Ver, ler e castionar Castioneiros

Em Zona de Interesse, o diretor Jonathan Glazer apresenta uma abordagem pouco explorada dos contornos monstruosos do holocausto: o cotidiano dos algozes.

Com isso, o filme se apresenta mais como uma profunda análise da condição humana do que um mero registro histórico.

De forma sutil, somos conclamados a experimentar a indigesta ausência do extraordinário no dia a dia da família Höss, algo que em um primeiro momento nos entedia, mas em um segundo nos tira o sossego dada a familiaridade.

Glazer parece falar do presente através do passado, ciente e cauteloso de que a única ferramenta possível para se tentar evitar a repetição de uma doutrina infame é a memória.

Venha sair da sua zona de conforto com a gente e debater esta provocativa obra.

Afinal, o que somos capazes de ignorar ou de tolerar em favor dos nossos próprios interesses?

Anatomia ou anatomie, deriva de dois vocábulos gregos, “ana” (parte) “tomnei” (cortar, seccionar), ou seja, analisar o objeto parte por parte.

E parece ser justamente isso que Justine Triet nos propõe nesta incrível peça cinematográfica.

O fato central da película, logo no início da trama, já se apresenta para estudo, vindo em decúbito dorsal, tal qual o corpo recentemente inanimado de Samuel.

E à medida em que as peças deste quebra cabeças vem sendo apresentadas, a cineasta propõe a reflexão de que, nas relações humanas, a realidade absoluta se revela inalcançável e, por isso, até mesmo prescindível. Aqui, o que se revela possível é a construção de uma realidade consensual e compartilhada, resultado do embate de narrativas, espólio das disputas de poder e da batalha de subjetividades.

Por fim, a queda deixa de ser meramente literal.

Vem com a gente debater este filmaço, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, que caiu nas graças do público e da crítica especializada.

O que inspirou o nosso debate foi o filme finlandês Folhas de Outono, do diretor e roteirista Aki Kaurismaki.

O longa foi vencedor do Prêmio do Juri no Festival de Cannes e é um nome forte para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional.

E não é para menos, afinal estamos diante de uma comédia romântica singela, inusitada e bastante carismática.

O filme conta sobre o encontro de duas almas solitárias, que tentam se aproximar apesar das dificuldades. O roteiro pode soar simples, mas rendeu uma bela castionada.

Vem com a gente!

Alô, Castiolândia! Hoje o que inspira o nosso debate é o podcast A Mulher da Casa Abandonada, criado pelo jornalista Chico Felitti e produzido pela Folha de São Paulo.

Estamos diante de um entretenimento? Sim, mas não apenas. O brilhante trabalho do Chico Felitti não entrega só suspense, mas uma verdadeira oportunidade de colocarmos luz na ferida histórica do Brasil, um país estruturado pela escravidão e que sobrevive na forma do racismo estrutural.

A história da mulher da casa abandonada viralizou, mas o grande mérito dessa produção jornalística foi ter colocado na boca do povo o conceito de trabalho escravo contemporâneo.

Avante, castionation! O progresso depende do nosso olhar crítico e é por isso que castionar nunca foi tão preciso!

Castionation, para esquentar os seus dias e, principalmente, o seu sofá, o VoP de Maio acabou de sair do forno. Como de costume, pegamos aquele seu sachê de dúvidas e fizemos um delicioso e aromático chá de certeza: famoso dedinho teleguiado no controle remoto. E nesse tempinho frio tá valendo milhões.

Taca-lhe play!!!

Tudo é rio, é correnteza, é fluxo. Não só de emoções, mas também na forma de ler o livro. Vontade de devorá-lo. Uma contradição, já que a escritora nos faz, ao mesmo tempo, querer descobrir o final da trama e degustar cada uma das palavras, que parecem se encaixar de forma perfeita, embora vá contar a história de um triângulo amoroso do jeito mais imperfeito - e, portanto, mais humano - possível.
Triângulo amoroso? Quer tema mais batido do que esse? O que há de mais genial nesse livro é justamente o fato de a escritora abordar o que tanto já foi dito, mas de um jeito único. Carla Madeira não facilita a vida do leitor, ela foge de um amor ideal. Ela mergulha no desamor, no ódio, na vingança e em tudo que pode interromper esse fluxo de emoções.
Venha navegar - ou mergulhar - nessa castionada que se deixou levar e desaguou em um profundo oceano.