O IPCA-15 registrou alta de 1,23% em fevereiro, representando um avanço de 1,12 ponto percentual em relação à variação de janeiro (0,11%). Esse resultado configura a maior elevação mensal desde abril de 2022 (1,73%) e a mais intensa para um mês de fevereiro desde 2016 (1,42%). No acumulado de 12 meses, a inflação medida pelo IPCA-15 atingiu 4,96%, ultrapassando o teto da meta de inflação, fixado em 4,50%. Entre os nove grupos pesquisados, o segmento de Habitação exerceu a maior pressão sobre o índice, com alta de 4,34% e impacto de 0,63 ponto percentual. Em seguida, o grupo Educação registrou a maior variação, avançando 4,78% e contribuindo com 0,29 ponto percentual. As demais variações oscilaram entre a retração de -0,08% em Vestuário e o avanço de 0,61% em Alimentação e Bebidas. No grupo Habitação, o principal fator de alta foi o custo da energia elétrica residencial, que subiu 16,33% e contribuiu com 0,54 ponto percentual no índice geral, revertendo a queda de 15,46% observada em janeiro, impactada pelo bônus de Itaipu. Além disso, a tarifa de água e esgoto registrou acréscimo de 0,52%. O setor de Educação registrou a maior variação entre os grupos analisados, com alta de 4,78% e impacto de 0,29 ponto percentual no índice geral. O aumento reflete os reajustes anuais das mensalidades escolares, com destaque para os segmentos de ensino fundamental (7,50%), médio (7,26%) e superior (4,08%). A pressão sazonal nesse grupo é característica do início do ano letivo, quando os reajustes são tradicionalmente aplicados. No grupo Alimentação e Bebidas, que avançou 0,61% e contribuiu com 0,14 ponto percentual, a alimentação no domicílio registrou variação de 0,63%, desacelerando em relação ao crescimento de 1,10% em janeiro. Os principais itens responsáveis pelo avanço foram a cenoura (17,62%) e o café moído (11,63%), enquanto os ovos apresentaram alta de 2,56%. Já a alimentação fora do domicílio desacelerou, passando de 0,93% em janeiro para 0,56% em fevereiro, com a refeição (0,43%) e o lanche (0,77%) apresentando reajustes inferiores aos do mês anterior (0,96% e 0,98%, respectivamente). No grupo Transportes, a inflação foi de 0,44%, com impacto de 0,09 ponto porcentual. Os combustíveis apresentaram elevação de 1,88%, com destaque para as altas do etanol (3,22%), óleo diesel (2,42%) e gasolina (1,71%), enquanto o gás veicular registrou variação negativa de -0,41%. As passagens aéreas recuaram significativamente (-20,42%), enquanto o transporte urbano apresentou altas pressões, com reajustes em ônibus urbano (5,20%) e táxi (1,60%). Em termos regionais, todas as 11 áreas pesquisadas registraram avanço no IPCA-15 em fevereiro. A maior variação foi observada em Recife (1,49%), impulsionada pelas altas na energia elétrica residencial (14,78%) e na gasolina (3,74%). Em contrapartida, Goiânia apresentou o menor avanço (0,99%), devido à retração nas passagens aéreas (-26,67%) e na cotação do arroz (-2,67%). O cenário inflacionário segue bastante pressionado, com o IPCA superando a meta em 2024 e já passando deste patamar em 2025. Em resposta, o Banco Central elevou a taxa Selic para 13,25% ao ano em janeiro e indicou uma nova alta para 14,25% em março. Os juros básicos permanecem acima de 10% há três anos, e as projeções do mercado indicam que a taxa pode atingir 15% ainda em 2025, o maior patamar desde 2006.