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  1. Como desacelerar a vida — com Helena Galante

    SEP 8

    Como desacelerar a vida — com Helena Galante

    E aí, tudo bem? É, eu sei. Corrido. Dizer isso que “tá corrido”, é quase que um aperto de mão secreto de quem vive em 2024, especialmente aqui em São Paulo, não sei como é aí onde você mora. Tá corrido, tem muita coisa acontecendo, não estou dando conta. Fora que isso é dito quase que com um ar de orgulho. “Tá puxado mas eu aguento”, como se por causa disso a gente merecesse um prêmio, um… bônus. E não é que tá corrido. Tá acelerado, que na aula de física a gente aprendeu que é quando a velocidade aumenta, metros por segundo por segundo, o ponteiro subindo mais e mais — porque foguete não tem ré. (Mas explode.) O resultado é que a gente não admite perder tempo e tudo vira motivo pra irritação. O tempo esperando o porteiro do prédio anotar nosso CPF é um minuto a menos produzindo na reunião. Outro dia um cara buzinou porque eu parei no sinal amarelo. “Dava pra ter passado!” Ou então o caixa de supermercado com a placa “atenção, funcionário em treinamento”, avisando que ali o atendimento vai ser mais lento do que o normal, desculpem a nossa falha. Além disso, você Já reparou que até no descanso a gente tenta ser produtivo? Quando vai sair de férias faz uma lista de todos os lugares que precisa ir, provavelmente pra postar foto no Instagram provando que foi lá. Que todos aqueles dias do ano correndo foram bem gastos ali, vendo o por do sol naquele lindo templo de meditação. Pronto, vai, cadê minha iluminação espiritual? E aí? Senta e chora? Tem saída? Dá pra desacelerar? Pra falar disso eu convidei essa semana minha querida amiga, a jornalista Helena Galante, que é diretora de portfólio de Claudia e Boa Forma, criadora do podcast Jornada da Calma; autora do livro “Jornada da Calma - Caminhos Possíveis para Viver com Menos Correria”; é TEDx Speaker e agora é, junto comigo e uma turminha do barulho, preparadora do TEDx Blumenau (o melhor TEDx da América Latina, sem clubismo). Você já entrou para o Clube de Cultura do Boa Noite Internet? Este mês estamos resumindo e conversando sobre o livro Quatro mil semanas: Gestão de tempo para mortais. Links e transcrição em https://boanoiteinternet.com.br/ This is a public episode. If you’d like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe

    1h 22m
  2. Viciados em dopamina — com Michel Alcoforado

    AUG 11

    Viciados em dopamina — com Michel Alcoforado

    Após um longo dia de trabalho mandando e-mail, escrevendo roteiro, aprovando edições, fazendo reunião, enfim, olhando para uma tela, nada melhor para relaxar do que… olhar para mais telas! Pode ser na TV, mas provavelmente no telefone. E muitas vezes no mesmo computador que trabalhei o dia todo, só que agora jogando. Tá, eu sei. Não precisa ser assim. Eu posso ler um livro, fazer… sei lá, artesanato? Só que eu não sei você, eu não consigo. Não dá. A cabeça não consegue focar, é que nada tem graça, é tudo um grande tédio. E quando a gente está com tédio, por menor que seja, faz o quê? Tira o telefone do bolso! Nem futebol eu consigo mais ver direito. Quem tem tempo de ver noventa minutos de pessoas correndo atrás de uma bola. Fora os intervalos! Como assim, intervalo? O resultado é que eu e muita gente acaba fazendo mais de uma coisa ao mesmo tempo. Olha para TV e para o telefone. Joga alguma coisa ouvindo podcast. (Eu sei que você está fazendo outra coisa enquanto ouve esse podcast aqui, tudo bem.) Será que a gente está viciado em dopamina? Segundo o crítico cultural americano Ted Gioia, em um artigo que ele publicou em fevereiro, a cultura mundial passou séculos produzindo arte, a criação pela criação em si, para agradar a Deus — ou o nobre que pagou as contas. Em algum ponto do século XX esta arte passou a ser entretenimento, precisou ser divertida, interessante. Foi mais ou menos nessa época, por exemplo, que a política mundial mudou e a gente passou a votar nos políticos mais carismáticos, que iam bem na TV, especialmente em debates. Até aí tudo bem! Quem não gosta de um filminho ou série divertida? O problema, segundo o Gioia, é que na hora que o controle da cultura sai de empresas de mídia e vai para empresas de tecnologia, o grande negócio, o big business passa a ser a distração. Aquelas coisas que a gente consome "só para passar o tempo". Só para dar uma risada, ou para ver que fofinho aquele cachorro. Não existe história, não existe arte, nem conversa, nem sentimento, só há reação, estímulo e conteúdo, essa palavra que nivela toda a produção cultural por baixo. Somos criadores de conteúdo, eu, o Luva de Pedreiro ou o Martin Scorsese. Se os “patronos das artes”, dos Medici de Florença aos Moreira Salles do Brasil eram admirados por usar sua fortuna em nome da arte, os bilionários de hoje são idolatrados pelo simples fato de serem ricos. Porque geraram valor, inventaram aplicativos e empresas que faturam bilhões. Não precisa de arte. E o melhor jeito de fazer isso é otimizando seus aplicativos para que a gente passe cada vez mais tempo neles, com constantes doses de dopamina, um neurotransmissor importante para nossa sobrevivência, mas que hoje nos deixa viciados em conteúdo vazio. Só tem um problema de falar nisso aqui. Se tem uma coisa que eu odeio é ser o cara do "antigamente é que era bom". Até porque não era. A TV tinha muita porcaria, a sociedade era muito mais cruel com quem não nasceu na família certa e por aí vai. Eu não quero ser o saudosista chato nem o podcaster que chega com uma lista de reclamações para mostrar como o mundo todo está errado. Porque isso também é parte da indústria de distração atual: usar nossos medos e vieses para gerar mais clicks, mais views. Por isso chamei para conversar esta semana o Michel Alcofrado, antropólogo e pesquisador de comportamento e cultura — tanto é que ele tem um podcast chamado É tudo culpa da cultura, além de ser palestrante, comentarista da rádio CBN, colunista do Uol e fundador do Grupo Consumoteca. Ele me ajudou muito a entender esse cenário atual, o que é verdade, o que é só exagero e o que é melhor eu só deixar acontecer. Além de tudo isso, o Michel também é o cara que me ajudou, no dia da entrevista, a arrumar na minha cabeça a nova novidade das Indústrias Boa Noite Internet, o nosso Clube de Cultura! Pois é. Funciona assim: todo mês a gente

    1h 13m
  3. Como envelhecer em uma sociedade jovem-cêntrica? — com Gisela Castro

    JUL 28

    Como envelhecer em uma sociedade jovem-cêntrica? — com Gisela Castro

    Imagine a seguinte situação: uma pessoa se candidata a uma vaga de emprego, mas logo no primeiro contato já recebe uma mensagem dizendo que não vai seguir adiante porque, sabe como é, essa vaga precisa de força, liderança, habilidade matemática, então… só estão procurando homens e ela, a candidata mulher, vai ficar de fora. Mas olha! Assim que tiver uma vaga assim mais no perfil dela, pode deixar que a gente entra em contato. Eu não estou dizendo que uma situação assim não exista, mas todo mundo concorda que é errado, né? Imagina isso sendo contado em, sei lá, um post revoltado no LinkedIn: todo mundo ia concordar que não pode. Certo? Certo. Vamos então rever essa história, mudando uma coisinha. “Oi, muito legal seu interesse por essa vaga, mas não vamos seguir com você nela, porque essa posição é mais mão na massa, estamos procurando alguém mais novo, que entenda de redes sociais e tecnologia. Quando aparecer uma vaga de presidente da empresa a gente te liga”. O Boa Noite Internet é uma publicação apoiada por leitores. Para receber novos posts e apoiar meu trabalho, considere tornar-se um assinante gratuito ou pago. A gente vive em uma sociedade jovemcêntrica, que associa atributos bons à juventude e ruins a quem é velho: ultrapassado, desatualizado, sem energia, fraco, acomodado. Tanto é que se você quer elogiar uma pessoa mais velha, você faz o quê? Diz que ela nem parece ter aquela idade! Tá com energia de um garoto! Olha ela, não tem nenhuma ruga. É a famosa “elofensa” a ofensa que a pessoa jura que é um elogio. Só que… como eu cruzei a linha dos 50 no ano passado, esse é um programa complicado pra mim. Porque eu não quero que pareça que eu estou dizendo que sou discriminado, uma vítima da sociedade… Até porque eu era, até outro dia, o gabarito do privilégio. Homem, branco, hétero, cis, sudestino… Que mais? Pode botar aí, eu sou. Só que agora eu estou começaaando a ter um gostinho do que é não ser mais o rei da cocada, o centro das atenções, a principal escolha. E também escuto cada vez mais histórias de amigos passando por situações assim. Saem de um emprego e não conseguem outro. Ou as mulheres, famosas ou anônimas, que fazem 40 e entram para a caixa "passou do auge". Tá proibido envelhecer! Se tudo der certo, todo mundo vai envelhecer um dia. Esse é um processo natural da vida que as pessoas — inclusive eu — deixa pra se preocupar só quando chega lá. Acha que vai ser diferente, que quando envelhecer tudo vai continuar como antes porque as pessoas vão ver que ela continua a mesma. Foi por ver que o mundo estava começando a me tratar diferente — do mercado de trabalho às propagandas — que a gente chamou para conversar no Boa Noite Internet dessa semana a Psicóloga e Doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ Gisela Castro, que tem pós-doutorado em Sociologia no Goldsmiths, University of London e é Professora Titular do Mestrado e Doutorado em Comunicação e Consumo da ESPM, São Paulo, com pesquisa sobre envelhecimento, longevidade e intergeracionalidade no contemporâneo. Se eu gosto de falar que o objetivo do Boa Noite Internet é quem escuta o programa sair pensando "ufa, eu não tô maluco sozinho", essa conversa foi mais uma delas. Foi mais um papo que me deixou muito feliz no fim, não só como podcaster, mas com o mundo mesmo, ver que as coisas têm jeito. Esse é um episódio que eu queria muito que fosse ouvido por gente que ainda se vê como jovem, até porque, uma das coisas que descobri no papo foi que… Tá, eu vou deixar a Gisela falar. Links no site boanoiteinternet.com.br This is a public episode. If you’d like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe

    1h 16m
  4. Cultura do cancelamento em 2024: como estamos? — com Pedro Tourinho

    JUL 14

    Cultura do cancelamento em 2024: como estamos? — com Pedro Tourinho

    Uma das cenas de filme mais marcantes da minha vida, do tipo pesadelo e trauma, é de um filme que vi com 5 anos: Superman, o Filme, sim, aquele com o Christopher Reeve, o melhor Superman. É logo no início, ainda em Krypton, quando o Pai do Super, o Marlon Brando, condena três criminosos a serem banidos para todo sempre na Zona Fantasma. A parte dessa cena que me deixou chocado é na hora que os três vilões são jogados na tal zona fantasma. Eles ficam em um círculo com uns bambolês em volta, a grande redoma que eles estavam abre, eles ficam em um facho de luz que vai até o espaço. Aí vem um… espelho espacial? Um quadrado brilhante, que passa por cima deles, que ficam presos ali naquele espaço apertado, as mãos no vidro, voando pelo espaço gritando de desespero. Aaaaaah, você me paga, Jorel!!! Como a gente vai ver no filme seguinte, o general Zod não era nenhum santo, eu não tava lá para ver, mas deve ter merecido. Mas aquele desespero de ficar ali preso naquele espelhinho sideral me marcou muito e é essa cena que me vem à cabeça quando em penso no tema dessa semana do Boa Noite Internet: cultura do cancelamento. Eu defendo já tem tempo que a internet deu voz a pessoas que nunca tiveram plataforma antes, gerando o que eu chamo de “eu não tô maluco sozinho”. As conversas online fizeram com que a gente conseguisse ver que um monte de coisa não era coincidência, “só um caso isolado” ou invenção da nossa cabeça. É por isso que eu digo que apesar de a gente adorar falar mal da internet, ela ainda tem um saldo positivo para o mundo. Em 10 anos a sociedade mudou radicalmente, por conta das conversas que aconteceram online. Eu defendo a internet e as xoxal redes como ferramenta de mudança. Só que, ao mesmo tempo… Eu sempre fiquei muito incomodado com a cultura do cancelamento, que é quando alguém faz alguma coisa considerada errada e então começa o que eu costumo chamar de “Tribunal da Internet”, onde o veredito é decidido e executado ali na hora, que nem em Krypton, só que no feed de alguma rede social, de preferência o Twitter. O que me incomoda nessa dinâmica é o sentimento de que a pessoa é culpada até prova em contrário, de que se ela foi acusada, coisa boa não fez. E que se você ousar ponderar, ei, peraí, não é bem assim… plau! Você também é culpado. E nessa eu vi muita gente que eu gosto ser cancelada sumariamente, o que foi um dos motivos de eu ter largado o Twitter já tem aí quase 2 anos. Mas… o tempo passa. A teoria vira prática e a gente descobre que as coisas não são tão simples assim. Daí, enquanto a gente estava montando a pauta dessa temporada do Boa Noite Internet, o tema “cultura do cancelamento” estava lá na lista e me fez lembrar que um cara que eu conheço já tem aí mais de 10 anos estava para lançar um livro sobre o assunto. Eu mandei um Zap pra saber como estava o projeto e descobri que ele ia lançar o livro na semana seguinte. Eu estou falando do Pedro Tourinho, que é comunicólogo e especialista em entretenimento e mídia. Ele já tinha escrito o livro “Eu, eu mesmo e minha selfie. Como cuidar da sua imagem no século XXI”. Foi meu chefe quando eu estava de saída do BuzzFeed ali no auge da loucura de 2020. Desde o início de 2023 o Pedro atua como Secretário de Cultura e Turismo de Salvador e agora acabou de lançar o livro “Ensaio sobre o cancelamento”. A gente correu, agendou o estúdio e agora você escuta esse papo sobre a origem da cultura do cancelamento, vê que de novidade ela não tem nada — a humanidade já cancela tem tempo — mas também o que ela traz de diferente agora e, principalmente, a parte que me fez querer falar desse assunto em 2024: entender o que mudou, o que a gente aprendeu nessa última década e, pra fechar, um guia prático pra quando for você a pessoa cancelada da vez. Porque um dia todos serão cancelados por 15 minutos. Inclusive eu, por conta desse programa. Sei lá, vamos v

    1h 12m
  5. A revolução dos psicodélicos — com Marcelo Leite

    JUN 16

    A revolução dos psicodélicos — com Marcelo Leite

    Era um sábado nublado em São Paulo. A gente estava no parque já tinha mais ou menos uma hora. Eu deitei na grama, sentindo uma… felicidade? Não sei. Mas era bom. As folhas das árvores em volta pareciam mais 3D do que o normal. Eu conseguia ver a distância entre cada folha e as outras, e eu nem estava tão perto assim das árvores. Aí eu olhei para cima… e vi. O teto do estúdio. Sabe Show de Truman, o Show da Vida? Onde o Jim Carrey descobre que ele passou a vida toda preso em um reality show? Pois é, eu vi o teto do estúdio. Só que como a gente está em 2024 e não em 1998 — que é quando o filme foi feito — o teto do estúdio não é feito de passarelas de metal e holofotes. A tecnologia é aquela do Mandalorian, uma grande tela de LED em volta de tudo, que se move para compensar a perspectiva da câmera. O céu, na verdade, é só uma tela de TV. Eu ri, porque eu sabia exatamente o que estava acontecendo e que, é claro, o céu não é de LED nem nada, era só uma ilusão visual criada pelo Psilocybe cubensis, o famoso “cogumelo mágico” que eu tinha ingerido na hora que estacionei o carro. Não que eu estivesse viajandão, muito louco nem nada, eu estava totalmente no controle de tudo que estava acontecendo. Tanto que um pouco antes, enquanto eu estava ali relaxado na grama, eu vi um cara suspeito vindo para o lado onde a gente estava e peguei rápido minha bolsa que estava dando bobeira no chão. Falar de cogumelos mágicos que nem a gente vai fazer hoje aqui no Boa Noite Internet — e falar também de outras substâncias psicoativas como LSD, ecstasy, ayahuasca é complicado. Porque a gente está entrando no território da ilegalidade ou, pelo menos, da não regulamentação. Não pode. Quer dizer, pode. Porque Psilocybe cubensis dá em qualquer lugar e o Brasil não tem regulamentação específica sobre cogumelos. Mas eu não sei de nada, não estou falando para você fazer nada, tá? Tudo o que eu posso dizer é que o cogumelo mágico mudou a minha vida. Eu hoje em dia faço microdose, uma quantidade de cogumelo que não causa efeito nenhum, não vejo teto do Show de Truman nem nada, mas eu fico… Bem. Quem me ajudou a entender isso inclusive foi uma conversa que rolou no Discord do Boa Noite Internet enquanto o pessoal trocava ideia sobre psicodélicos. Na época da conversa eu já estava começando na microdose, achava legal, mas não sabia o porquê. Aí veio a informação que explodiu a minha cabeça: um dos lugares onde o cogumelo mágico mais atua é na rede de modo padrão, que sim, você já ouviu eu falar dela aqui no Boa Noite Internet, no episódio A voz na minha cabeça. A rede de modo padrão é a parte do cérebro que controla o ego e, por isso, gera essa desgraçada dessa voz. E com a microdose, não é que elas sumiram, não é que nunca mais tive ansiedade nem depressão… Mas deu uma acalmada. Às vezes ela fica só falando amenidades e me deixa em paz. O bom daquele dia no parque não foi ver o teto do show da vida nem nada. Foi ter uma pequena amostra de um efeito famoso dos psicodélicos: a dissolução do ego. Cada pessoa tem a sua experiência, cada um é seu cada um, mas no meu caso foi entender que eu não sou nada, eu só estou. Que viver é pular de um estado para outro e que — pelo menos ali vivendo a magia do cogumelo — eu podia deixar de ser o que eu acho que sou e… mudar. Não que eu vá “manifestar” que agora eu um rico CEO, nada disso. É só que a gente não precisa se prender a estados emocionais. No fim da viagem — que, de novo, foi totalmente sob controle, eu sabia exatamente o que estava acontecendo, eu não vi elefante rosa nem nada — quando acabou eu entendi a expressão “abraçar árvore”, porque eu estava com uma vontade real de agradecer a companhia de uma árvore que ficava perto de onde eu estava. Eu entendi que eu e ela não somos muito diferentes. Depois desse dia eu virei o quê? Eu virei o cara chato que só fala de cogumel

    1h 27m
  6. A mercantilização da identidade — com Issaaf Karhawi

    JUN 2

    A mercantilização da identidade — com Issaaf Karhawi

    Uma manchete de abril de 2023 do Extra alertava: "Brasil já tem mais influenciadores digitais do que advogados e médicos". Os números vieram de uma pesquisa da Nielsen feita em 2022 e falam de mais de 10 milhões de pessoas que se dizem criadores de conteúdo, o que daria oito vezes mais do que advogados e 20 vezes mais do que médicos. Essa é uma conta bem injusta. Para se dizer creator você só precisa ter uma conta em aplicativo, não precisa de anos de faculdade nem prova da OAB. Mas enfim, taí o dado. O Brasil é o segundo país do mundo com mais influenciadores, creators, blogueiros… cada um chama de um jeito e só isso já dava assunto para um podcast inteiro. O que importa é que viver da própria imagem — em tempo integral ou não — virou um meio de vida que muita gente resolveu seguir no Brasil. Ser famoso, chamar a atenção, ter muitos seguidores… e depois vender essa influência para patrocinadores. Por exemplo, o BBB — que terminou na semana em que esta entrevista foi gravada. A gente costuma falar que as pessoas entram no BBB para virar ex-BBB. Já se entra na casa com um plano de mídia, equipes do lado de fora e até contratos pré-assinados com a própria Globo. É fora da casa que o dinheiro de verdade vem. E esse dinheiro vem de vender a própria identidade. É viver de um jeito que seja atraente para patrocinadores. Falar — e não falar — de certos assuntos. Ser de um jeito. Não é um personagem. É colocar a vida na prateleira. Para entender tudo isso, eu chamei para conversar a Issaaf Karhawi, que é jornalista, mestre e doutora em Ciências da Comunicação pela USP e que desde 2014 pesquisa a cultura dos influenciadores digitais no Brasil. Hoje em dia ela é professora titular do Programa de pós-graduação em Comunicação da Universidade Paulista e pesquisadora em comunicação digital no COM+. Todo essa investigação dela virou o livro "De blogueira a influenciadora", onde ela estudou blogueiras de moda, mas como você vai ouvir no papo, serve para qualquer tipo de creator. Boa Noite Internet é uma publicação apoiada por leitores. Para receber novos posts e apoiar meu trabalho, considere tornar-se assinante, gratuito ou pago. This is a public episode. If you’d like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe

    58 min
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