?

As cidades de hoje ofereceriam essas possibilidades de vida saudável para todos? As cidades oferecem redes de sociabilidade para aquelas pessoas que não tem família, vivem só?

A psicanalista Beth Mori da FEBRAPSI conversa sobre o tema “Envelhecer nas cidades” com a escritora Rosiska Darcy de Oliveira e a psicanalista Cibele Brandão

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