15 episódios

Um disco de MPB por dia.

365 LPs Paulo Henrique de Moura

    • Música
    • 5,0 • 3 avaliações

Um disco de MPB por dia.

    365 LPs - Ep. 15 - Jorge Ben - Philips: 1969.

    365 LPs - Ep. 15 - Jorge Ben - Philips: 1969.

    Em seu maravilhoso Jorge Ben (1969), o cantor e compositor convocou duas feras para os arranjos, José Briamonte e ninguém menos que Rogério Duprat, o maestro arranjador mais inventivo da Tropicália. A capa deslumbrante é obra do pintor e artista plástico Albery, e também dialoga com a estética tropicalista.

    O disco abre com uma sequência matadora de 4 canções em homenagem às mulheres, sob prismas diferentes a cada vez. Que não reste dúvida alguma, Jorge Ben foi quem compôs e cantou melhor as mulheres desse país, entre outros feitos.

    Em Barbarella podemos perceber o artista roçando na tropicália sem perder um milímetro de seu estilo único e original. O samba rock tá lá, a batida do seu violão inconfundível está lá, sua forma de composição capaz de produzir as imagens mais loucas e singelas estão lá.

    No entanto, a homenagem a Jane Fonda que interpreta uma heroína em Barbarella (1968) dirigido pelo cineasta francês Roger Vadim, é um delicioso  exercício por parte do maestro Duprat, que cria com uma orquestra, sons que remetem a esse clima de ficção científica. 

    Sem dúvida alguma, Jorge Ben (1969) é certamente um dos grandes discos da carreira desse que é um dos maiores inventores da música brasileira, um dos pouquíssimos a possuir um estilo único e extremamente singular de tocar e compor, de cantar e performar suas canções. **

    • 11 min
    365 LPs - Ep. 14 - Os Mutantes - Polydor: 1968.

    365 LPs - Ep. 14 - Os Mutantes - Polydor: 1968.

    Em junho de 1968, o tropicalismo fervilhava a cena cultural brasileira e Os Mutantes funcionavam mais ou menos como motor de uma engrenagem que seria freada em dois momentos específicos: o decreto do AI5, que dissolveu à força o movimento liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil; e a posterior saída de Rita Lee, que mancharia para sempre a história da banda pioneira no experimentalismo no rock brasileiro.

    Em 1967, por indicação do maestro Rogério Duprat, conhecem Gilberto Gil. A partir disso gravaram duas canções junto com Gil: "Bom Dia" e "Domingo no Parque" com a qual participaram, junto do compositor baiano, da estréia tropicalista no III Festival de Música Popular Brasileira, ficando com o segundo lugar.

    A banda também participou do "disco-manifesto" Tropicalia ou Panis et Circencis, um dos mais importantes da música brasileira, participaram nas gravações de discos de Gilberto Gil e Caetano Veloso e fizeram comerciais televisivos e jingles para a Shell.*

    O álbum foi gravado no inicio do ano de 1968, com a produção de Manoel Barenbein e arranjos de Rogério Duprat. Autointitulado “Os Mutantes” foi lançado em junho de 1968. O disco só foi reeditado em CD em 1992 e em 2006. Formado, na época, por Rita Lee e pelos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, os Mutantes inovaram por trazer, em seu trabalho de estreia, um misto de elementos vindos do rock psicodélico e de gêneros musicais nacionais. A faixa “A Minha Menina”, composta por Jorge Ben é um exemplo dessa mistura, sendo uma canção que une o samba e o rock.

    O LP abre com a faixa "Panis et Circenses" ("pão e circo", em latim) composta por Gilberto Gil e Caetano Veloso. Segundo Rita Lee, Gil e Veloso compuseram a canção "em apenas quinze minutos". A capa do disco é uma foto de Olivier Perroy. Sérgio veste uma capa preta de veludo; Arnaldo, um quimono; e Rita, um vestido-poncho feito com uma toalha indiana. A direção artística foi de Wesley Duke Lee, convidado por Guilherme Araújo. A contracapa traz desenhos feitos pelos próprios Mutantes.

    • 11 min
    365 LPs - Ep 13 - Gilberto Gil - Realce - Warner: 1979.

    365 LPs - Ep 13 - Gilberto Gil - Realce - Warner: 1979.

    Em agosto de 1979, Gilberto Gil lançava o LP Realce, com um vigor e coerência que até hoje poucos conseguiram na música popular brasileira, tanto na expressão das melodias e ritmos (samba, afoxé, disco e reggae, entre outros) quanto nos conteúdos líricos, políticos, metafísicos e sensuais das letras.

    Gravado nos Estados Unidos, no estúdio Westlake Audio de Hollywood, o álbum produzido por Mazzola foi intencionalmente um produto de mercado, com as vozes de Gilberto Gil acompanhadas por uma poderosa sonoridade musical e o compositor tocando pandeiro e violão de nylon.

    Realce contempla a crítica política e social, mas de forma otimista (“…Tudo, tudo, tudo vai dar pé…”), reflexo da época de anistia no Brasil e da atitude sempre tolerante, mas não alienada, do artista.

    O disco faz menções às cenas, à tradição, à religiosidade e ao orgulho de ser da Bahia, interpreta com ousadia e “modernidade” o samba-canção Marina, de Dorival Caymmi, toca em novas propostas filosóficas de vida, questiona o racismo, a escravidão e o preconceito e propõe a liberdade para a criação musical, entre a tradição popular brasileira e o pop internacional, sem maniqueísmos.

    A música disco, a discothéque, os filmes “Os embalos de sábado à noite” e “Superman”, a telenovela Dancin’ Days e a música “Odara”, de Caetano Veloso, que precederam Realce, são fatos importantes para ouvir ainda com muita atenção um dos mais significativos trabalhos de Gilberto Gil.

    O álbum conta com as participações dos músicos Jerry Hey (tecladista e arranjador do grupo Earth, Wind & Fire) e Steve Lukather (guitarrista da então novata banda Toto) foram músicos americanos que participaram da gravação desse álbum em que, traz além da composição-título Realce, músicas que atravessariam gerações, como Toda menina baiana e Super-homem, a canção, um dos hits do disco.*

    No geral, o álbum Realce foi bem recebido, mas o arranjo pop do samba-canção Marina de Dorival Caymmi causou controvérsias na época, mais por se tratar de uma música do compositor – dono de um cancioneiro até então imaculado – do que pelo arranjo propriamente dito.*

    • 8 min
    365 LPs - Ep. 12 - Tropicalia ou Panis et Circensis

    365 LPs - Ep. 12 - Tropicalia ou Panis et Circensis

    Caetano Veloso e Gilberto Gil causaram grande impacto em suas apresentações no III Festival de Música Popular da TV Record, no ano de 1967. Ali, foram lançadas as bases para o Tropicalismo em sua versão musical - um movimento que mesclou manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais daquela época, como correntes artísticas de vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira (como o Rock e o Concretismo). Antes de fins sociais e políticos, a Tropicália foi um movimento nitidamente estético e comportamental.


    Em maio de 1968, começaram as gravações do álbum que seria o manifesto musical do movimento, do qual participaram artistas como Gal Costa, Nara Leão, Os Mutantes, Tom Zé - além dos poetas Capinam e Torquato Neto e do maestro Rogério Duprat (responsável pelos arranjos do LP).

    A primeira música do álbum é "Miserere Nóbis", de Gil e Capinan. Na sequência vem "Coração Materno" - canção até então considerada de mau gosto. A faixa-título é interpretada pelo grupo paulista Os Mutantes, com sinais nítidos do conjunto: a psicodelia. "Baby", grande hit deste álbum, foi cantada por Gal Costa.

    A capa foi criada por Rubens Gerchman a partir de uma foto de Olivier Perroy. Rita Lee e Guilherme Araújo sugeriram a maior parte das roupas, de forma a predominarem tons de verde e amarelo. Gil aparece sentado no chão, repetindo a pose de Oswald de Andrade num retrato dos modernistas de 1922. Caetano segura um retrato de Nara, numa referência a fotos de grupos de artistas dadaístas de 1921. Tom Zé se veste como um homem da mala.

    • 12 min
    365 LPs Ep. 11 - Clara Nunes - Brasil Mestiço - EMI: 1980.

    365 LPs Ep. 11 - Clara Nunes - Brasil Mestiço - EMI: 1980.

    “Cantar é o único alento do trabalhador”. E é com esse canto doce de Clara Nunes que no episódio de hoje eu vou falar sobre Brasil Mestiço, álbum lançado pela cantora em 1980 pela EMI.

    Em julho de 1980, Clara começou a gravar Brasil Mestiço. Apesar do repertório estar fechado, ela ligou para Chico Buarque - com quem fez turnê ao lado de outros sambistas no continente africano para o projeto Kalunga - pedindo que ele compusesse uma música para ela, assim como havia lhe prometido durante a viagem. A música em questão era "Morena de Angola", faixa de abertura do disco e um dos maiores sucessos da cantora.

    Em sintonia com a concepção do álbum, a capa foi fotografada por Wilton Montenegro no morro da Serrinha, enquanto Clara dançava jongo com a ialorixá Vovó Maria Joana e com o Mestre Darcy do Jongo. Além de "Morena de Angola", Clara também emplacaria nas rádios a faixa "Sem Companhia", escolhida para a trilha sonora da novela Coração Alado, da Rede Globo. "Morena de Angola" e "Viola de Penedo" foram convertidas em videoclipes pelos produtores do Fantástico.

    Quase todas as canções do álbum ganhariam espaço nas rádios. No repertório, dois sambas de Candeia, três de Mauro Duarte (dois com Paulo César Pinheiro e um com Elton Medeiros) e um de Nelson Cavaquinho e Wilson Canegal, além de um partido-alto de Alberto Lonato, Josias e Maceió do Cavaco e um samba de quadra da Paraíso do Tuiuti, parceira entre Noca e Natal da Portela.

    Apoiado por um elaborado aparato midiático, Brasil Mestiço venderia mais de 500 mil cópias iniciais chegando a marca de 2 milhões de cópias vendidas, dando à cantora o sétimo disco de ouro de sua carreira. Com este álbum, Clara Nunes recebeu o Troféu Roquette Pinto de personalidade do ano na música.

    O álbum deu origem ao segundo espetáculo solo da carreira da cantora, intitulado Clara Mestiça. O show, com direção de Bibi Ferreira, roteiro de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós, estreou no dia 9 de janeiro de 1981. O espetáculo, ambientado num cenário concebido com base no primitivo, tinha início com o canto dos índios Craós e, em seguida, a cantora percorria vários gêneros da música popular brasileira, tais como partido-alto, baião, coco-de-roda, samba-canção, samba-enredo e marcha. Um grande sucesso de público e de crítica, Clara Mestiça ficou em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro, por sete meses e no Canecão-Anhembi, em São Paulo, por dois.

    • 9 min
    365 LPs Ep 10 - Raul Seixas - Gita - Philips: 1974

    365 LPs Ep 10 - Raul Seixas - Gita - Philips: 1974

    Gita é o terceiro álbum solo de Raul Seixas, gravado na Philips e lançado em 1974. É o álbum de maior sucesso da carreira de Raul, com 600 mil cópias vendidas, rendendo ao cantor seu primeiro disco de ouro.

    Recém-chegado do exílio, Raul posa para a capa do disco vestido de guerrilheiro com uma guitarra vermelha, numa provocação à ditadura militar brasileira, que o forçou a viver nos Estados Unidos na época.

    Acompanhado de Paulo Coelho, Raul compôs no álbum alguns de seus grandes sucessos, como "Gîtâ" (inspirada num livro sagrado hindu com mais de 6.000 anos, o Bhagavad Gita), "Sociedade Alternativa" (inspirada na obra de Aleister Crowley) e "Medo da Chuva", além de canções que contam apenas com sua autoria, como "O Trem das 7" e "S.O.S.".

    Outras faixas que falam sobre (ou ao menos mencionam) Aleister incluem a faixa-título, "Trem das Sete" e "Loteria da Bablônia" - esta última teve seu título inspirado por um conto de Jorge Luis Borges. "S.O.S." foi percebida por André Barcisnki como uma cópia de "Mr. Spaceman", dos The Byrds.

    Este álbum, assim como seu antecessor Krig-ha, Bandolo!, teve algumas de suas canções gravadas em inglês, com traduções de Marcelo Ramos Motta. Raul e Paulo objetivavam fazer sucesso nos Estados Unidos, mas a ideia de lançar as versões não se concretizou.

    Em meio à concepção de Gita, Raul Seixas e Paulo Coelho foram convidados pela Som Livre para compor a trilha sonora da novela da Rede Globo, "O Rebu", também lançada em álbum homônimo.

    • 7 min

Opiniões de clientes

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3 avaliações

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