COMO SUPERAR O MEDO DE DANÇAR? BRUNO RODRIGUES 

Pergunta Simples

Hoje vamos dançar.

A forma mais natural em que acertamos o nosso movimento ao ritmo dos sons ou até dos pensamentos.

Sim, hoje acertamos os passo na arte humana da dança.

Dos mais talentosos dos bailarinos ao mais descoordenado dos seres.

Eu pecador de confesso. E por isso convidei o actor, coreógrafo e bailarino Bruno Rodrigues para me ensinar sobre o movimento do corpo.

Sou o mais descoordenado dos seres a habitar sobre a terra.

Poderia dizer que tenho dois pés esquerdos, o que até poderia ser elogioso porque até se dá o caso de eu ser canhoto.

Por isso simplifico: não tenho jeitinho nenhum para dançar.

O que me angustia porque o meu sentido de ritmo é bom. Acho eu. Sinto que sim. Ritmo dentro da minha cabeça. Depois os braços e as pernas é que não acompanham. Parecem ter vida própria, lançando no espaço pernas e braços num louco, levemente assustador e definitivamente esquisito movimento.

E um dia conheci o Bruno.

Num evento experimental sobre o movimento.

E aprendi que todos temos uma espécie de biblioteca de movimentos. E nessa biblioteca estão os livros de instruções para nos mexermos. É só ler esses livros. Embora muitos de nós nem sequer nos atrevemos a pegar neles. Nos livros. Nas ancas, rótulas, ombros ou pescoço. Volto ao movimento.

Basta respirar, diz ele, o Bruno, e o movimento aparece naturalmente.

Esta conversa é sobre isso.

Sobre o movimento. Sobre a maneira como dançamos.

Na conversa saberemos como alguém descobre que a sua vocação, como experimenta e aprende sobre a arte da dança.

Hoje é coreógrafo, actor e formador na área do movimento.

Naturalmente falámos da maneira como o nosso corpo fala, como comunica.

E de como a dança pode ser uma ferramenta social de inclusão e partilha.

Aprendi que todos podemos dançar.

E sabemos dançar. À nossa maneira, mas é uma maneira tão certa como qualquer outra. Saia lá daí, da frente do espelho. E liberte-se.

Claro que depois há o bailado, como expressão plástica maior.

A expressão do belo e do sublime.

Afinal o uso do corpo para nos fazer sentir as emoções.

O corpo como espelho da alma.

O movimento e a dança como uma forma universal de nos entontarmos mutuamente.

De olhos nos olhos.

De mão na mão.

Num compasso certo dos pés que seguem num movimento síncrono. Isto nas danças a dois.

Mas também valem os grupos que dançam num concerto.

Ou até aquele que dança sozinho na praia, sem música, apenas ao ritmo dos pensamentos.

E tudo se move. E tudo dança. Até os planetas à volta do sol.

Ou o sentir. Ao ritmo dos batimentos do coração.

O ritmo primordial da dança da vida.

Da Química à Dança: O Início da Jornada

Inicialmente estudante de Engenharia Química, Bruno descobriu a dança por acaso, quando uma colega o convidou a experimentar uma aula. Essa experiência revelou-lhe um novo caminho, onde se sentiu verdadeiramente “em casa”. O que começou como uma simples curiosidade tornou-se rapidamente a sua paixão e carreira. No episódio, ele descreve o momento inicial, numa sexta-feira de outubro, que marcou o encontro com a dança. A sensação de “pertença” era tão intensa que ele a lembra com detalhes, incluindo as cores, os cheiros e a música daquela primeira aula.

A Dança Como Forma de Comunicação e Intervenção

Bruno vê a dança como uma linguagem universal, acessível a todos e não apenas a quem se dedica profissionalmente a esta arte. Para ele, todos dançam a partir do momento em que respiram, pois a base do movimento é a respiração. Ele explora a ideia de que a dança está presente nos pequenos gestos do dia a dia e que cada movimento entre duas poses ou “fotografias” forma uma coreografia única.

O Movim

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