Verso Nosso - Ana Vífer Ana Vífer
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- アート
Poesias para ouvir todos os dias
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Série A - Íris/Sarau/Já senti saudades
Série A - Ana Vífer
Íris
Nos seus versos, minhas digitais
Na melodia, meus quadris para lá e para cá, ninando a nossa rebeldia
No seu amanhecer, as nossas auroras se encontram no branco dos seus lençóis
Um amarelo atravessa a cortina, é esse sol que vem nos ver
Numa divina hipnose, as íris se cumprimentam e todo o seu olhar me ama e me chama
O resto vem sem pudor, sem finesse, só amor
Arrebatando o sono dos amantes que tão distante do chão pisam
Lá fora o mundo continua acontecendo e aqui tudo simplesmente parou
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Sarau
Meu cotidiano e oração
Meu inverno aquecido e canção
Meu lugar seguro, meu ninho
Não vou te deixar sozinho
Meu acorde complexo, meu sarau
A melhor das poesias que cura meu mal
O doce da maçã, meu afã
O rosto que eu quero ver pela manhã
A segurança e a paz
O apoio para pular meus muros você faz
É a minha melhor escolha, sim é
Meu sossego dos desejos de mulher
Para quem eu dou o ventre a conceber
Me fiz sua até morrer
Tanto, tanto amo que fico sã
E da loucura que que fui nunca mais serei fã
Meu resgate e abrigo
Meu amante e amigo
Meu lar, meu sabor
Você é a minha descoberta da verdade divina sobre o amor.
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Já senti saudade
Já senti saudade dos seus “ais”
Senti saudade de ti, sem mais
Eu senti saudade no adeus
Dos seus olhos nos meus
Senti saudade de nós
Do timbre da sua voz
Eu senti saudade dos porquês e tal
Da sua aversão por carnaval
Eu senti saudade até juntar
Até ser um comigo e gostar
Até que não houve mais espaço
Entre o meu, o seu abraço
Senti saudade até fechar-se o ciclo do eu
Até ser meu como prometeu
Senti saudade até o dia da aliança
Até o sim e a nossa dança
Eu senti saudade e não mais sinto
De um jeito direito e suscinto
Saudade não vou mais sentir
Porque estou contigo para sempre e daqui eu nunca quero ir. -
Série A - Argumento
Argumento - Ana Vífer
Nessa velocidade dos seus lábios falantes
Mil textos de improviso
Esses argumentos saem em instantes
Se qualquer preparação ou aviso
E eu não me concentro em qualquer palavra dita
A boca rosada me hipnotiza
Como se ela sugasse meu resto de vida
A morte lenta não se faz sofrida
O brilho das palavras afiadas
E o corte limpo na minha lucidez
Uma precisão cirúrgica faz camadas
Na minha antes incontestável intrepidez
Fala alto e gesticula
Numa dança, uma briga, um desejo
Me desmonta e manipula
Terminando a discussão em um beijo.