Ecio Costa - Economia e Negócios

Ecio Costa
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  1. 5 DAYS AGO

    O Brasil se encaminha para uma situação complexa nas contas externas e pode ter que usar ainda mais suas reservas internacionais

    Em janeiro, o déficit em Transações Correntes foi de US$ 8,7 bilhões, quase o dobro do déficit de US$ 4,4 bilhões registrado no mesmo mês de 2024. Na comparação interanual, o superávit comercial recuou US$ 4,3 bilhões, enquanto o déficit em serviços aumentou US$ 1,0 bilhão. Nos doze meses encerrados em janeiro desse ano, o déficit em transações correntes atingiu US$ 65,4 bilhões (3,02% do PIB), ante US$ 61,2 bilhões (2,79% do PIB) no mês anterior e US$ 24,5 bilhões (1,11% do PIB) em janeiro de 2024. O superávit da balança comercial totalizou US$ 1,2 bilhão em janeiro de 2025, uma forte redução em relação aos US$ 5,6 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior. As exportações somaram US$ 25,4 bilhões, uma queda de 5,9%, enquanto as importações cresceram 12,8%, atingindo US$ 24,1 bilhões. Esse cenário reflete uma queda significativa da demanda externa por produtos brasileiros e um aumento preocupante da demanda doméstica por bens importados. O déficit na conta de serviços alcançou US$ 4,6 bilhões em janeiro desse ano, um crescimento de 28,9% em relação ao mesmo mês de 2024. As despesas líquidas com transportes somaram US$ 1,4 bilhão (aumento de 53,6%), impulsionadas pelo maior volume de importações e custos elevados de fretes. Os serviços de telecomunicação, computação e informações registraram despesas líquidas de US$ 1,0 bilhão (+22,0%), enquanto os serviços de propriedade intelectual tiveram despesas de US$ 768 milhões (+29,1%). O setor de viagens internacionais apresentou saldo negativo de US$ 1,0 bilhão (+13,1%), refletindo aumentos de 7,1% nas despesas e de 0,6% nas receitas. Os Investimentos Diretos no País (IDP) registraram ingressos líquidos de US$ 6,5 bilhões em janeiro de 2025, uma queda de 28,4% dos US$ 9,1 bilhões observados no mesmo mês de 2024. Desse total, US$ 4,7 bilhões vieram de participações no capital, enquanto as operações intercompanhia tiveram ingressos líquidos de US$ 1,8 bilhão. No acumulado de 12 meses, o IDP totalizou US$ 68,5 bilhões (3,16% do PIB), comparado a US$ 71,1 bilhões (3,25% do PIB) em dezembro de 2024 e US$ 66,6 bilhões (3,00% do PIB) em janeiro de 2024. As reservas internacionais encerraram janeiro em US$ 328,3 bilhões, uma redução de US$ 1,4 bilhão em relação ao mês anterior. A queda foi impactada pela liquidação de vendas à vista (US$ 1,8 bilhão) e pela concessão de linhas com recompra (US$ 2,0 bilhões). Essa redução refletiu o momento de fuga de capitais ocorrido no final do ano, quando o Banco Central precisou intervir no câmbio com a repercussão negativa do pacote de redução de gastos e preocupações contínuas com o fiscal. O forte aumento do saldo negativo do Balanço de Transações Correntes vem se refletindo por conta da queda significativa no saldo da balança comercial no ano passado e que continua em janeiro desse ano, combinada com um aumento expressivo do déficit de serviços. Esse resultado normalmente seria contrabalanceado com a entrada de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no país, mas janeiro teve uma queda significativa da entrada líquida de IED (-28,4%). O resultado pode levar à necessidade de ter que usar as reservas internacionais ainda mais e/ou recorrer a organismos internacionais, como o FMI, caso as reservas caiam drasticamente, para fechar as contas externas.

  2. 6 DAYS AGO

    Saldo positivo no Caged contrasta com aumento da Taxa de Desemprego

    O saldo líquido de empregos formais de janeiro foi positivo em 137.303 postos de trabalho. O resultado veio após a maior queda dos últimos 4 anos para o mês de dezembro. Já os dados da Taxa de Desemprego divulgados pelo IBGE para janeiro apresentaram um crescimento para 6,5% em janeiro, acima dos 6,2% registrados em dezembro, num caminho inverso. Ao analisar os setores da economia, quatro dos cinco grandes grupamentos de atividades apresentaram saldo positivo em empregos formais em janeiro. Indústria foi o destaque, com um crescimento de 70.428 empregos, seguida por Serviços (45.165), Construção (38.373) e Agropecuária (35.754). Em contrapartida, Comércio registrou um saldo negativo de -52.417 postos de trabalho, refletindo a sazonalidade após o final do ano. Regionalmente, quatro das cinco regiões do país apresentaram saldo positivo na criação de empregos. O Sul liderou o crescimento, com um saldo de 65.712 postos (0,76%), seguido pelo Centro-Oeste (44.363 postos, 1,06%), Sudeste (27.756 postos, 0,12%) e Norte (1.932 postos, 0,08%). O Nordeste foi a única região a registrar saldo negativo, com a perda de -2.671 postos de trabalho (-0,03%). Entre as Unidades da Federação, São Paulo foi o estado que mais gerou empregos formais, com um saldo positivo de 36.125 postos (0,25%). Outros estados com destaque foram Rio Grande do Sul (26.732 postos) e Santa Catarina (23.062 postos). Por outro lado, o Rio de Janeiro registrou a maior perda de empregos, com um saldo negativo de -12.960 postos (-0,33%), seguido por Pernambuco (-5.230 postos) e Pará (-2.203 postos). A taxa de desemprego subiu 0,3 ponto percentual em relação a dezembro, marcando a segunda alta consecutiva, após o menor índice da série histórica ter sido registrado em novembro. Na comparação anual, porém, houve uma queda de 1,1 ponto percentual, quando era de 7,6%. Em um ano, o número de pessoas procurando emprego caiu de 8,3 milhões para 7,2 milhões, mas de dezembro para janeiro subiu de 6,8 milhões. Os dados de janeiro mostram um mercado de trabalho aquecido, o que traz preocupações com relação à inflação e seu controle. Apesar da forte queda em dezembro do saldo de empregos formais e dois meses seguidos de elevação na Taxa de Desemprego, os sinais são de que a economia ainda está aquecida, pressionando a inflação, com medições recentes do IPCA indicando isso.

  3. FEB 26

    IPCA-15 de fevereiro tem a maior alta em 9 anos

    O IPCA-15 registrou alta de 1,23% em fevereiro, representando um avanço de 1,12 ponto percentual em relação à variação de janeiro (0,11%). Esse resultado configura a maior elevação mensal desde abril de 2022 (1,73%) e a mais intensa para um mês de fevereiro desde 2016 (1,42%). No acumulado de 12 meses, a inflação medida pelo IPCA-15 atingiu 4,96%, ultrapassando o teto da meta de inflação, fixado em 4,50%. Entre os nove grupos pesquisados, o segmento de Habitação exerceu a maior pressão sobre o índice, com alta de 4,34% e impacto de 0,63 ponto percentual. Em seguida, o grupo Educação registrou a maior variação, avançando 4,78% e contribuindo com 0,29 ponto percentual. As demais variações oscilaram entre a retração de -0,08% em Vestuário e o avanço de 0,61% em Alimentação e Bebidas. No grupo Habitação, o principal fator de alta foi o custo da energia elétrica residencial, que subiu 16,33% e contribuiu com 0,54 ponto percentual no índice geral, revertendo a queda de 15,46% observada em janeiro, impactada pelo bônus de Itaipu. Além disso, a tarifa de água e esgoto registrou acréscimo de 0,52%. O setor de Educação registrou a maior variação entre os grupos analisados, com alta de 4,78% e impacto de 0,29 ponto percentual no índice geral. O aumento reflete os reajustes anuais das mensalidades escolares, com destaque para os segmentos de ensino fundamental (7,50%), médio (7,26%) e superior (4,08%). A pressão sazonal nesse grupo é característica do início do ano letivo, quando os reajustes são tradicionalmente aplicados. No grupo Alimentação e Bebidas, que avançou 0,61% e contribuiu com 0,14 ponto percentual, a alimentação no domicílio registrou variação de 0,63%, desacelerando em relação ao crescimento de 1,10% em janeiro. Os principais itens responsáveis pelo avanço foram a cenoura (17,62%) e o café moído (11,63%), enquanto os ovos apresentaram alta de 2,56%. Já a alimentação fora do domicílio desacelerou, passando de 0,93% em janeiro para 0,56% em fevereiro, com a refeição (0,43%) e o lanche (0,77%) apresentando reajustes inferiores aos do mês anterior (0,96% e 0,98%, respectivamente). No grupo Transportes, a inflação foi de 0,44%, com impacto de 0,09 ponto porcentual. Os combustíveis apresentaram elevação de 1,88%, com destaque para as altas do etanol (3,22%), óleo diesel (2,42%) e gasolina (1,71%), enquanto o gás veicular registrou variação negativa de -0,41%. As passagens aéreas recuaram significativamente (-20,42%), enquanto o transporte urbano apresentou altas pressões, com reajustes em ônibus urbano (5,20%) e táxi (1,60%). Em termos regionais, todas as 11 áreas pesquisadas registraram avanço no IPCA-15 em fevereiro. A maior variação foi observada em Recife (1,49%), impulsionada pelas altas na energia elétrica residencial (14,78%) e na gasolina (3,74%). Em contrapartida, Goiânia apresentou o menor avanço (0,99%), devido à retração nas passagens aéreas (-26,67%) e na cotação do arroz (-2,67%). O cenário inflacionário segue bastante pressionado, com o IPCA superando a meta em 2024 e já passando deste patamar em 2025. Em resposta, o Banco Central elevou a taxa Selic para 13,25% ao ano em janeiro e indicou uma nova alta para 14,25% em março. Os juros básicos permanecem acima de 10% há três anos, e as projeções do mercado indicam que a taxa pode atingir 15% ainda em 2025, o maior patamar desde 2006.

  4. FEB 24

    Brasil gasta muito e mal

    O Brasil, segundo levantamento de 2022 do FMI, tem um gasto primário de 38,22% do PIB com serviços que oferece à população. Este patamar de gastos é superior ao de outros países emergentes, inclusive pares latino-americanos como Chile, México e Argentina, mas também China, África do Sul e Índia. O gasto primário inclui despesas com saúde, educação, segurança, abrange a previdência e, onde mora boa parte do problema, a máquina pública. A partir da Constituição de 1988, o Brasil fez a opção de manter um Estado de maior peso, sendo o setor público o provedor de todos esses serviços essenciais, com um sistema de saúde universal, Previdência Social muito abrangente, e programas sociais de transferência de renda expressivos, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Bolsa Família, com um custo que só tem aumentado ao longo das décadas, mas sem um retorno considerado favorável. O peso das despesas e sua falta de flexibilidade têm se mostrado um problema sério que precisa ser tratado. Enquanto o Brasil tem um gasto primário de 38,22% do PIB, a Argentina (35,2%) vive um momento de reorganização e diminuição dessas despesas, mas Chile (25,8%) e México (23,2%) apresentam níveis mais baixos e menos pressão sobre a arrecadação e o endividamento do país. A carga tributária atual do Brasil gira em torno de 35% do PIB, muito alta e bastante desigual, com inúmeras distorções, que travam o crescimento econômico. O déficit recorrente tem gerado um aumento expressivo do endividamento do país, com um aumento de 4,4 pontos percentuais em apenas 2 anos, passando de 71,7% em 2022 para 76,1% em 2024. A máquina pública precisa ser revisada e repensada. Os gastos com pessoal se mantêm muito elevados, com entregas ineficientes e sem o uso adequado de avanços tecnológicos, que levam a muita burocracia e reclamações constantes da população. Ou seja, a sensação é de que se paga muito imposto para pouco retorno. Acrescenta-se a isso a evolução significativa dos gastos com programas sociais, como Bolsa Família, BPC e Seguro Desemprego, que mostram um peso significativo no orçamento e trazem distorções no mercado de trabalho. Pelo lado da receita, os problemas vêm das inúmeras exceções criadas ao longo dos anos, que privilegiam determinados setores e regiões, travando a economia e mantendo uma carga tributária muito alta em produtos essenciais, como os combustíveis. Todos esses problemas têm se agravado ao longo dos anos, enrijecendo o orçamento do Estado, que fica sem recursos para fazer investimentos públicos. Investimentos que, muitas vezes, são ineficientes, caros e mal geridos. A mensagem que se constrói, e que precisa ser desfeita, é que o país não tem um horizonte saudável para o longo prazo, com uma máquina pública que irá falir em determinado momento.

  5. FEB 19

    Economia em 2025 está mesmo desacelerando?

    Dados recentes da economia brasileira mostram sinais de desaceleração no fim de 2024 e início de 2025. Dados do IBGE sobre o desempenho da indústria e do setor de serviços, do Caged no número excessivo de demissões líquidas em dezembro, como também do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) apontaram uma forte desaceleração da economia no final do ano. Isso pode e deve continuar em janeiro de 2025, quando forem divulgados os próximos dados referentes ao desempenho desses setores. A desaceleração é uma consequência direta da elevação da Selic ao longo do último ano, e essa tendência também deve continuar em 2025, pelo menos até a próxima reunião, quando a taxa pode chegar a 14,25%, conforme o forward guidance definido pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) há três reuniões. O movimento impacta o crédito, tornando-o mais caro, o que desacelera o financiamento imobiliário e a aquisição de bens financiados, como veículos. Além disso, reduz a produção, o que, por sua vez, desacelera a economia. Tudo isso tem como objetivo controlar a inflação, que aparentemente não deu trégua nos últimos meses. No Boletim Focus, pesquisa divulgada semanalmente com mais de 200 instituições financeiras do país, a projeção do IPCA para 2025 vem aumentando por 18 semanas consecutivas, aproximando-se cada vez mais dos 6%. Há também preocupações com a questão fiscal. No Brasil, o governo federal conseguiu cumprir a regra do arcabouço fiscal em 2024, graças a uma forte arrecadação que compensou o aumento expressivo dos gastos. O déficit ficou abaixo do limite de tolerância para baixo previsto para atingir a meta de déficit zero. No final do ano, houve alguma redução de despesas, conforme o pacote de ajuste fiscal, e essa tendência deve continuar ao longo de 2025, o que pode trazer algum alívio em relação à inflação causada pelo déficit fiscal. Ainda assim, será necessário observar como a economia se comportará para que um cenário mais favorável se concretize. Talvez, no segundo semestre, com a economia menos aquecida, a inflação mais próxima da meta e uma redução maior de despesas, que venha a aliviar o déficit atual, possa haver um horizonte mais claro para a redução das taxas de juros, permitindo uma retomada da atividade econômica. É importante lembrar que o ano que vem será de eleição presidencial. Normalmente, em anos eleitorais, o governo federal aumenta os gastos. Além disso, a popularidade do presidente está em baixa, segundo as últimas pesquisas – a menor entre todos os mandatos de Lula. Há especulações sobre a antecipação da campanha já para este ano. Caso isso aconteça, o cenário de redução de juros no segundo semestre ficaria ameaçado, pois os gastos tenderiam a crescer substancialmente, gerando mais inflação e, provavelmente, mantendo as taxas de juros elevadas para conter esse problema.

  6. FEB 17

    Atividade econômica tem forte queda no último mês de 2024

    O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, apontou uma queda de 0,7% no mês de dezembro, mas com um crescimento de 3,8% da economia em 2024. O resultado do acumulado do ano representa a maior alta desde 2021, quando a economia brasileira avançou 4,2% impulsionada pela recuperação do pós-pandemia. O IBC-Br é divulgado mensalmente pelo Banco Central, e é utilizado como uma ferramenta complementar na formulação de políticas monetárias, especialmente no monitoramento da taxa Selic. No mês de dezembro, a atividade econômica registrou uma queda de 0,7% em relação a novembro, mas avançou 2,4% na comparação com dezembro de 2023. No quarto trimestre de 2024, o índice indicou estabilidade (0,0%) em relação ao trimestre anterior, enquanto apresentou um crescimento de 4,4% em relação ao mesmo período de 2023. Esses números mostram que, apesar do desempenho positivo ao longo de 2024, o último trimestre e, mas especificamente o último mês do ano, foram de desaceleração econômica. Apesar do IBC-Br não ser a métrica oficial do PIB, calculado pelo IBGE, ele traz uma dinâmica mensal do desempenho da economia brasileira. No terceiro trimestre de 2024, a economia brasileira cresceu 0,9% em relação ao trimestre anterior, segundo o IBGE, acumulando uma alta de 3,1% nos últimos quatro trimestres. As estimativas do mercado apontam um crescimento de 3,5% para o PIB de 2024. Os dados do IBC-Br e os resultados recentes apontados pelo IBGE para os desempenhos dos setores de serviços, inclusive varejo, e indústria, indicam que o mês de dezembro apresentou forte recuo na atividade econômica brasileira. Os juros mais altos, o recrudescimento da inflação e o aumento da percepção de risco dos investidores podem ter influenciado esse resultado negativo, que pode trazer um carrego para o ano de 2025. O mercado já espera por um crescimento mais baixo em 2025, inclusive, próximo dos 2%.

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